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Os Novos Abolicionistas

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Por:   •  29/4/2014  •  1.298 Palavras (6 Páginas)  •  233 Visualizações

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OS NOVOS ABOLICIONISTAS

Embora, em termos globais, as mulheres não tenham alcançado posições de topo como líderes políticas, são elas que encabeçam as fileiras do empreendorismo social. Mesmo em países onde os homens monopolizam o poder político, as mulheres constituíram organizações influentes e têm desempenhado um papel catalisador como agentes de mudança. Muitas mulheres tornaram-se empreendedoras sociais para poderem assumir posições de liderança no novo movimento abolicionista contra os traficantes de sexo. Uma delas, Sunitha Krishnan, um Membro da Ashoka[1] na Índia, é uma figura lendária nesse domínio.

Oriunda da classe média, Sunitha frequentou um infantário em criança. Quando chegava a casa, pegava numa lousa e ia ensinar a um grupo de crianças pobres o que aprendera nesse dia. Essa experiência marcou-a tanto que decidiu tornar-se assistente social. Fez estudos universitários na Índia e a sua atenção centrou-se na literacia. Um dia, quando, acompanhada por um grupo de colegas, tentava ajudar alguns pobres de uma aldeia, foi interrompida por um bando de homens que se ressentia da sua “interferência”.

“Como não gostaram do que estávamos a fazer, decidiram dar-nos uma lição,” recorda Sunitha.

Num inglês de classe média-alta, o que a faz parecer mais uma professora universitária do que uma ativista, Sunitha descreve, de forma analítica e neutra, embora incisiva, a violação de que foi alvo e a sua recusa em fazer uma denúncia, por achar que era tempo perdido. Contudo, esse ato levou à estigmatização da sua família e à sua culpabilização.

“Não foi tanto a violação que me afetou como a forma como a sociedade me tratou. Ninguém questionou a motivação daqueles homens. Apenas questionaram a razão da minha presença ali e o facto de os meus pais me terem dado liberdade para eu o fazer. Compreendi que o sucedido fora um episódio isolado para mim, mas que, para muitas mulheres, era algo que ocorria todos os dias.”

Sunitha decidiu, então, dedicar-se à abolição do tráfico sexual em vez de à implementação da literacia. Viajou por todo o país e falou com o maior número de prostitutas possível, num esforço para compreender o mundo do sexo comercial. Estava a viver em Hyderabad, quando a polícia levou a cabo uma ação repressiva numa das zonas de meretrício, talvez porque os donos dos bordéis não lhe tivessem pago subornos suficientes ou precisassem de um “incentivo”. A ação teve consequências catastróficas. De um dia para o outro, os bordéis da zona foram fechados, sem que as raparigas que lá trabalhavam recebessem qualquer tipo de apoio. As prostitutas eram alvo de um tal estigma que não tinham para onde ir nem tinham forma de ganhar qualquer tipo de sustento.

“Muitas daquelas mulheres começaram a suicidar-se,” recorda Sunitha. “Quando ajudei a cremar corpos, vi que a morte funcionava como um fator de união entre as pessoas. Quando perguntei às mulheres o que queriam que fizéssemos por elas, pediram que fizéssemos antes algo pelos filhos.”

Sunitha começou a trabalhar com um missionário católico, o Irmão Joe Vetticatil. Embora ele já tenha morrido, Sunitha ainda mantém uma fotografia dele no seu gabinete e a fé dele marcou-a profundamente.

“Embora seja uma hindu convicta, considero os ensinamentos de Cristo muito inspiradores,” comenta.

Sunitha e o Irmão Joe abriram uma escola num antigo bordel. No início, apenas se inscreveram cinco de entre os 5 mil filhos de prostitutas que tinham direito a frequentar a escola. Mas a escola cresceu e, em breve, Sunitha começou a construir albergues, não só para as crianças, mas também para as raparigas e mulheres que tinham sido libertadas dos bordéis. Chamou Prajwala à sua organização, que significa “Uma Chama Eterna”, e cujo endereço eletrónico é http://www.prajwalaindia.org.

Embora uma zona de meretrício tenha sido fechada, havia outras em Hyderabad e Sunitha começou a organizar operações de resgate das prostitutas que trabalhavam nos bordéis. Percorreu as periferias mais abomináveis e sórdidas da cidade para falar com elas e tentar convencê-las a organizarem-se e a denunciarem os proxenetas. Em seguida, confrontou proxenetas e donos de bordéis, numa tentativa de recolher informações para entregar na polícia e convencer os agentes a levar a cabo mais ações repressivas. Tudo isto enfurecia os donos das casas de passe, que não compreendiam por que razão uma mulher minúscula lhes fazia frente e tornava o seu negócio tão pouco lucrativo. Organizaram-se e exerceram represálias, atacando Sunitha e todos quanto trabalhavam com ela. Partiram-lhe um braço e deixaram-na surda de um ouvido.

O primeiro empregado de Sunitha foi Akabar, um antigo proxeneta que tomou consciência do mal que cometera e que lutou de forma valerosa para ajudar as raparigas da zona de meretrício. Mas os donos dos bordéis retaliaram, apunhalando-o até à morte. Foi quando teve de contar à família de Akabar como este morrera que Sunitha se deu conta da necessidade

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