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Bordieu

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Por:   •  16/9/2014  •  Projeto de pesquisa  •  3.121 Palavras (13 Páginas)  •  352 Visualizações

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Resumo

Este estudo refere-se ao sistema educacional que consegue reproduzir por meio de uma violência simbólica as relações de dominação, ou seja, a estrutura de classes, reproduzindo de maneira diferenciada a ideologia da classe dominante. A teoria da reprodução, no sentido que a escola não resolve problemas sociais, mas reforça-os à medida que reproduz internamente relações de poder em relação às classes populares. As vertentes auxiliam na compreensão das condições contemporâneas da violência, possibilitando a discussão da temática. Aliada aos pressupostos teóricos, que foram buscados em Bourdieu e outros, propiciou uma compreensão do conjunto de relações sociais que fundam as situações de violência, bem como conhecer e analisar os sistemas de pensamento que legitimam a exclusão dos não privilegiados, convencendo-os a se submeterem à dominação, sem que percebam o que fazem. De modo geral a exclusão é imputada à falta de habilidades e capacidades, ao mau desempenho e outros. Dessa forma, a escola cumpre, simultaneamente, sua função de reprodução cultural e social, qual seja, a de reproduzir as relações sociais de produção da sociedade capitalista.O estudo aponta a necessidade de uma análise que norteie as ações educativas no interior das escolas, na tentativa de superar tal realidade.

Palavras-chave: Dominação; Reprodução; escola; Pierre Bourdieu.

Introdução

Pierre Bourdieu, sociólogo francês (1930-2002), fundamenta seu pensamento pela grande influência de Max Weber e Durkheim 1. Foi um dos primeiros sociólogos europeus com análise

voltada à sociologia da educação e da cultura que marcaram gerações de intelectuais e de grande

notoriedade nacional e internacional. Dedicou-se à pesquisa das sociedades contemporâneas e das

relações sociais que mantêm os diferentes grupos sociais tendo o sistema de ensino como instituição

que permite a reprodução da cultura dominante.

1 David Émile Durkheim (1858-1917) sociólogo francês considerado o fundador da sociologia moderna. (OLIVEIRA, 2000, p.227)

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O trajeto intelectual de Bourdieu possibilita uma análise aprofundada no âmbito escolar e

suas relações sociais, através da percepção de sua função ideológica, política e legitimadora de uma

ordem arbitrária em que se funda o sistema de dominação vigente nestas instituições. Bourdieu

posiciona-se contra todas as formas de dominação e de mascaramento da realidade social. Bourdieu,

no livro “A Reprodução”, deu especial atenção ao funcionamento do sistema escolar francês que,

ao invés de transformar a sociedade e permitir a ascensão social, ratifica e reproduz as

desigualdades.

A partir dos estudos, Bourdieu acentua que no interior de uma sociedade de classes existem

diferenças culturais e por sua vez as classes burguesas possuem um determinado patrimônio cultural

constituído de normas de falar, forma de conduta, de valores, etc. Já as classes trabalhadoras

possuem outras características culturais que lhes têm permitido sua manutenção enquanto classes.

A escola, por sua vez, ignora estas diferenças sócio-culturais, selecionando e privilegiando

em sua teoria e prática as manifestações e os valores culturais das classes dominantes. Com essa

atitude, a escola favorece aquelas crianças e jovens que já dominam este aparato cultural. Desta

forma a escola, para este sujeito, é considerada uma continuidade da família e da sua prática social,

enquanto os filhos das classes trabalhadoras precisam assimilar a concepção de mundo dominante. Os autores Bourdieu e Passeron 2 desenvolveram a “teoria da reprodução” baseada no

conceito de violência simbólica. Para estes autores, toda ação pedagógica é objetivamente uma

violência simbólica enquanto imposição de um poder arbitrário. A arbitrariedade constitui-se na

apresentação da cultura dominante como cultura geral. O “poder arbitrário” é baseado na divisão da

sociedade em classes. A ação pedagógica tende à reprodução cultural e social simultaneamente.

Para os filhos das classes trabalhadoras, a escola representa uma ruptura no que refere aos

valores e saberes de sua prática, que são desprezados, ignorados e desconstruídos na sua inserção

cultural, ou seja, necessitam aprender novos padrões ou modelos de cultura. Dentro dessa lógica, é

evidente que para os alunos filhos das classes dominantes alcançar o sucesso escolar torna-se bem

mais fácil do que para aqueles que têm que desaprender uma cultura para aprender um novo jeito de

pensar, falar, movimentar-se, enfim, enxergar o mundo, inserir neste processo para se tornar um

sujeito ativo nesta sociedade.

No contexto das instituições de ensino, também se apresenta a dificuldade em definir

violência escolar. Por um lado, segundo Bourdieu e Passeron (1975), existe uma violência inerente

e inevitável, a violência da educação, já que, para eles, toda ação pedagógica é uma forma de

2 Com a obra: A reprodução. Elementos para uma teoria do sistema de ensino.

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violência simbólica, pois reproduz a cultura dominante, suas significações e convenções, impondo

um modelo de socialização que favorece a reprodução da estrutura das relações de poder.

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