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Por:   •  1/7/2014  •  Seminário  •  1.287 Palavras (6 Páginas)  •  188 Visualizações

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A obra trata-se de narrativa ficcional, em que o narrador conta, inspirado em pessoas que conhece e, portanto, reais, a história de quatro negros que têm experiências de vida em comum: se não por serem unidos pelo sangue ou pela cor, é por pertencerem ao mesmo espaço e condição social. Assim, o livro divide-se em cinco capítulos, em que os quatro primeiros mostram, nessa sequência, Janéti, Seu Sinhô, Jorge (Airton) e Rosi.

A narrativa se faz em linguagem coloquial, como se fosse uma conversa entre narrador e um suposto interlocutor. Comum em narrativas contemporâneas, o narrador é testemunha, não sendo onipresente ou onisciente, mas sim tendo uma visão limitada, em que narra a partir de sua subtração como narrador.

Fischer, ou melhor, o narrador, nos apresenta Janéti nas primeiras páginas do livro; menina, filha de pais negros e pobres, que mora na metade sul e interiorana do Rio Grande do Sul, reúne todos os seus irmãos, que já haviam sido adotados por outras famílias, para embarcar, junto com seus pais, em uma vida nova rumo à cidade grande.

Na sequência, também conhecemos o negro Seu Sinhô, cujo apelido foi dado pelo seu avô, justamente por ser um questionador e, como diz o narrador, meio filósofo. E é com esse personagem que o narrador teve um tempo significativo de convivência, pois o velho passara alguns dias em sua casa, em Porto Alegre. Nesses dias, eles compartilham a sua cultura um com o outro: enquanto o narrador aprende que aricungo é o mesmo que berimbau, Seu Sinhô aprende que o fogão a gás não é como a chapa lá da sua casa: o a gás tem um fogo frio, fogo controlado, fogo da cidade, fogo meio sem caráter (FISCHER, 2005, p.59).

A Janéti e o Seu Sinhô não têm relação nenhuma senão pela cor e pelo lugar de origem. Na verdade, eles nem se conheceram. Podemos dizer, então, que Fischer, na verdade, não só quer contar a história de quatro negros gaúchos, mas fazer uma relação com um fato histórico que é bastante tecido dentro da literatura gaúcha. Isso, porque a literatura sul-rio-grandense, desde o começo, sempre elege, por vias históricas, um dos dois fatos ocorridos no RS: ou a Revolução Farroupilha ou o processo imigratório. Neste caso, Fischer optou pelo último, uma vez que o primeiro tem como produção uma literatura mitificada, do monarca das coxilhas e, este outro, o gaúcho que encontra falta de oportunidades e pobreza na cidade grande. Mesmo assim, a pequena e improdutiva propriedade, aliada à falta de formação intelectual, são motivos suficientes para a família migrar do campo à cidade, levando a esperança e o amor incondicional na bagagem.

Ainda em síntese da obra, temos os dois irmãos da Janéti nos capítulos três e quatro, respectivamente. O primeiro é o irmão mais velho, Airton, que Janéti, em seu intenso amor fraternal, o chama de Jorge. Este, não aceitando a vida miserável na cidade, com dezessete anos, sai de casa e vai em busca de um emprego com a esperança de uma vida melhor. De fato, logo começa a trabalhar, constrói sua família, mas, por circunstância de estar de vivo – e de ser negro, provavelmente – morre baleado. A última personagem negra que o narrador nos apresenta, e não menos importante, é a Rosa, sua empregada de muito tempo. Na visão dele, a Rosa é uma mulher feliz, que ri à toa, apesar de ser gorda, preta e desdentada. Acontece que essa mesma Rosa é a Rosi, a irmã mais nova, aquela única que iria embarcar com os pais, se não fosse o empenho da pequena Janéti em reunir toda a família.

Os quatro negros – Janéti, Seu Sinhô, Jorge e Rosi - são infelizes e de vez em quando ficam felizes, como todo mundo (FISCHER, 2005, p 107). Isso, porque eles, cada um a sua maneira, transformam as adversidades da vida em motivação e esperança, seja com amor inexplicável, seja alcançando sabedoria, seja batalhando pelo sustento, seja rindo de tudo.

Encerrando o resumo do livro, passo, agora, a comentar esta personagem que tanto encanta o narrador e, dependendo, o leitor. Escolhi Janéti não apenas por ser a figura principal da história, mas porque não poderia escolher outra. E, antes de tudo, faço referência às atribuições do próprio narrador, que, em sua visão, constrói essa mulher a partir do seu simples, mas inexplicável amor: mulher pobre, negra, gaúcha, morando lá naquele mundo (p.17); persistente, abnegada, amorosa, agregadora (p. 41); verdadeira mãe que não tem dezoito anos ainda (p. 95); a Janéti que sabe que a vida é estranha mas irrecusável (p.95); que queria todo mundo junto (p.97); que tem seu jeito de ser positivo e acolhedor, preciso e duro (p. 99).

Janeti, desde que foi largada na casa de

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