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Biografia de Clarice Lispector

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Por:   •  25/11/2014  •  Artigo  •  1.683 Palavras (7 Páginas)  •  331 Visualizações

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Nascida Haya Pinkhasovna Lispector (em russo: Хая Пинхасовна Лиспектор) numa família judaica, Clarice foi a terceira filha de Pinkhas Lispector e de Mania Krimgold Lispector. Nasceu na cidade de Chechelnyk enquanto seus pais percorriam várias aldeias da Ucrânia fugindo da perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa de 1918-1920, chegando ao Brasil quando tinha um ano e dois meses de idade.1 Sempre que questionada sobre sua nacionalidade, Clarice afirmava não ter nenhuma ligação com a Ucrânia: "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: Fui carregada de colo" - e que sua verdadeira pátria era o Brasil.2

Estátua de Clarice Lispector em Recife, Pernambuco, Brasil.

A família chegou a Maceió em março de 1926, sendo recebida por Zaina, irmã de Mania, e seu marido e também primo, José Rabin. Por iniciativa do pai, todos mudaram de nome, apenas externamente, pois continuaram com seus nomes nos registros de nascimento. Tânia, sua irmã, continuou com seu nome tanto nos documentos quanto usando normalmente, pois seu nome era comum no Brasil. O pai passou a se chamar Pedro; Mania, Marieta; Leia, sua irmã, Elisa; e Haya, por fim, Clarice. Pedro passou a trabalhar com Rabin, já um próspero comerciante.1 Com dificuldades de relacionamento com Rabin e sua família, Pedro decide mudar-se para o Recife, centro urbano mais importante da Região Nordeste.

Clarice Lispector começou a escrever logo que aprendeu a ler, na cidade de Recife, onde sua família foi viver em 1930, onde passou parte da infância no bairro de Boa Vista. Estudou no Ginásio Pernambucano de 1932 a 1934. Falava vários idiomas: No Brasil, aprendeu a ler e escrever em português, francês e o inglês. Cresceu ouvindo no âmbito domiciliar o idioma materno, o iídiche, primeiro idioma que começou a falar.

Sua mãe morreu em 21 de setembro de 1930, quando Clarice tinha apenas nove anos, após vários anos sofrendo com as consequências da Sífilis, contraída por conta de um estupro coletivo sofrido por ela durante a Guerra Civil Russa, enquanto a família ainda estava na Ucrânia, e guerrilheiros invadiram a residência da família, como faziam em todas as casas, roubando, batendo, estuprando e matando moradores. A doença da mãe só foi descoberta no Brasil, por que seu pai também foi infectado, pois mantinha relações com a esposa sem proteção, e por ser homem, a doença logo foi diagnosticada e curada. Como precaução, foram feitos exames na mãe de Clarice, e foi descoberto que ela também possuía essa doença sexual, mas nada pôde ser feito por sua mãe, pois a doença já estava em estágio avançado, justamente pela mulher ter maior dificuldade de um diagnóstico preciso. Clarice sofreu muito com a morte da mãe, vendo-a definhar de dor na cama, pouco a pouco, e muitos de seus textos refletem a culpa que a autora sentia em não poder fazer nada para ajudar a mãe. Ela também desenhava figuras de milagres que salvariam sua mãe da morte.2

No entanto, a tese de que a mãe teria sido vítima de estupro e, por consequência, teria contraído sífilis, é controversa, já que não há nenhum registro documental que ateste tais fatos. Aliás, quem conta essa história não é Clarice Lispector. Esta, em crônica, menciona apenas que a mãe tinha "uma doença", mas não especifica qual doença era. A partir dessa afirmação genérica, muitas hipóteses poderiam ser levantadas. Quem conta essa história é Elisa Lispector, em textos autobiográficos. Elisa Lispector afirma que durante um pogrom (ataque a populações judaicas) a mãe foi vítima de violência - (e eram vários os tipos de violência praticados contra os judeus) mas não menciona que houve estupro. E afirma que a mãe sofria de hemiplegia (paralisia da metade do corpo), em decorrência da violência de bolcheviques.3 Um violento golpe traumático poderia ter causado lesão cardiovascular com alteração no cérebro, provocando hemiplegia. Elisa Lispector afirma também que a mãe sofria de mal de Parkinson, que lhe causava tremores pelo corpo.4 Um terceiro registro sobre a doença da mãe é o do atestado de óbito, que menciona "congestão edematosa no curso de tuberculose". Portanto, qualquer afirmação referente à ocorrência de estupro e sífilis pode ser aceita apenas como hipótese, como tantas outras hipóteses que poderiam ser levantadas a partir da constatação da extrema violência por que passou a Ucrânia nesse período de perseguição aos judeus.

Quando tinha quinze anos, seu pai decidiu se mudar para a Cidade do Rio de Janeiro. Sua irmã Elisa conseguiu um emprego no ministério, por intervenção do então ministro Agamenon Magalhães, enquanto seu pai teve dificuldades em achar uma oportunidade na capital. Clarice estudou em uma escola primária na Tijuca até ir para o curso preparatório para a Faculdade de Direito. Foi aceita para a Escola de Direito na então Universidade do Brasil em 1939, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Se viu frustrada com muitas das teorias ensinadas no curso, percebendo não ser aquela profissão de advogada que queria para sua vida. Refletindo, descobriu um escape: A literatura. Sempre gostou de criar poemas e escreves histórias, e pensou em fazer disto uma profissão, matriculando-se em uma universidade particular de Literatura. Em 25 de maio de 1940, com apenas 19 anos, publicou seu primeiro conto, "Triunfo", na Revista Pan, de propriedade do editor José Scortecci.

Três anos depois, após ter passado mal, seu pai fora encaminhado para realizar uma cirurgia simples para a retirada de sua vesícula biliar, mas Pedro, seu pai, morre na cirurgia, devido a complicações do procedimento. As filhas ficam arrasadas com as circunstâncias da morte tão inesperada, e, como consequência, Clarice se afasta da religião judaica. No chama a atenção da crítica nacional com seu conto "Eu e Jimmy", escrito junto de Lourival Fontes, então chefe do Departamento de Imprensa e Propaganda (órgão responsável pela censura no Estado Novo de Getúlio Vargas), e é alocada para fazer um estágio e trabalhar na Agência Nacional, responsável por distribuir notícias aos jornais e emissoras de rádio da época. Lá conheceu o escritor Lúcio Cardoso, por quem se apaixonou, chegando a se declarara para ele, mas não foi correspondida, já que Lúcio

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