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CRIANÇAS DE TIRANA

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Por:   •  24/3/2014  •  Resenha  •  467 Palavras (2 Páginas)  •  143 Visualizações

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AS CRIANÇAS TIRANAS

Quando as crianças não são apenas pequenos príncipes, quando se transformam, sem que para tal tenham necessidade de crescer, em reis que só olham para eles próprios, reinam sem partilha e impõem a violência aos que os cercam, e chegam ao ponto de se conduzirem como verdadeiros tiranos. Trata-se da manifestação mais espectacular da demissão de alguns adultos perante a sua progenitura.

Se nos baseamos nas crianças que estão a cargo de algumas instituições, enumeram-se actualmente cerca de dezassete mil crianças tiranas em França e estes números têm tendência para crescer. Os pais, incapazes de impor limites aos filhos, são bem mais numerosos do que há algumas dezenas de anos, e, hoje em dia, ousam falar das suas dificuldades a profissionais, juízes, médicos ou polícias para lhes pedirem ajuda.

As referidas crianças são tanto meninas como rapazes, oriundos de todas as classes da sociedade. Por vezes, quando se tornam autónomos e começam a falar, estas crianças injuriam os pais, desobedecem sistematicamente, manifestam por eles um grande desprezo e até chegam ao ponto de lhes bater e infligir feridas por vezes graves. Tudo isso para melhor impor os seus desejos e a sua lei, para rejeitar qualquer constrangimento e obter rapidamente tudo o que desejam. Este comportamento generaliza-se perante os outros irmãos e adultos. A escolaridade passa a ser frequentemente impossível e a vida familiar insuportável.

Apesar da sua gravidade, estes distúrbios podem prolongar-se durante vários anos, tanta é a vergonha dos pais em reconhecer o seu fracasso e, por via disso, em partilhar o seu sofrimento. Progressivamente, a família retrai-se, cortam-se os laços com avós, tios e tias. Frequentemente, é a escola e a polícia, aos quais os pais não podem evitar de apelar, que conduzem os progenitores a pedir ajuda efectiva.

Alguns destes pais acabam por apresentar queixa contra o próprio filho, abandonam o domicílio familiar para se refugiarem em casa de amigos ou de um outro membro da família. Para estes adultos desamparados, parece não haver solução para o problema, já que as transgressões e as violências são sistemáticas, grosseiras e banalizadas.

Se nada é feito, estas crianças, quando adolescentes, mergulham rapidamente na delinquência e só têm como interlocutores a justiça e as paredes do hospital psiquiátrico. Vivem num mundo onde são juízes em causa própria; definem sozinhos, e como se fosse uma evidência, as regras do jogo e não concebem outra realidade que não seja a que determinam. O outro transforma-se imediatamente em ser hostil, rejeitam qualquer das regras inerentes à vida em comum. Colocam-se fora da sociedade ou à margem da normalidade psíquica.

É quase sempre em casos de urgência que os pais consultam o psicoterapeuta. Estão, o que parece ser compreensível, sentem-se totalmente desamparados e não sabem explicar o que aconteceu para chegarem a tal situação. De facto, cada um é vítima neste tipo de situação.

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