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O Comentário ao Tratado da Oração de Tertuliano

Por:   •  15/10/2020  •  Artigo  •  1.331 Palavras (6 Páginas)  •  164 Visualizações

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TRABALHO DA DISCIPLINA INTRODUÇÃO À ORAÇÃO

PROFESSOR: Dom Miguel Laroca, OSB

ALUNO: Ir. Fabio José da Silva

APONTAMENTOS DO TRATADO SOBRE A ORAÇÃO DE TERTULIANO

(DE ORATIONES)

Tertuliano é considerado uma testemunha interessante dos primórdios da Igreja, quando os cristãos começaram a ser sujeitos da “nova cultura” quando confrontados com a herança clássica.

De Oratione (Da Oração) é uma obra composta, por 29 capítulos, foi redigida, entre 198- 200, sendo o mais antigo comentário do pai-nosso. Dirigido a cristandade, contendo orientações para vida cristã, o formato da obra é predominantemente prático.

Neste tratado, podemos notar que não se percebe nele praticamente influência filosófica, tendo em vista sua repulsa em pensar a teologia nos âmbitos de categorias filosóficas. Seu tratado é apresentado de modo exegético e prático.

Na introdução o autor apresenta a tese de que Cristo fixou no Novo Testamento uma forma nova de oração, que segundo ele é mais espiritual. Em seguida ele parafraseia e comenta o Pater dividindo ele em versículos. Muitos estudiosos apontam este comentário como o mais antigo que temos em nossos dias.

Tertuliano reúne em torno a cada petição citações extraídas em grande maioria do Novo Testamento. O Pater é apresentado em sua perspectiva como o resumo de todo o Evangelho.  Sua interpretação está orientada nas categorias da moral:

Santificado seja o teu nome”:

Tertuliano ressalta que

“pedimos, na realidade, que ele seja santificado em nós, que o ouvimos, e também naqueles que Deus ainda aguarda com a sua graça” (cap. III, 4).

Seja feita a tua vontade no céu e na terra

Neste verso segundo ele

desejamos o melhor para nós mesmos, pois não há mal algum na vontade de Deus, mesmo se ele pune alguém por seus pecados que o contrapõe, de certo modo, ao que é santo” (cap. IV, 4).

Venha o teu Reino

Aqui ele ressalta também que “este pedido, como o anterior, refere-se a nós e significa: “Venha a nós o teu Reino” (cap. V, 1).

No verso “Dá-nos hoje o nosso pão cotidiano” Tertuliano aponta que este pão pode ser aplicado a Cristo e ao seu Corpo eucarístico, contudo também deve ser entendido no sentido literal, ou seja, segundo sua perspectiva devemos nos contentar com o necessário e não viver preocupados com o amanhã (cf. cap. VI, 1-4).

O tratado também apresenta alguns deveres (officia), que são reunidos, a saber: homenagem a Deus no título de Pai, testificação da fé na menção do Nome, oferenda de submissão na menção da vontade, chamada a esperança em referência com o reino, petição da vida em relação com o pão, confissão de nossas dívidas em sua súplica, vigilância contra as tentações na petição de proteção (cf. cap. IX, 1-2) .

Na sequência Tertuliano se detém brevemente com algumas questões práticas em seu tratado, a saber:

  1. preparação para a oração mediante a reconciliação com os irmãos, a fim de permanecer na paz e na pureza de coração (cf. cap. X-XIV).
  2. Não tirar o manto para orar, que segundo ele é um costume pagão (cf. cap. XV, 2).
  3. Não permanecer sentado durante a oração, pois segundo ele é considerado desrespeitoso a sentar-se diante de uma pessoa pela qual tem maior respeito e veneração, principalmente será  irreligioso assentar-se em face do Deus vivo (cf. cap. XVI, 6).
  4. Não levantar as mãos demasiadamente, nem orar com a voz muito alta, pois nossas preces devem ser pautadas pela modéstia e pela humildade (cf. cap. XVII, 1-3).
  5. Não se esquivar do ósculo da paz, e nem da comunhão nos dias de jejum (cf. caps. XVIII-XIX).
  6. O autor também insiste na indumentária das mulheres, ou seja, que as virgem levem consigo o seu véu (cf. caps. XX-XXII).
  7. Regula a prática de se ajoelhar durante a oração (cf. cap. XXIII).
  8. Sem impor prescrições estritas, prescreve momentos de oração e ocasiões para orar (cf. caps XXIV-XXVI).
  9. Louva os que concluem as orações com um Aleluia ou um Salmo (cf. cap. XXVII).

O tratado é finalizado com uma comparação entre os sacrifícios do Antigo Testamento e a oração cristã, que é o verdadeiro sacrifício espiritual.

Celebra a eficácia da oração:

[...] oração que lava os pecados,  repele as tentações, extingue as perseguições, dá coragem aos covardes, alegra os fortes, conduz a casa dos peregrinos, acalma as ondas do mar, faz medo aos malfeitores, alimenta os pobres, governos ricos, levanta os que caíram, mantém firme os que vacilam, conserva os que estão de pé” (XXIX, 2).

No combate espiritual:

A oração é o baluarte da fé, nela temos as armas e os dardos contra o inimigo que nos espreita de todos os lados. Assim, pois, jamais andemos desprevenidos. De dia, lembremo-nos de estar de prontidão; à noite, recordemo-nos das vigílias. Guardemos com as armas da oração a bandeira do nosso imperador, e orando esperemos a trombeta do anjo (XXIX, 3).

Também, toda a criação ora a sua maneira:

Oram também todos os anjos, oram todas as criaturas, oram os rebanhos e as feras [...] Até as aves despertam, elevam-se para o céu, asas abertas - mãos estendidas - uma cruz. Qualquer coisa sussurram. Seria oração” (XXIIX, 4).

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