ANÁLISE DESCRITIVA E INTERPRETATIVA DO ROMANCE A HORA DA ESTRELA DE CLARICE LISPECTOR

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – CCHL

DEPARTAMENTO DE LETRAS – DL

DISCIPLINA: TEORIA DA LITERATURA II

PROFESSORA: LÍVIA SOARES

PERÍODO: 2014.2

ANÁLISE DESCRITIVA E ANÁLISE INTERPRETATIVA DO ROMANCE

“A HORA DA ESTRELA”, DE CLARICE LISPECTOR.

Raimunda Conceição Silva

Rosângela Gomes da S. Araújo

TERESINA, OUTUBRO DE 2014.

ANÁLISE DESCRITIVA E INTERPRETATIVA DO ROMANCE

“A HORA DA ESTRELA”, DE CLARICE LISPERCTOR

Raimunda Conceição Silva

Rosângela Gomes Araújo Silva¹

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo central apresentar a análise descritiva e a análise interpretativa de uma importante obra literária brasileira, a saber, A hora da estrela, cuja autora é Clarice Lispector.

Dessa forma, a escritora Clarice Lispector, com seu estilo intimista, acabou marcando a terceira fase do modernismo, também chamado “Geração 45”, uma vez que, introduziu características inovadoras à literatura brasileira, pois os seus textos trazem a tona a questão da introspecção das personagens, onde a intimidade, os sentimentos e sensações das mesmas ganham destaque, além de levantar discussões acerca do existencialismo humano. É como se seus personagens, em um dado momento, perdesse a identidade e fossem em busca do próprio eu. Assim, seus textos representam, para os leitores, como uma gama profunda de expressividade.

As principais obras de Lispector, as quais marcaram sua carreira e são conhecidas até os dias atuais, são: Perto do coração selvagem (1943), Laços de Família (1960), Felicidade Clandestina (1971) e A hora da estrela (1977).

Sendo assim, a referida análise será distribuída em duas partes, onde a primeira diz respeito à descrição dos elementos que constituem a narrativa, como: os personagens, o narrador, autor, o tempo, espaço, ambiente, enredo (tema, fábula, conflito dramático, nó, clímax e desfecho), foco narrativo; a segunda parte compreende a exposição da apreciação crítica, a partir da visão do leitor.

Nesse sentido, de acordo com Arnaldo Franco Junior, a identificação do conflito dramático é fundamental para que se possa estabelecer um estudo detalhado da narrativa na qual ele se manifesta. Dessa forma, a análise descritiva permite estabelecer um estudo pormenorizado dos elementos presentes na narrativa, de forma a levar o leitor a uma melhor compreensão da obra em questão, e tornando-o capaz de instaurar um juízo de valor a mesma, a partir da análise interpretativa.

O romance A hora da estrela caracteriza-se como uma narrativa literária, pois apresenta em sua estrutura os elementos característicos deste gênero, os quais confirmam essa assertiva. E, ainda, não apresenta, em sua estrutura, uma divisão em capítulos.

Deste modo, esta obra nos revela a presença de duas narrativas, sendo a primeira voltada para o próprio narrador, denominado Rodrigo S.M., onde o mesmo descreve suas dificuldades enquanto escritor, ao passo que tentava dá início ao romance de fato. Na segunda narrativa, Macabéa, nordestina de Alagoas que é a protagonista da história, vai sendo introduzida aos poucos pelo pseudo-narrador, que mostra onisciência acerca de toda trajetória da pobre moça. Ele parte do pressuposto de que se trata de uma moça miserável, inconsciente da própria existência, ínfima e sem valor perante a sociedade e perante a si mesma.

Rodrigo S.M. relata que andando pelas ruas do Rio de Janeiro encontrou uma moça chamada Macabéa, a qual representa a figura de uma sofrida e miserável nordestina, segundo ele, desprovida de sorte e sem perspectiva de vida.

Portanto, Rodrigo S. M., por vezes, em seus relatos, se mostra defensor a trágica sina de Macabéa, como se quisesse a defender de seu próprio destino. Mas, por outro lado, o mesmo parecia está alheio a essa situação e revelando um sentimento de culpa e, ao mesmo tempo, de revolta diante da figura de penúria representada por Macabéa.

2. ANÁLISE DESCRITIVA DOS ELEMENTOS QUE COMPÕEM A NARRATIVA DO ROMANCE “A HORA DA ESTRELA”, DE CLARICE LISPECTOR

2.1. ENREDO

É sabido que o enredo trata-se, de certo modo, do esqueleto da narrativa, ou seja, de todas as informações que sustentam a história. Sendo assim, como o romance “A hora da estrela” não vem subdividido em capítulos, é possível perceber no decorrer da leitura que o narrador, parte da descrição tanto dos acontecimentos que norteiam a vida da pobre Macabéa, como da descrição de seus próprios sentimentos em relação à moça e a vida cruel em que ela vivia.

2.1.1. FÁBULA

O romance inicia com o narrador Rodrigo S.M., descrevendo fatos acerca de si mesmo, sobre a sua profissão de escritor e as dificuldades que enfrentara para poder dar início a história de Macabéa, protagonista do romance. E aos poucos, em uma relação de amor e ódio, o pseudo-narrador vai inserindo-a na história.

Rodrigo S.M. relata uma situação que lhe chamou bastante atenção, ao passo que o fez pensar em todo o descaso que permeia a sociedade. Ele encontrara a nordestina miserável e desiludida da vida, Macabéa, nas ruas do Rio de Janeiro, fato este que fê-lo pensar nas tantas dificuldades que a grande maioria da população brasileira enfrenta. Segue, então, narrando as características físicas da moça, em minuciosos detalhes, justamente para intensificar o grau de calamidade que a mesma se encontrava. “Ela era um pouco encardida pois raramente se lavava. De dia usava saia e blusa,

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