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A Transição Para O Capitalismo

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Por:   •  8/10/2013  •  5.006 Palavras (21 Páginas)  •  328 Visualizações

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A TRANSIÇÃO PARA O CAPITALISMO

O capitalismo foi gestado ao longo de mais de sete séculos, a partir do século Xl com o ressurgimento da cidades (burgos) e do comércio inter-regional. No entanto, o capitalismo só emergiria como um sistema econômico plenamente constituído ao final do século XVlll, após intensas transformações ocorridas ao final daquele século, sendo as mais importantes: Revolução Francesa (1789) e Revolução Industrial (1780-1830)

A gênese do capitalismo deve ser buscada na decomposição do feudalismo e no desenvolvimento de novas formas de organização econômica e social. É o chamado movimento de acumulação “primitivo”, porque engendra os elementos fundamentais do capitalismo (o trabalho assalariado e capital-dinheiro).

Esta fase (acumulação primitiva) reuniu diversos processos interdependentes que são: a) a valorização do capital no comércio e na usura; b) a expansão da produção de mercadorias e o posterior surgimento do putting out e da manufatura; c) a formação paulatina de um mercado transcontinental e o estabelecimento do sistema colonial; d) o aparelhamento administrativo-financeiro do Estado e a adoção de políticas mercantilistas; e) e a proletarização dos camponeses e aprendizes.

A acumulação primitiva se desdobrou em diferentes regiões da Europa, se deslocando de uma região para outra ao longo dos séculos. No entanto, a Inglaterra foi a nação que reuniu as condições históricas necessárias para a maturação do modo de produção tipicamente capitalista, a partir da chamada Revolução Industrial.

A crise do feudalismo inglês ao longo dos séculos XlV e XV, que ocasionou o debilitamento da nobreza, possibilitou uma produção camponesa independente, com o conseqüente fortalecimento do rei, levando a formação de um Estado absoluto.

Também o surgimento de uma estrutura social menos rígida em que despontavam novas classes sociais ligadas ao comércio, ao artesanato e à agricultura mercantil, seria fundamental para explicar a precocidade da revolução burguesa na Inglaterra, na metade do século XVll.

A união dos interesses mercantis e produtivos passou a influenciar a condução da política britânica depois da Revolução de 1.640. No século XVll o Estado inglês trabalhava favoravelmente a desarticulação das tradições do antigo modo de trabalho. No início do século XVlll a Grã-Bretanha já consolidava sua posição de principal potência marítima e dominava os principais mercados ultramarinhos.

Também temos que considerar as transformações no campo na primeira metade do século XVlll, que consolidaram uma estrutura agrária capitalista, a chamada “Revolução Agrícola”, que propiciou uma oferta de alimentos e matérias-primas em quantidades e preços adequados à reprodução do nascente proletariado e ao desenvolvimento da manufatura.

Por último, devemos ressaltar a preexistência de um sistema embrionário de crédito bancário, inclusive com a criação em 1.694 do Banco da Inglaterra. Ao longo do século XVlll, o sistema bancário britânico desenvolveu-se impulsionado pelo crescimento do comércio exterior.

Todos estes elementos nos fazem entender porque a Inglaterra reuniu os requisitos internos necessários à industrialização. O fortalecimento do poder mercantil britânico se tornou preponderante e foi fundamental para a confirmação de um mercado capitalista mundial.

Com o desenvolvimento do sistema colonial e a expansão do comércio transcontinental, a Grã-Bretanha se especializou na produção manufatureira enquanto seus parceiros e colônias se dedicavam a produção primária. A superioridade britânica no século XVlll mostra a capacidade de resposta da produção nacional face aos estímulos do mercado externo.

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

O capitalismo inglês, o chamado “capitalismo originário”, por seu pioneirismo e singularidade, é marcado pela emergência de uma estrutura econômica baseada na produção industrial, calcada na produção industrial e na constituição de um proletariado radicado nos principais centros urbanos do país. A Revolução Industrial representa a constituição/generalização de relações capitalistas de produção, fundamental para o pleno domínio do capital sobre as condições de sua valorização.

O ponto de partida para a revolução na organização da produção foi a introdução da máquina-ferramenta, que permitiu a superação dos limites impostos pela capacidade orgânica do trabalhador ao aumento da produtividade. As máquinas passaram a ditar o ritmo do processo de trabalho e a homogeneizar a qualidade do produto, desvalorizando o preço da força de trabalho, reduzindo os custos unitários de produção.

Com a introdução de inovações técnicas e, a partir de meados do século XVlll, na Inglaterra, a existência de mestre de oficio, de trabalhadores especializados e “homens práticos”gerou a busca de soluções tecnicamente mais produtivas para os processos de produção.

Como a acumulação primitiva foi comandada pelo capital comercial, o capital (dinheiro) que financiaria a construção das máquinas e investimentos em novas instalações, para a implantação de grandes indústrias, proveio inicialmente da esfera mercantil.

O primeiro ramo industrial a se organizar foi o têxtil, com a produção destinada aos mercados de consumo corrente e sua fabulosa expansão criou condições para o surgimento de indústrias produtoras de bens de produção (máquinas, equipamentos e insumos industriais). A partir de 1.780, a acumulação na indústria têxtil estimulou a rápida urbanização dos principais centros regionais, impulsionando a construção civil e a demanda de carvão para o consumo doméstico. O surto de mineração provocou a expansão da produção de máquinas a vapor, permitindo o surgimento da indústria mecânica e o transporte de carvão estimulou a construção de canais e estradas.

Em torno de 1.830, a estrutura já estava totalmente constituída e a Inglaterra já era considerada a “oficina mecânica do mundo”. Durante as cinco décadas nas quais se desenvolveu a Revolução Industrial, a industrial têxtil exerceu um papel de liderança na economia. A partir daí, com o início do ciclo ferroviário, o crescimento econômico passaria a ser puxado pelo setor produtor de bens de produção, e os contornos essenciais do hoje chamado capitalismo se tornariam nítidos.

Nesse contexto,

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