Carvão E Mosaico Da Cana

O carvão, ocasionado pelo fungo Sporisorium scitamineum, é uma das principais doenças que interferem no desenvolvimento da cana-de-açúcar (Saccharum spp.). Seu sintoma típico é a presença de uma estrutura denominada “chicote”, que se desenvolve na região apical do colmo e é constituída de uma massa de esporos facilmente disseminada pelo vento. Esta doença pode reduzir a produtividade em até 100% em variedades suscetíveis. O mosaico (Sugarcane mosaic vírus – SCMV) é a doença virótica de maior importância na cultura. Inicialmente os sintomas são pontos cloróticos na base das folhas, que evoluem para áreas alongadas, caracterizando um mosaico típico. Em variedades suscetíveis, podem ocorrer quedas drásticas de produção. A transmissão ocorre através da picada de prova por insetos vetores (pulgões). Outra forma de disseminação para ambas as doenças é o uso de mudas infectadas para formação de viveiros e canaviais comerciais. O método de controle mais recomendado, tanto para o carvão como para o mosaico, é o uso de variedades resistentes, juntamente com o plantio de mudas sadias. Diante disso, o presente trabalho objetivou verificar a reação de diferentes genótipos do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar da Universidade Federal de São Carlos (PMGCA/UFSCar) ao carvão e ao mosaico, por meio de inoculação artificial. Ao todo, foram avaliados 199 genótipos. Para cada um deles foram utilizados 50 toletes contendo uma gema, que foi inoculada com estruturas reprodutivas de S. scitamineum pelo método de punção, com auxílio de agulhas. Em seguida, os toletes foram plantados em bandejas plásticas identificadas, contendo substrato. As avaliações de incidência de carvão foram realizadas semanalmente durante o período de um ano, com a quantificação e eliminação das plantas com sintomas. Aproximadamente dois meses após o plantio realizou-se a inoculação de mosaico, por meio da pulverização das folhas com uma suspensão contendo extrato de plantas infectadas pelo vírus, uma solução tampão e material abrasivo, utilizado com a função de causar ferimentos nas folhas, abrindo portas para a entrada do patógeno. A avaliação de incidência de mosaico foi realizada apenas uma vez, cinco meses após a inoculação do vírus. Encerradas as avaliações, calculou-se a porcentagem de infecção dos genótipos para cada doença, e a classificação quanto

à resistência ou suscetibilidade foi realizada pelo estabelecimento de notas, atribuídas por meio de análise de regressão, associando a porcentagem de plantas infectadas com as notas de variedades padrões, com reações já conhecidas para ambas as doenças. Dentre os genótipos analisados, 63,3% foram resistentes ao carvão, 29,6% intermediários e 7% suscetíveis. Em relação ao mosaico, 71,9% foram resistentes, 24,6% intermediários e 3,5% suscetíveis. Considerando as duas doenças, 50,8% (101 genótipos) foram resistentes, e apenas 1% (2 genótipos) suscetível a ambos os patógenos. A partir dos resultados, observa-se a importância de se avaliar o comportamento dos genótipos frente às doenças, garantindo assim a seleção segura e a obtenção de variedades com bons níveis de resistência.

Palavras-chave: cana-de-açúcar; melhoramento genético, resistência varietal

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