Relações Internacionais

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE MESTRADO EM HISTÓRIA E ESTUDOS CULTURAIS

Disciplina: Globalização, Interculturalidade e Informação.

Profº Dr. Maurício Souza

Mestranda: Neusa Pivotto Rodrigues.

RELAÇÕES INTERNACIONAIS: A MIGRAÇÃO DAS MULHERES HAITIANAS PARA O BRASIL

PORTO VELHO/RO

2015

RESUMO

Este ensaio faz uma abordagem, sobre as relações internacionais e as migrações das mulheres haitianas para o Brasil, partindo da perspectiva feminista da compreensão desse elemento relacionado à questão de gênero e grupos  marginalizados nas relações internacionais. Uma das causam que impulsionam as migrações é a globalização que viabiliza o surgimento de uma maior mobilidade e informação às pessoas, além de outros fatores tais como; situação econômica e instabilidade do Haiti falta de empregos e oportunidades, e a busca por melhores condições de vida.

Palavras Chave: Mulheres; Migração; Relações Internacionais.

RESUME

This essay is an approach on international relations and migration of Haitian women to Brazil, starting from the standpoint of understanding this element related to gender and marginalized groups in international relations. One of the causes that drive migration is globalization that enables the emergence of greater mobility and information to people, as well as other factors such as; economic situation and instability in Haiti lack of jobs and opportunities, and the search for better living conditions.

Keywords: Women; Migration; International Relations

1 INTRODUÇÃO

O Haiti é considerado o país mais pobre das Américas e com isso as chances de ascensão social das mulheres haitianas são mínimas. A desigualdade de gênero no Haiti é visível, e no que se refere à migração o homem está no grupo  preferencial, pois cultiva vários hábitos e valores que os tornam mais capacitados à migração e às escolhas de rotas migratórias, enquanto que as mulheres exercem um papel fundamental no país, pois se constituem no sustentáculo da economia informal da sociedade haitiana. Entretanto, apesar dessa importante contribuição, os homens é que têm a última palavra, isto é, percebe-se uma cultura machista, onde a mulher é submissa à vontade dos maridos, ou companheiros, mesmo com os diversos movimentos feministas existentes no país.

Segundo Bordieu, a divisão entre sexos parece estar na ordem das coisas (....) ela está presente em todo o mundo social, e em estado incorporado nos corpos e nos hábitos dos agentes, funcionando como sistemas de esquemas de percepção de pensamento e de ação. (BORDIEU, 1999, P. 17).

Essa dominação masculina para a maioria das mulheres haitianas é um comportamento natural, até pela falta de conscientização, escolaridade, e exclusão social e o fato da maioria da população feminina falar apenas o crioulo.

Assim, essas mulheres são as que têm as menores condições de imigrar e com isso vivenciam a pobreza e a exclusão. O fato de a língua formal ser o francês falado apenas por 5% da população afeta diretamente o acesso das mulheres à educação formal, ocasionando, assim, um grupo mais vulnerável.

Os elementos que impulsionam a migração feminina têm em suas bases fatores tais como: desemprego, situação precária, falta de reconhecimento, discriminação, vulnerabilidade, entre outras. Esses elementos caracterizam as situações vivenciadas por mulheres de diferentes classes sociais, principalmente as menos favorecidas a optarem pela migração internacional.  Existem fatores notadamente femininos, como o caso da pobreza, e a falta de a oportunidades, a  violência, a opressão contra a mulher dentro do próprio núcleo familiar e comunitário, assim a vontade de se emancipar e realizar seus sonhos instiga a mulher a imigrar.(DUTRA, 2013, p. 180).

Segundo Bordieu, (1999, p. 137):

A dominação masculina é uma expressão de poder que comporta uma dimensão na qual o polo dominado da relação, a mulher, submete-se à uma forma de adesão que não é fruto de uma decisão deliberada, ou de consciências esclarecidas, mas sim de uma submissão de corpos socializados.

Essa dominação é um dos fatores que faz com que várias mulheres deixem seus lugares de origem, as famílias e quaisquer vínculos afetivos, em busca de um caminho, que lhes proporcione melhores oportunidades de vida, e também liberdade, e consequentemente a construção de uma nova identidade. Segundo Hall, a discussão sobre o conceito de identidade sinaliza para uma construção nunca completa, porém sempre em processo. (HALL, 2009, p. 103)

A situação econômica da outrora colônia francesa rica, e conhecida como Perola das Antilhas, é desoladora.  A falta de empregos, a pobreza, a violência, a corrupção acarretaram que muitas pessoas do Haiti migrassem para outros países a procura de melhores oportunidades de trabalho e condições de vida ao longo da história haitiana, entretanto o terremoto de 2010 ocasionou um surto de migrações para o Brasil, inclusive de mulheres haitianas que será tema do próximo tópico a ser abordado.

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2 Relações Internacionais: A Migração Das Mulheres Haitianas Para O Brasil

Na formação histórica do Brasil pode-se perceber uma grande mobilidade humana no território. A imagem do país no âmbito internacional cresceu positivamente o que fez aumentar o número de migrantes nos pais. Muitas pessoas migram com o objetivo de encontrar melhores condições de vida no Brasil pelo fato de este apresentar um crescimento econômico relativo nas últimas décadas, e assim as pessoas acreditam ter a oportunidade de uma vida melhor do que em seus países de origem.

Ao se pensar a migração das mulheres haitianas para o Brasil, percebe-se uma relação com a compreensão da perspectiva feminista, no que se refere a preocupação com a questão de gênero e grupos marginalizados nas relações internacionais. Segundo Olsson (2001, p. 45), é a luta pelo espaço que, em última instância, é uma disputa por melhores condições de vida, buscando meios para melhor atender às necessidades sociais emergentes.

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