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Novo Acordo Ortográfico

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Por:   •  15/9/2013  •  2.021 Palavras (9 Páginas)  •  495 Visualizações

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Você deve se perguntar o porquê da adoção de uma única ortografia entre países de Língua Portuguesa. No que se refere ao ponto de vista ortográfico, é notório que existem diferenças bastante acentuadas. Não falamos aqui de diferenças existentes somente entre o português de Portugal e do Brasil, mas de todos os países que têm no português uma forma de expressão (Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste).

Como usuários da Língua Portuguesa, somos capazes de perceber que ela é pulsante e viva. Para exemplificar essa vivacidade, basta que nos lembremos das variações lexicais [abóbora/jerimum; piá/menino; mexerica/tangerina] e dos já conhecidos sotaques que são utilizados nos diferentes estados brasileiros. Essa variação linguística regional não é observada somente no português brasileiro. Ela ocorre em qualquer língua, devido à dinâmica social que acontece em cada cultura, bem como devido à existência de intersecções culturais entre países. Tais variações jamais deixarão de existir, pois a língua é social e, por conta disso, irá mudar de acordo com as relações ocorridas na própria sociedade. Além dessas variações, sabemos que a Língua Portuguesa falada no Brasil apresenta algumas diferenças em relação à língua falada em Portugal e demais países lusófonos. Vejamos de forma breve algumas dessas diferenças.

O primeiro ponto que podemos destacar é o fato de no Brasil não fazermos tanta diferença na pronúncia das vogais átonas e tônicas, ou seja, pronunciamos claramente todas as vogais, mesmo as átonas. Já em Portugal, as vogais átonas são de fato fracas a ponto de a pronúncia revelar uma elisão, como em [esp’rança, m’nino]. Tal fenômeno, de acordo com Nogueira (2010), repercute na colocação dos pronomes átonos (me, te, se, o, lhe, nos…), pois, em Portugal, devido a essa pronúncia fraca, não se coloca o pronome átono no início da frase: “Dê-me um cigarro”; por sua vez, no Brasil, como as vogais átonas são pronunciadas como tônicas, temos a tendência de pôr os pronomes átonos no início da frase: “Me dá um cigarro”. Por mais que essa colocação não seja defendida no português padrão brasileiro, é assim que o povo, não apenas os das classes econômicas menos favorecidas, fala no dia-a-dia.

Outras diferenças que podemos citar são as lexicais, as quais, de forma geral, sempre existirão entre o português falado e escrito nos países lusófonos. Se isso ocorre dentro de um mesmo país, como vimos anteriormente, ocorrerá mais ainda entre países distintos que compartilham a mesma língua. Em Portugal ‘professor particular’, ‘apostila’ e ‘cafezinho’ são, respectivamente, ‘explicador’, ‘sebenta’, e ‘bica’.

Sobre as distinções sintáticas, no Brasil, optamos por marcar o gerúndio “Estamos estudando”, “Estou preparando o jantar”; por sua vez, em Portugal, há a colocação do infinitivo “Estamos a trabalhar”, Estou a preparar o jantar. Enquanto no Brasil se utiliza a forma “você”; em Portugal, usa-se mais o pronome “vos”, observe: “Se eu cantasse para vocês” e “Se eu vos cantasse”. Em Portugal, costuma-se fazer uso da expressão “mais pequeno”; já no Brasil, utilizamos a expressão “menor”, pois fomos ensinados que “mais pequeno” é “errado” do ponto de vista padrão.

Do ponto de vista gráfico, percebem-se contrastes em palavras como [Br. ação; Pt. acção / Br. erva; Pt. herva / Br. úmido; Pt. húmido / Br. ótimo; Pt. óptimo]. Tais diferenças acabam criando duas grafias oficiais para o Português, o que acarreta no enfraquecimento dessa língua perante o cenário internacional. É justamente nesse ponto que incidirá o novo acordo assinado pelos países lusófonos.

Com a unificação da grafia, o acordo propõe simplificar o idioma, na mesma esteira que o acordo da década de 1930, quando uma reforma semelhante alterou o modo de escrever das palavras ‘pharmacia’ e ‘christallino’ [remoção do ph, ch e ll]. É importante deixar claro que a decisão por adotar tal acordo não aconteceu de forma tão inesperada. Para sanar as diferenças ortográficas , em 1990, foi criado o acordo ortográfico, que deveria ser aprovado por todos os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). No entanto, em 2004, foi firmado que bastava a aprovação de três nações para que a reforma ortográfica entrasse em vigor, oficialmente, a partir do ano de 2013. No entanto, devido a não adaptação da população, houve, conforme decisão do governo brasileiro, o adiamento da implantação do acordo para o ano de 2016.

2. Objetivos do Acordo Ortográfico

O português é uma das poucas línguas ocidentais com dois padrões ortográficos oficiais , um europeu (Portugal) e outro americano (Brasil). Com a implantação das mudanças suscitadas no novo acordo, segundo o Ministério da Educação e Cultura (MEC), as diferenças ortográficas existentes entre as nações lusófonas serão resolvidas em 98%, ocorrendo assim uma mudança da forma escrita do português de Portugal numa ordem de 1,6% e no português do Brasil na proporção de 0,5%.

Tal padronização repercutirá de forma positiva no cenário internacional, pois a) facilitará a circulação de materiais, como documentos oficiais e livros, entre esses países; b) poderá ocorrer o estabelecimento do português como um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU); c) ocorrerá a aproximação das oito nações falantes da língua portuguesa.

3. O que muda com o Novo Acordo?

Leia a crônica abaixo e descubra as principais mudanças suscitadas pelo Novo Acordo.

“Como será daqui pra frente?”

Estive vendo as novas regras da ortografia. Na verdade, já tinha esbarrado com elas trilhares de vezes, mas apenas hoje que as danadas receberam uma educada atenção de minha parte.

Devo confessar que não foi uma ação espontânea. Que eu me lembre, desde o ano retrasado que uma amiga me enche o saco para escrever a respeito. O faço com a esperança de que diminua o volume de e-mails e torpedos que ela me envia. Em suma, que as novas regras ortográficas a mantenham sossegada por um bom tempo.

Cai o trema! Aliás, não cai... Dá uma tombadinha. Linguiça e pinguim ficam feios sem ele, mas quantas pessoas conhecemos que utilizavam o trema a que elas tinham direito? Essa espécie de "enfeiação" já vinha sendo adotada por 98% da população brasileira. Resumindo, continua tudo como está.

Alfabeto

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