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Filhos Pastores

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Por:   •  15/9/2014  •  1.283 Palavras (6 Páginas)  •  344 Visualizações

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Filhos de pastores

Baseada em experiência própria, teóloga avalia a vivência de fé de filhos de pastores. Em entrevista à Enfoque, a pernambucana Késia Adriany analisa a cobrança excessiva para ser ‘vitrine doutrinária’ que a família pastoral, em especial os filhos de pastores, é obrigada a ser.

A cultura popular afirma que “filho de peixe, peixinho é”. No teatro, na música ou outras profissões, a hereditariedade no talento muitas vezes ocorre muito bem. Mas quando o assunto é fé e religião, nem sempre o ditado se aplica. Como no caso de filhos de pastores que não se sentem vocacionados para o ministério pastoral, sequer chamados para serem o exemplo perfeito de quem convive em uma família de pastor.

Assim foi com a pernambucana Késia Adriany.

Natural de Serra Talhada, passou um bom tempo conhecendo o país na implantação de igrejas. Morou no Ceará, trabalhou em Juazeiro do Norte e transferiu-se para o Rio de Janeiro. A pedagoga de 33 anos, teóloga, pós-graduada em gestão educacional, conhece bem o fardo que a família pastoral carrega. Filha de pastor, com cinco irmãos, apenas ela seguiu a carreira ministerial. Os outros filhos conseguiram escapar do que chama "pressão ministerial".

Mas seu sorriso cativante de hoje esconde um passado de muitas lágrimas e cobranças. Késia, que aos 14 anos chegou a questionar a existência de Deus ao pai devido à sua insegurança cristã, resolveu reunir outras histórias tristes e colocá-las em livro. Com quase duas décadas de estudos, a teóloga presbiteriana ainda está à procura de editora. Com o esboço à mão, ela fala sobre como alguns filhos não agüentaram "ser uma vitrine doutrinária". Nesta entrevista, ela analisa a nem tão tranqüila relação de pastores e seus filhos e a conversão de fé destes. Késia demonstra sua visão bíblica e algumas respostas, não definitivas, e sinaliza alguns segredos. Ela vai além e critica as lideranças por não prepararem pastores e igrejas para lidar com esse problema.

ENFOQUE - É complicado para um filho de pastor ter sua própria experiência em Cristo?

KÉSIA ADRIANY - Penso que sim. Desde a adolescência eu percebia isso. Aos 14 anos gostava de ouvir o testemunho de conversão do meu avô. Ele cantava um hino que dizia que Jesus havia lhe tirado do lamaçal do pecado. Um dia falei à minha mãe que queria conhecer este lamaçal. Questionava como Deus me salvaria se nunca havia pecado devido à grande redoma de proteção. Eu falava a mim mesma: “Jesus morreu por mim? Por quê? Eu não fiz nada, eu não peco.” Isso precisa ser trabalhado com o filho de pastor: que há uma mensagem de salvação a ele, seja quem for, rico ou pobre. Quando esse processo de conversão aconteceu comigo, percebi quantos filhos de pastores sofriam com esse mesmo dilema.

ENFOQUE - A partir disso, o que houve?

KÉSIA ADRIANY - Eu comecei a procurar histórias de outros filhos de pastores na internet e divulguei-as entre as famílias. Logo passei a receber muitos depoimentos. Até hoje, em quase duas décadas, foram catalogadas mais de cem histórias. Algumas dessas pessoas pediam para mantê-las em sigilo. No entanto, outras pediam para divulgar tudo abertamente porque sofreram muito e não queriam que outros passassem pelos mesmos problemas. Já muitos pais também me enviaram histórias e se queixaram de que, se pudessem, começariam tudo novamente e de outra maneira.

ENFOQUE - Nesses relatos, qual foi a maior reclamação?

KÉSIA ADRIANY - Deparei com casos de filhos de pastores que, por conta dessa quase imposição para também serem pastores, assumiram igrejas e hoje são frustrados. Sentiram-se enganados. E acabaram enganando outras vidas. O púlpito não é legado de propriedade. A herança que o pai pastor deixa para o filho é uma vida honesta e íntegra diante de Deus.

Em minha pesquisa, que desemboca no livro que estou escrevendo, não questiono a educação que o pai pastor dá a seu filho e, sim, essa experiência de fé. Porque muitos filhos de pastores apenas reproduzem o que aprenderam. Cantam, louvam e até pregam. Todavia, muitos não sabem de fato quem é Deus.

ENFOQUE - Acha que isso é quase um treinamento de fé?

KÉSIA ADRIANY - Por minha experiência pessoal, posso dizer que isso é um treinamento. Alguns pais condicionam o filho a fazer aquilo. Só que em matéria de fé é diferente. É prejudicial, pois pode gerar cidadãos que enganam a si mesmos. Vestem uma carapuça que não escolheram. Sofrem com a cobrança para serem modelos de sucesso só porque seus pais foram. É uma ligação prejudicial porque mistura fé, profissão e futuro.

ENFOQUE - O que mais encontrou nesses relatos?

KÉSIA ADRIANY - Encontrei desabafos, como: “Quero ser

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