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Casa grande e senzala IV

Por:   •  20/1/2016  •  Resenha  •  1.571 Palavras (7 Páginas)  •  496 Visualizações

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CAPÍTULO IV


  Para Gilberto Freyre, os três principais pilares da colonização portuguesa são a miscigenação, o latifúndio e a escravatura. O livro fala sobre a identidade nacional brasileira, descrevendo a vida colonial como constituinte fundamental para a formação do povo brasileiro (mestiço) – português, índio e negro. Há predominância de antagonismos durante todo o livro, como o católico e o herege; a cultura europeia e a africana; a africana e a indígena; os jesuítas e os agricultores, e o principal deles: o senhor e o escravo.
  Freyre inicia o capítulo enfatizando a importância da ama-de-leite e o ato de amamentar a criança branca e os seus efeitos psicológicos. Esse vínculo causava aproximação e preferência; um exclusivismo mais tarde evidenciado na relação homem – mulher dentro do casamento, como o exemplo do rapaz que apenas se conseguia excitar com o cheiro do “trapo” da sua mucama, a sua ama-de-leite na infância.
Geograficamente, o litoral agrário foi a região de maior influência africana. E o negro trouxe uma cultura superior à cultura do índio e foi capaz de desenvolver o trabalho agrícola obrigado pelo regime de escravidão. Os negros têm gosto pelo sol; já os índios reverenciam os dias de chuva (Tupã). Segundo relatos de Bates, o negro é adaptável, extrovertido, alegre, vivo. O índio, introvertido, reservado e desconfiado. Estes foram incapazes para o trabalho agrícola regular, pois eram nômades. Os índios são cerimoniais; os negros, corteses.


A cultura e peso do homem negro e a sua dieta alimentar mais equilibrada dominaram a cozinha brasileira.
Conforme pesquisa de Leonard Willians, o caráter racial tinha influência pelas glândulas endócrinas. Descrevia a diferença entre asiáticos e europeus; entre latinos e anglo-saxões. As glândulas piruritárias e supra-renais no processo de pigmentação da pele foram estudadas com grande discussão na Biologia e grandes problemas emergiram para as áreas da antropologia e sociologia modernas. Outra série de pesquisadores e cientistas trabalhou no contraste de negros de certas regiões da África com os da Amazônia; na teoria da transmissão dos caracteres adquiridos; Pavlov e Mc Dougall desenvolveram pesquisas com ratos (reflexos condicionados ou não-condicionados). Frank Boas cita outra experiência: tamanho do crânio e também, a quantidade dos pêlos, indagavam que os negros eram descendentes diretos do chimpanzé.


Os africanos vindos para o Brasil eram procedentes da cultura maometana (islamismo), cultura superior à dos índios e à maioria dos colonos brancos (semi ou analfabetos). Estes africanos sabiam ler e escrever, caracteres semelhantes ao árabe. Nas senzalas da Bahia (1835) havia mais gente que sabia ler e escrever do que na casa-grande. As mulheres negras vindas da Serra Leoa e Guiné eram as mais bonitas e despertaram as paixões nos senhores de engenho. Elas eram excelentes para o serviço doméstico. Mas os escravos de Cabo Verde eram os mais robustos e os mais caros.

Sexualidade dos negros: precisam de estímulos picantes como as danças afrodisíacas, cultos... A negra escrava inicia a vida sexual dos meninos da casa-grande. Vê-se aí, a essência do regime: “Não há escravidão sem depravação”.

Interesse econômico: possuir maior número de crias. Já dizia Joaquim Nabuco: “a parte mais produtiva da propriedade escrava é o ventre gerador.” Com isso, a sífilis. Inúmeras mulheres “imundas” com a doença... Impureza do sangue. Dr. Álvarez de Azevedo Macedo: “a inoculação deste vírus em uma mulher púbere é o meio mais seguro de extinguir em si.” Diz-se o fim da sífilis através das negras virgens (1869).
As amas-de-leite: aleitamento materno com atestações e exames de sanidade pelo médico. “A sífilis era chamada de “serpente” criada dentro da casa sem ninguém fazer caso de seu veneno”. As doenças venéreas propagaram-se mais à vontade com a prostituição doméstica. Era comum e não havia receio. A principal causa das doenças sexuais foi a desordenada paixão sexual; não o calor, que muitos acreditavam ser a causa dos males. No séc. XVIII, em livros estrangeiros, registraram o Brasil como a terra da sífilis por excelência. Os mosteiros são exemplo de devastação...


As canções de berço de Portugal modificaram-se com a pronúncia da ama, adaptando-as às condições da região. Palavras como “Saci-Pererê, boitatá, caipora, mula-sem-cabeça, sapo cururu são palavras e expressões que adquiriram formas regionais de colocação linguística.
As superstições, personagens lendários fizeram parte da infância da criança na casa-grande. Histórias contadas pelas amas como “Quibungo” (monstro terrível), ricaço de Pernambuco com seus negros (meninos no saco), o “Cabeleira” (bandido dos canaviais), nas zonas rurais do sul, um turco que comia meninos.
A linguagem infantil “amolecida” com as amas; o processo de reduplicação da sílaba tônica, exemplo: “dodói”, ficando a pronúncia mais dengosa. No norte do Brasil, a fala desmancha-se... mais suave... Caldcleugh, no século XIX, no Brasil afirma que o português brasileiro é menos nasalizado que o de Portugal. Os padres-mestres que eram responsáveis pela educação dos meninos, foram contra essa influência, utilizando a palmatória e as famosas varinhas de marmelo para aplicar castigos. Exemplos de pronúncias: “mexê”, “muié”, “oxente”... A língua acabou conquistando duas tendências: pronome antes (Brasil) e depois do verbo (Portugal). Na linguagem, o senhor usava: “faça-me...” e o escravo, mulher, filhos falavam: “me dê”.
Quando a criança deixava o berço, ganhava um escravo do mesmo sexo que o seu e mesma idade; fazia-se desde pequeno escravo, um brinquedo do senhorzinho. O melhor brinquedo dos meninos de engenho era montar a cavalo em carneiros, mas na falta de carneiros, os moleques... “Um barbante serve de rédea e um galho de goiabeira, o chicote. O ócio levava à violência que gerava prazer!
As moças seduziam, depois, estes sofriam com a castração e até com a morte. Seduzidos, eram obrigados a satisfazerem desejos da moça e depois ainda eram “condenados” por seus atos. As moças casavam com homens 15, 20 anos mais velhos e pela escolha dos pais.

As mulheres casavam cedo (12, 13, 14 anos) e envelheciam muito rápido também, talvez pelo número de filhos. A menina que chegasse aos 15 anos, solteira, sem pretendente, os pais procuravam ajuda dos santos (promessas para Santo Antônio e São João). É relevante citar a presença de um dos maiores casamenteiros da época: o padre Anchieta, jesuíta (XVI). Ainda hoje, nas zonas rurais, há o folclore do casamento precoce e a virgindade porque só tem gosto colhida verde; depois de certa idade, perdiam a delicadeza e o encanto. As meninas de 12, 13 anos, eram vivas, alegres... As de 15, 16 anos, atingiam a maturidade completa e as meninas com 20 anos ou mais, já entravam na decadência (“gordas ou murchas”).
As mulheres, senhoras casadas principalmente, se vestiam-se de maneira diferente. Havia uma disparidade entre a vestimenta da casa e das cerimônias. Viviam no ócio; apenas davam ordens e ordens estas dadas aos berros.

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