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Teoria das Relações Internacionais

Por:   •  3/12/2015  •  Resenha  •  5.146 Palavras (21 Páginas)  •  575 Visualizações

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Paz e Guerra entre as Nações - Raymond Aron

Aron é um pensador liberal, considerado o expoente da disciplina na França, está inserido numa intersecção do realismo e o que viria a ser o cientificismo; foca, principalmente, na Guerra Fria neste livro, apesar de ter um caráter multidisciplinar, é um teórico-histórico e tem a percepção de um sistema internacional. Critica o pensamento marxista e é adepto ao liberalismo moderado, não acreditando no idealismo da paz perpétua por ser cético, afirma que a guerra é um elemento necessário do aspecto da realidade social porque, por uma análise histórica, é observado o conflito nas sociedades.

Promove, assim, uma dialética da moral liberal e a demanda histórica de conflito: ética de responsabilidade do estadista (influência de Weber); negociar diante dos conflitos – Morgenthau afirma que, quando em conflito, o princípio que vale é do mal menor. Aron critica o método dedutivo- hipotético, pois afirma que na política internacional não há um objetivo pré- definido, e sim a inserção no contexto histórico internacional, que varia assim como os objetivos (radicalmente oposto a Morgenthau que vê o poder como objetivo final e, assim, excluí a ideologia de ser um objetivo final); para ele, o poder não é o único objetivo final, pode ser o meio pelo qual se atingir outro fim, assim, acredita na ideologia como objetivo final.

Tem a preocupação de isolar um âmbito específico a um sistema internacional (multi ou bipolar), não sempre num sistema global, mas também regionais e etc., que tem como características básicas para formar essas unidades sistêmicas os meios organizados de competição entre elas. Diferencia a política internacional da doméstica (característica do cientificismo), ao contrário de Carr e Morgenthau que consideravam a política externa como reflexo da interna. Contempla, também, a ideia incipiente de um sistema internacional ao falar de “multiplicidade de centros de decisão

autônomos onde há o risco de guerra”; essa diferenciação ocorre pautada num tipo ideal estratégico-diplomático de comportamento, que desenha as temáticas na política interna – há, portanto, conceitos exclusivos para a política externa. Pontua o conhecimento inserido numa sociologia histórica, rejeitando a previsão da política e afirmando que a teoria serve para separar a eventualidade da causa, por meio de uma análise histórica e contextual dos fatos. Diz que os realistas excluem as práticas da economia internacional da dinâmica dos Estados, o que é um erro, no seu ponto de vista, por isso se preocupa a levar a economia mundial em consideração, pois o desenvolvimento industrial é relacionado com o desenvolvimento das relações interestatais.

Segundo Hoffman, as principais contribuições de Aron fora entender a Guerra Fria como necessária e única; o impacto das armas nucleares na dinâmica das políticas internacionais, por considerar que mesmo com a posse de tais armas, ainda há armas bélicas convencionais sendo usada nos conflitos, não mudando, pois, o caráter das Relações Internacionais e dos conflitos; sua percepção de que a Guerra Fria gerou um impasse com a questão das armas nucleares (que não fora resolvido até os dias atuais); introduz a ambiguidade da dissuasão pela qual usa a arma nuclear para evitar que o inimigo tome decisões violentas, contudo, por haver um equilíbrio entre os atores (que possuem as armas nucleares), a possibilidade das relações se tornarem mais ambíguas é maior, assim como o elemento numérico tem importância reduzida (quem se importa em quantas armas nucleares ou exército alguém tem se basta poucos para explodirem o planeta?) e o cálculo da determinação de destruição do inimigo; o desenvolvimento defensivo maior para acabar com a dissuasão leva ao uso de elementos psicológicos como a propaganda – em consequência, acredita que a política de alianças perde sua importância.

Entende, então, a criação de impasses por causa dessa dissuasão: quanto maior for a capacidade de dissuasão, menor a probabilidade de guerra, porem maior a capacidade de guerra total; quanto maior a capacidade de dissuasão, maior a capacidade de “pequenas” guerras [secundárias, periféricas] se multiplicam – o local e o global estão intrínsecos um ao outro.

No capítulo “Dialética da Paz e da Guerra”, Aron é discípulo de Kant ao considerar a paz como negativa, ou seja, a paz sendo a ausência da guerra (as opposed to paz para os idealistas que é positiva, uma elevação da moral e racionalidade humana), e que esta, portanto, é um objetivo razoável de todos; assim, discorre, o princípio da paz é o mesmo que o da guerra, um precisa do outro para existir. Ele define potência como relação entre diferentes unidades políticas de conseguirem influenciar/agirem sobre outras e acha necessário traçar os diferentes tipos de força entre as partes, por isso define três tipologias:

1. Motivos da Guerra e Princípios da Paz

  1. Paz de Potência (a) e Guerras (b)
    a. Equilíbrio (i); Hegemônica (ii) [não conquista, nem retira a

autonomia política]; Império (iii) [retira autonomia política] b. Interestatais (iv), baseadas nas forças, sem influência de paixões ou técnicas, entre Estado reconhecidos mutuamente; Superestatais (v), eliminação de unidades e construção de um Estado maior (imperais, conquistadoras); Infra-estatais/infra-imperiais (vi), manutenção ou decomposição de uma unidade política (geralmente começam como guerras civis, as mais cruéis para Aron);

  1. Paz de Impotência
    Mantida pela paz do terror, impossibilita o exercício de dominação de um pelo outro; não há desigualdade de capacidade, a guerra se torna, assim, insensata; é imperfeita pelas vulnerabilidades dos meios de represália, incerteza das capacidades de defesa e do nível de destruição tolerada pela humanidade;
  2. Paz de Satisfação

Fim da ambição de extensões e domínios; só poderá existir se for adotada por todos, provavelmente revolucionaria os princípios das Relações Internacionais, no qual o âmbito internacional seria seguro e, haveria, assim, a possibilidade de construir um Estado

Universal ou de viver sob a luz de um Império da Lei Internacional [pouco provável tho]

2. Natureza das Unidades Políticas e seus Objetivos (fins)

Ideais históricos; variam os objetivos e princípios de legitimidade.

3. Meio das Armas e Aparato Militar

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