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Análise Crítica Do Livro FAHRENHEIT 451

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Por:   •  31/10/2014  •  1.458 Palavras (6 Páginas)  •  1.163 Visualizações

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Leitura crítica de “Fahrenheit 451”

Ao ler o livro Fahrenheit 451, o leitor associa o mundo em que vive ao mundo apresentado na narrativa. Essa associação do mundo fictício com o mundo real é explicado por Aristóteles como mímese. Um autor, para criar sua realidade fictícia tem como referência o mundo que conhece. Mímese pode ser entendido como realidades geradas pelos autores nas histórias fictícias. Criam um mundo paralelo ao nosso, contendo nas narrativas suas próprias características e verdades, e tomam como base muitas ou poucas referências da realidade na qual vivemos. (Aristóteles)

O impacto que o livro causa se deve à grande semelhança entre a realidade fictícia da obra ao ser comparado com o nosso cotidiano atual. Apesar de ter sido escrita a 61 anos, Ray Bradbury surpreende-nos com sua crítica à uma sociedade alienada muito parecida com a sociedade cercada pela tecnologia e a globalização dos tempos de hoje, demonstrando como seria uma população cercada pelos meios de comunicação em massa e todas essas tecnologias cada vez mais presentes em nosso cotidiano.

Na obra, seguimos a trajetória da libertação psicológica do bombeiro Montag, que apesar de ter vivido durante muitos anos como os outros - manipulado pelo sistema- conseguiu se libertar desse controle e obter sua liberdade de escolha, conhecimento e verdadeira felicidade. Montag representa aquele que procura conhecer o mundo ao seu redor e está sempre aberto à novas teorias, questionando e procurando sempre por mais conhecimento, além dos que lhe é imposto pelos meios de comunicação em massa. Montag passa a questionar-se sobre sua realidade após ter acesso á alguns outros pensamentos nunca antes cogitados por ele. Ao ter acesso á novas informações é que ele começa e se desligar da alienação sofrida, ficando cada vez mais fixado em conseguir mais informações e descobertas. Assim, decide procurar pelos livros que poderiam aumentar sua capacidade de ler, pensar e refletir sobre determinadas coisas.

Atualmente, os livros estão sendo - como previsto na obra - cada vez menos utilizados, já que a tempestade de informações à que essa sociedade globalizada está sujeita se encontra dominada pela mídia, que possui o controle de propagar apenas as informações julgadas por ela importantes. Isso fez com que muitas pessoas deixassem de ler tantos livros, afinal “tudo que precisamos saber" é divulgado pela mídia. Assim é visto na narrativa: não só os livros foram proibidos, mas também a própria sociedade os tinha abandonado com os tempos, e os próprios, manipulados pelos meios de comunicação, perderam a vontade de sair daquele circulo restritivo de informações e se deixaram levar, acreditando ser esse o passo certo a ser dado.

A alienação sofrida pela grande maioria daquela sociedade é vista em Mildred, a esposa de Montag que vive diante dos televisores junto à sua 'família' virtual, vivendo isolada socialmente e escondendo seu descontentamento com a vida que leva.

"Via-a inclinando-se para as grandes paredes animadas, cintilantes de cores onde a 'família' falava, falava, se dirigia a ela, onde a 'família' pairava, tagarelava, pronunciando o seu nome, sorrindo-lhe, não dizendo uma palavra da bomba que se encontrava a três centímetros, meio centímetro do telhado do hotel. Mildred, inclinada para a parede como se a sua fome devoradora de imagens lhe permitisse descobrir o segredo da sua insônia e do seu mal-estar. Mildred, curvada para a frente, ansiosa, nervosa, prestes a mergulhar, a lançar-se nessa vaga imensa de cores, para se afogar no meio das suas delícias cantantes. " (Fahrenheit 451 - Capítulo 3, página 72/73)

Nesta cena podemos ver o quanto a personagem vivia alienada por seu mundo virtual. Assim como Mildred, existem muitos no nosso cotidiano que vivem controlados pelos meios de comunicação em massa, ignorantes quando se trata de entender e questionar a sua realidade. Apenas aceitam a realidade imposta como correta e a absorvem como única e inquestionável verdade, deixando de procurar por suas vertentes e felicidades. Acreditam que assim deve ser o mundo e aceitam sem questionar todas as informações que lhes são despejadas diariamente pela mídia.

Representando o exato inverso de Mildred, Montag conhece Clarisse. É conversando com Clarisse que o bombeiro começa a questionar o mundo ao seu redor. Ela apresenta á ele informações até então desconhecidas, estabelecendo diálogos e o mostrando o quanto o mundo está estranho e as pessoas socialmente isoladas. Incentiva-o a pensar, questionar as coisas ao seu redor. Ao falar do relacionamento social das pessoas, Clarisse diz: “Não vejo o que há de social em pôr uma quantidade de pessoas juntas para as impedir de falar. [...] nunca ninguém faz perguntas, ou pelo menos, a maior parte de nós não as faz; contentam-se em meter as respostas na cabeça” (Fahrenheit 451 - Capítulo 1, página 13). Vemos então como as pessoas eram isoladas socialmente, porém julgavam pessoas como Clarisse as antissociais por terem formas de pensar e interagir diferentes das que julgavam como corretas. De uma maneira ou de outra, é este o caminho seguido pela sociedade atual. Tendo acesso o tempo todo à diversas informações, as pessoas param de questionar o ‘por quê’ da coisas serem como são, apenas aceitam o novo ‘conhecimento’ como o correto, sem ao menos perguntar-se se existem possíveis outras explicações. Por que 1+1= 2? Porque sim. Assim aprendemos e aceitamos ser.

A isolação social é bem visível no nosso dia-a-dia. Com o aumento dos eletrônicos que se tornaram essenciais na vida das pessoas, o convívio físico tem diminuído consideravelmente. As crianças de hoje não costumam ir para

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