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A CORROSÃO DO CARÁTER: CONSEQUÊNCIAS PESSOAIS DO TRABALHADOR NO NOVO CAPITALISMO E AS INVASÕES BÁRBARAS

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Por:   •  27/4/2013  •  Resenha  •  2.883 Palavras (12 Páginas)  •  728 Visualizações

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RESENHA: A CORROSÃO DO CARÁTER: CONSEQUÊNCIAS PESSOAIS DO TRABALHADOR NO NOVO CAPITALISMO E AS INVASÕES BÁRBARAS

SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo e as Invasões Bárbaras. Trad. Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Record, 1999.

AS INVASÕES BÁRBARAS. Denys Arcand. Argentina, 2003.

Richard Sennett, professor de sociologia da Universidade de Nova York e da London School of Economics escreveu em 1998 a obra sobre ética do trabalho: A corrosão do caráter: conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Sennett, nesta obra, apresenta seqüência a sua pesquisa e reflexão sobre as novas relações de trabalho no capitalismo atual e seus resultados no caráter subjetivo.

Este ensaio principia-se como uma conferência feita na Universidade de Cambridge em 1996 por Sennett. Segundo o autor, a continuação no Centro de Estudo Avançado em Ciências Comportamentais lhe ajustou tempo satisfatório para escrever esta obra. Além disso, o autor demonstra suas experiências particulares com trabalhadores americanos ao longo de sua vida e, a partir de tais conhecimentos, passa a ajuizar sobre as relações de trabalho, o caráter particular e as suas modificações no novo capitalismo.

Sennett procura o cenário atual, concebido pelo filho de Enrico, Rico, cuja vida é mais próspera materialmente, ainda que em outra conjuntura, no qual o trabalho não é mais uma obrigação para longos períodos ou com sentidos mais permanentes. A partir de entrevistas realizadas com executivos dispensados da IBM em Nova York, colaboradores de uma padaria de Boston, um empregado que se transformou em um executivo da publicidade e muitos outros, Sennett avalia os resultados desorientadores do novo capitalismo.

Ele expõe o contraste intenso entre dois mundos de trabalho: aquele das organizações hierárquicas severas, no qual o que implicava era um senso de caráter individual; e o espantoso mundo novo da reengenharia das corporações, risco, flexibilidade, marketing de rede e equipes que trabalham juntas durante um breve espaço de tempo, no qual o que implica é ser apto de se reinventar a toda hora. Em alguns aspectos, as transformações que assinalam o novo capitalismo são positivas: afinal, não se pode recusar que elas estabeleceram uma economia dinâmica. Contudo elas também podem desgastar o senso de objetivos, a probidade e a confiança recíprocas, fatores que as gerações precedentes afrontavam como fundamentais para forjar o caráter individual.

As Invasões Bárbaras é um filme de Denys Arcand que retrata também o colapso do capitalismo. Trata-se de um drama que descreve os períodos finais da vida de um professor universitário do Canadá, enfermo de câncer em estágio terminal. Suas relações familiares tinham se decomposto, pois não vivia mais com sua mulher e com seus dois filhos nem sequer trazia contato. O estranhamento em sua atividade fica ilustrado de saída num momento em que se despede de seus alunos, deixando evidente se afastar “por motivo de saúde”, recebendo como retorno somente uma interrogação sobre o prazo de entrega dos trabalhos. Isso numa cena que expunha a atitude dos universitários: levianos por excelência, uma esboço cujo móvel é fidedigno, ainda que se realize por uma alegorização tópica que, felizmente, não volta a acontecer.

Voltando a obra de Sennet, o autor apresenta informações importantes para apreender o contexto político e social do mundo pré e pós-globalizado e para afrontar uma economia fundamentada no princípio de “sem comprometimentos em longo prazo”. Com base em sua acepção de caráter: “traços pessoais a que damos valor em nós mesmos, e pelos quais buscamos que os outros nos valorizem” (p.10), Sennett passa a examinar as relações de trabalho moderno e seus efeitos nos valores subjetivos como a lealdade e os compromissos recíprocos.

No filme, a esposa do professor, mesmo tendo se separado fisicamente dele devido às variadas aventuras amorosas de Rémy, alimenta uma carinho que a move a estar perto dele; mais que isso, empenha-se por dar conta de todas as responsabilidades com que de modo repentino se depara. O contato com o filho e a solicitação por sua presença é ponto essencial deste cuidado. O filho de Rémy, Sébastien, um trabalhador do mercado de capitais em Londres, não obstante de resistente, pela separação afetiva em relação a seu pai, dirige-se ao Canadá e, logo depois de alguns desentendimentos com Rémy, torna-se determinado a voltar atrás ligeiramente. É quando sua mãe interfere, confessando que o pai, apesar de tudo, sempre tinha cuidado muito por ele: “ligava aos seus professores até no tempo da faculdade”.

A circunstância incômoda remete-o a raciocinar em como auxiliar seu pai, já que Rémy encontra-se internado em um hospital público do Canadá, onde o sistema de saúde foi completamente estatizado e passa por uma fileira de inconvenientes acarretados pela superlotação, atendimento impróprio, carência de equipamentos, entre outros problemas. Resistente, protesta Rémy: “eu batalhei pela estatização, assim sendo, tenho que lutar também com as implicações”. Sébastien, contudo, leva-o para os Estados Unidos, a fim de conseguir exames mais particularizados, e decide usar o dinheiro que possui para comprar a diretora do hospital e o sindicato, com representantes nos ambientes de trabalho gozando benefícios legais e tendo na corrupção uma atividade corrente, com a finalidade de montar um quarto digno para Rémy num andar em desuso, onde este pôde receber os grandes amigos de antigamente.

Sennett em sua obra questiona como decidir os traços individuais, o valor em uma sociedade onde tudo é passageiro, onde a flexibilidade, ou seja, o poder de se convencionar a qualquer meio é tido como valor? Não é admissível estabelecer um caráter em um capitalismo flexível, onde não existem metas em longo prazo, pois a constituição deste depende de valores morosos, relações duradouras, de longo prazo, isto não é imaginável em uma sociedade onde as instituições vivem se desfazendo ou sendo sempre reprojetadas.

Para debater esta questão, Sennett apela a diferentes fontes, como informações econômicas, narrativas históricas e teorias sociais como de Max Weber e Adam Smith e, ainda, à sua vida cotidiana, seu procedimento é como de um antropólogo, segundo o próprio autor. A obra é decomposta em oito breves capítulos, onde se determina o tempo capitalista, se confronta o velho capitalismo e o novo, mostram-se os problemas de se envolver as novas relações de trabalho, a ofensiva do capitalismo ao caráter subjetivo, a transformação ética

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