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Fisica E Eletromagnetismo

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Por:   •  14/11/2014  •  2.717 Palavras (11 Páginas)  •  293 Visualizações

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O telefone tocou...

- Alô?

- Alô. Luciano?

- Sim. Quem é?

- Não conhece mais a minha voz?

- Não estou conseguindo identificar. Quem está falando?

- Nossa, como foi fácil pra você me esquecer... Acho que não tivemos muito significado...

- Nathasha?!

- Oi...

- Que surpresa você me ligar! Pra quem disse que queria me esquecer para sempre...

- Vai ofender? Eu desligo!

- Fique à vontade, querida. Quem ligou foi você mesmo...

- Não, espere, não vou desligar. Desculpe. É que estou aborrecida, só isso.

- Tá. E o que você quer?

- Nada. Eu só queria ouvir sua voz.

- Só? Então já ouviu. Mais alguma coisa?

- Espere, pare de ser grosso. Não, desculpe, não desligue. É que eu estou me sentindo muito sozinha.

- Foi você quem quis assim, querida. Sorva do seu próprio veneno.

- Realmente você não muda. Só sabe acusar...

- Bom, vou desligar. Tchau...

- NÃO, PELO AMOR DE DEUS, não desligue, espere, preciso te dizer algo...

- Fala logo, Natasha. Tenho que trabalhar.

- Eu estava errada. Me perdoe.

- ERRADA? Você estava errada? Tem certeza disso? Será que não é um pouco tarde pra dizer isso?

- Mas agora eu reconheço...Por favor, amor, me perdoe!

- Agora? Depois que você acabou comigo, querida? Até hoje eu pago o mico do papelão que você me fez passar... Convites distribuídos, acampamento alugado, comida encomendada, viagem paga, meu casamento com você, tudo perdido... (Luciano suspira). Sofri, sofri mesmo. Queria matar você! Droga, por que eu tive que amar você? Mas tudo bem. Já faz dois anos... Ah, meu Deus, dois anos...

- Luciano, pelo amor de Deus, me perdoe!

- Pra que você quer o meu perdão? Você nem ligou pra dizer que já estava com outro cara. Pra que perdão? Vai viajar com ele, vai viver com ele, meu bem... Só me deixe em paz, por favor!

Luciano chora baixinho.

Sem se dar conta, Luciano percebe uma pessoa na porta do escritório.

Era ela. Natasha estava olhando pra ele. Ela falava do celular.

Luciano fica perplexo, alegre e triste - ela está linda, belíssima, muito elegante. Mas seu rosto está abatido, cansado, doente. Na mão tinha uma sacola. Aproximou-se da mesa de Luciano, e, com olhos lacrimejantes, desligou o celular, olhou para ele e disse:

- Oi, amor.

- Oi, Natasha. Pare de me chamar de amor. Você tá um caco, filha!

Olhos baixos, Natasha começa a tirar da sacola algumas coisas: uma caixa do correio com um CD do Demmis Roussos, que Luciano havia enviado de presente no aniversário, uma boneca de porcelana numa casinha de papel, um celular pré-pago, alguns livros devocionais, uma bíblia de Genebra e um pacote de fotografias. Luciano a observava, perplexo, triste, e via as lágrimas de Natasha molharem a fórmica da sua escrivaninha. Cada objeto tirado era uma facada no coração sofrido de Luciano. Algumas coisas lhe custaram caro, ele fizera grande esforço para pagá-las. Mas, pensava ele, se era pra ela, valeria à pena o esforço. Quando tudo terminara, ele se arrependera de tanto gasto desperdiçado...

- Pensei que você havia jogado fora as coisas que lhe dei, Natasha...

- Eu nunca me esqueci de você, Luciano. Eu errei. Errei muito, me perdoe...

Luciano, jovem advogado, lutador com as interpéries da vida, sabia que Natasha poderia estar mentindo, como tantas outras vezes, quando namoravam e mesmo quando eram noivos. Mas havia um quê de diferente no olhar vermelho de Natasha.

- Por que você veio hoje aqui, Natasha? Deu a louca? O que te traz aqui?

- Natasha suspirou, chorou, recompôs-se e disse:

- Estou com câncer, Luciano...

- CÂNCER? Luciano petrificou-se.

- Sim, amor, eu vim me despedir. Saí do hospital à força, pra falar com você e pra morrer em casa...

Luciano não esperava por essa. Veio-lhe à memória uma de suas discussões, onde Natasha, na hora do nervoso, dissera: "E daí, Luciano? Que se dane a igreja, que se dane o pastor, que se dane você, e se Deus achar que estou errada, que me castigue..." Nossa, era como se a cena passasse de novo na mente de Luciano.

- Como foi, Natasha?

- Depois que eu deixei você, amor, fui caindo no abismo, afastei-me do Senhor, fui morar com o André, abandonei a Cristo. Eu estava cega. Mas Deus me amava, Luciano. Se eu não fosse dEle, estaria numa boa agora, bem com o André, bem comigo e pronta pra ir pro Inferno. Mas, por amor, Deus veio corrigir-me. Ele repreende e castiga a quem ama. Ele me ama, Luciano! Estou doente. Mas estou bem, porque estou podendo vir até você pra pedir perdão! Nunca fui feliz, nunca tive paz, saí de casa com 3 meses de vida a dois. O André me batia, me traía, eu fugi.

- E ele não foi buscar você de volta?!

- O André foi assassinado, Luciano. Tráfico de drogas.

Luciano estava perplexo.

- Luciano, estou voltando pro Senhor, estou me preparando pra partir. Mas tenho que receber o seu perdão, amor! Sei que nunca irei compensar o que lhe fiz, mas... por favor... ME PERDOA, AMOR!

Luciano olhou para aquele resto de mulher - outrora tão orgulhosa, ostentando tanta beleza e auto-suficiência, confiando tanto em seu corpo e em sua fulgurante beleza, e agora, bonita ainda, mas notadamente pálida, enferma, cheia de hematomas nos braços, pescoço e pernas, e triste, profundamente triste, a implorar-lhe perdão para morrer em paz!

Cena patética! Ali estava quem Luciano

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