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RECOMENDAÇÕES TECNOLÓGICAS

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Por:   •  27/8/2014  •  Projeto de pesquisa  •  4.077 Palavras (17 Páginas)  •  140 Visualizações

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RECOMENDAÇÕES TECNOLÓGICAS

Quem preserva a terra não tem medo do futuro

APRESENTAÇÃO

Empobrecimento do solo, poluição, destruição de redes de eletricidade e cercas, acidentes rodoviários. Todos os anos estes e outros reflexos das queimadas causam prejuízo para o Brasil. O Governo Federal, ciente desses problemas, tem desenvolvido, em parceria com diversas instituições públicas e privadas, uma série de ações, procurando minimizar as conseqüências do uso das queimadas.

Agora, o Ministério da Agricultura e do Abastecimento também se engaja nesse esforço promovendo uma campanha de alternativas para a prática das queimadas na agricultura. A maior preocupação da campanha é sensibilizar as comunidades para a questão e oferecer tecnologias que substituam o uso do fogo nos principais sistemas de produção agropecuária. O suporte técnico é oferecido pela Embrapa cujo acervo tecnológico tem soluções alternativas para as principais atividades agrícolas que se utilizam de queimadas no manejo de diferentes culturas.

As queimadas e incêndios florestais no Brasil alcançam todos os anos dimensões gigantescas. São mais de 300 mil focos de queimadas por ano. Deste total, 85% acontecem em áreas da Amazônia Legal. Na sua grande maioria, as queimadas constituem-se em prática agrícola usual, utilizadas para controla de pragas, limpeza de áreas para plantio, renovação de pastagens e colheita da cana-de-açúcar. Se de um lado a queimada facilita a vida de parte dos agricultores trazendo benefícios a curto prazo, de outro, ela afeta negativamente a biodiversidade, a dinâmica dos ecossistemas, aumenta o processo de erosão do solo, deteriora a qualidade do ar e provoca danos ao patrimônio público e privado, prejudicando a sociedade como um todo.

Esta publicação pretende contribuir para a diminuição do uso do fogo na agricultura, oferecendo uma série de alternativas tecnológicas para o produtor rural. As recomendações técnicas aqui contidas são de fácil assimilação e podem ser implementadas em curto espaço de tempo.

As parcerias com os governos dos estados de Mato Grosso, Tocantins, Pará e Maranhão são fundamentais para o sucesso desta empreitada. O envolvimento comunitário, por intermédio das prefeituras municipais, órgãos representativos da classe, secretarias de agricultura, de meio ambiente, ONGs e de outras forças atuantes dentro de cada município, garantirá que esta iniciativa alcance o seu objetivo de diminuir o uso das queimadas na agricultura. Afinal, precisamos preservar nossa terra para o futuro das novas gerações.

Alberto Duque Portugal

Diretor-Presidente da Embrapa

SUMÁRIO

Tecnologias para reduzir a prática das queimadas

Tecnologias para reduzir queimadas em sistemas de Lavoura/Pecuária

Tecnologias para reduzir queimadas em Sistemas de Agricultura Familiar

Como queimar: a queimada controlada

Endereços

TECNOLOGIAS PARA REDUZIR A PRÁTICA DAS QUEIMADAS

O fogo é amplamente utilizado na agricultura brasileira. Na história da pecuária nacional, é prática comum, na região dos Cerrados e da Amazônia Legal, a utilização de queimadas das áreas com pastagens, visando a renovação ou recuperação da pastagem, a eliminação de plantas daninhas e adição de nutrientes ao solo, oriundos do material vegetal queimado. À primeira vista, a pastagem rebrotada surge com mais força e melhor aparência do que a inicialmente existente. Entretanto, ao longo dos anos, essa prática provoca degradação físico-química e biológica do solo, e traz prejuízos ao meio ambiente.

A prática da queimada obriga o produtor a reduzir a lotação animal, pela diminuição da capacidade produtiva das forrageiras, como conseqüência da desnutrição vegetal e das más condições do solo (especialmente a compactação) para o crescimento das raízes. A forrageira, neste tipo de exploração, além de apresentar sistema radicular pouco desenvolvido e com baixas reservas de carboidratos, perfilha pouco e fixa CO2 ineficientemente, prejudicado pelo reduzido tamanho de sua folha e pela desnutrição.

Por outro lado, o superpastejo permanente, pode reduzir o número de plantas da pastagem, descobrindo o solo e contribuindo para a sua compactação e para a redução da capacidade de infiltração de água, a qual passa a escorrer pela superfície, arrastando os nutrientes e as partículas superficiais do solo. Isso aumenta o estado de degradação da pastagem. Os solos dos Cerrados e da Amazônia Legal, em sua maioria, são susceptíveis à erosão e com baixa fertilidade.

Diante dessa situação, os produtores precisam usar sistemas de produção adequados para manter a capacidade produtiva dos solos e sua competitividade, dentro de um mercado globalizado.

Como se originam as queimadas? Tudo indica que suas causas são essencialmente agrícolas e, em geral, as queimadas ocorrem em áreas já desmatadas. Assim, perante a opinião pública e a imprensa, o produtor rural é o vilão das queimadas. O controle do fogo e a diminuição das queimadas merecem uma atenção especial, devido aos impactos negativos que provocam sobre o meio ambiente, como poluição, problemas na saúde, prejuízos em redes de eletrificação e em cercas, e queima de áreas não previstas, devido ao fogo fora de controle, causando enormes prejuízos a vizinhos e reservas ecológicas.

O fogo não deixa de ser um instrumento de manejo, mas o Ministério da Agricultura e do Abastecimento engajou-se, de forma proativa, na redução das queimadas no Brasil. A queima apresenta aspectos positivos, mas pode ser substituída, com vantagens, pelo uso de tecnologias alternativas.

A Embrapa dispõe de várias tecnologias que, se devidamente usadas, e com apoio governamental, podem reduzir de forma expressiva, a prática das queimadas como instrumento de manejo, trazendo benefícios ao meio ambiente e à sociedade.

Tecnologias para reduzir queimadas em sistemas de pastagens nativas e cultivadas

As pastagens, tanto nativas como cultivadas, têm seu crescimento influenciado pelas condições climáticas de calor, na Região Sul e de chuva, nas demais regiões, especialmente Nordeste, Centro-Oeste e Norte.

Em ambas, as queimadas visam à eliminação de macegas que se acumulam no campo, ao longo dos anos, o que reduz o consumo e provoca o pastejo desuniforme pelos animais. Nas áreas nativas, a queima estimula a remineralização da biomassa e a transferência de nutrientes minerais para a superfície do solo, sob a forma de cinzas, constituídas por óxidos de cálcio, potássio, magnésio e outros elementos minerais. Como conseqüência, ocorre o aumento imediato da produção da forragem, mas ela decresce nos anos posteriores, principalmente quando a queima é anual e realizada na mesma área.

Em pastagens cultivadas, a queima é uma prática indesejável, pois a sua produção deve ser transformada em carne, leite e lã, e o fogo pode, inclusive, eliminar as forrageiras leguminosas.

A melhor forma de utilizar a massa produzida pelas forrageiras é através do manejo, com animais. Em geral, o manejo deve ser feito de forma a acumular matéria seca nos períodos críticos do inverno, no Sul, e da seca, nas demais regiões. É preciso planejar as sobras para utilização no período crítico, uma vez que o consumo dos animais é menor e essas sobras têm menor valor nutricional.

Aqui estão algumas soluções que, além de evitar o fogo, podem aumentar o desfrute do rebanho e a renda do produtor.

Uso da uréia pecuária

Para que essa tecnologia dê resultado, é fundamental dispor de pastagens com boa disponibilidade de forragem, ou seja, bastante pasto seco. Ela é bastante simples e de baixo custo, consistindo em misturar a uréia pecuária com o sal mineral. Essa mistura tem por objetivo fornecer a proteína de que o animal precisa e não encontra na pastagem seca, cujo teor protéico é baixo. O uso da uréia pecuária no sal estimula o animal a aumentar o consumo de forragem.

Com esse manejo, os animais podem ter algum ganho de peso, mas seguramente, se eles perderem peso, será muito menos do que sem o uso da uréia pecuária. Além disso, se os animais consomem maior quantidade de forragem na estação seca, menos ficará de sobra, e o pasto não mais precisará ser queimado para eliminar o excesso de material morto.

Quando usar: o fator tempo

O uso da uréia pecuária deve ser feito quando o pasto floresce e começa a secar. Isso acontece a partir de maio/junho, nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Na Região Nordeste, a partir de julho e, na região Norte, a partir de agosto/setembro. Nesse momento, e sem esperar que os animais comecem a perder peso, inicia-se o fornecimento de uréia pecuária no sal mineral, da seguinte forma:

na primeira semana, deve-se misturar 9 kg de sal mineral com 01 (um) kg de uréia pecuária;

na segunda semana, 8 kg de sal mineral e 2 kg de uréia pecuária;

na terceira semana, 7 kg de sal mineral e 3 kg de uréia pecuária;

na quarta semana, 6 kg de sal mineral e 4 kg de uréia pecuária.

Cuidados com a mistura

Consumida em quantidade excessiva, a uréia pecuária é tóxica para os animais, daí a necessidade de misturar bem os dois ingredientes. O composto de sal mineral e uréia pecuária deve ser fornecido de forma contínua, sem interrupção, até o início das chuvas. É preciso evitar o fornecimento da mistura com uréia pecuária a animais famintos e cuidar para que a água não se acumule no cocho, pois a uréia pecuária molhada se transforma rapidamente em compostos tóxicos aos animais. O sintoma da intoxicação é o empanzinamento, que é tratado com vinagre ou suco de limão, fornecido goela a baixo.

Ao usar essa tecnologia, o produtor vai observar que, graças ao maior apetite do gado, não é mais necessário usar o fogo para eliminar a macega das pastagens nativas, ou a massa seca não consumida das pastagens cultivadas. Assim, o produtor melhora a produção e contribui para conservar o meio ambiente, tornando sua atividade sustentável.

Unidades da Embrapa para contato:

Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)

Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)

Embrapa Pantanal (Corumbá-MS)

Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)

Uso da "mistura múltipla"

A "mistura múltipla" é um suplemento alimentar para gado bovino composto pela mistura de sal mineral com ingredientes que servem como fonte de energia (milho), fonte de proteína natural (farelo de soja) e fonte de nitrogênio não protéico (uréia pecuária).

Para melhores resultados do uso da mistura múltipla, é fundamental dispor de pastagens com boa disponibilidade de forragem, ou seja, bastante pasto seco. Ela é mais completa do que a tecnologia da uréia pecuária, pois busca atender mais plenamente às exigências nutricionais dos animais. Ao receber essa mistura, os animais são estimulados a aumentar o consumo de forragem, mesmo que ela esteja seca, fibrosa e com baixo teor de proteína.

Para preparar 100 kg da mistura múltipla, são usados os seguintes ingredientes e quantidades:

Ingredientes

Quantidade

Farelo de algodão

15 kg (ou farelo de soja)

Milho triturado

27 kg ( ou sorgo, ou milheto, ou farelo de arroz)

Uréia pecuária

10 kg

Fosfato bicálcico

16 kg ( ou superfosfato triplo, ou farinha de osso)

Sal comum

30 kg

Flor de enxofre

1,3 kg

Sulfato de zinco

600 gramas

Sulfato de cobre

80 gramas

Sulfato de cobalto

20 gramas

Essa mistura deve ser fornecida, aos animais, de forma contínua e à vontade, sem interrupção, especialmente no período crítico da seca. Cada animal consome, em média, de 200 a 300 gramas por dia. A mistura múltipla não deve ser dada aos animais famintos.

Para a lotação de uma unidade animal por hectare (equivalente a dois bezerros, com 225 kg cada um), o custo médio dessa mistura gira em torno de R$20,00 por hectare, considerando um período seco de 120 dias. O ganho de peso esperado, com base na experiência já obtida por produtores na região do Cerrado, é de até R$24,00 por hectare, em 120 dias.

Durante o período seco, o animal perde peso, pois consome menor quantidade de matéria seca. Com isso, sobra mais macega, ou o pasto não é aproveitado, induzindo o produtor a queimar a sobra. Utilizando a tecnologia da "mistura múltipla", além do ganho de peso dos animais, ou menor perda, o produtor melhora a produção, não usa o fogo e contribui para melhorar o meio ambiente, tornando sua atividade sustentável.

Unidades da Embrapa para contato:

Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)

Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)

Embrapa Pantanal (Corumbá-MS)

Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)

"Banco de Proteína" como complemento de pastagem nativa

A tecnologia "Banco de Proteína" como complemento de pastagens pode substituir, com vantagem, a prática da queimada.

Como funciona

O "Banco de Proteína" é um sistema integrado onde uma porção da área da pastagem nativa ou cultivada é reservada para leguminosas forrageiras de alto valor nutritivo. O acesso dos animais aos bancos de proteína pode ser livre, ou limitado a alguns dias por semana ou horas por dia, ao longo do ano, ou em determinadas épocas. O uso dos bancos de proteínas tem o propósito estratégico de corrigir a deficiência de proteína e fornecer forragem de melhor qualidade aos animais.

As leguminosas utilizadas devem ser de alta produtividade, com alto valor nutritivo e elevado teor de proteína, de crescimento rápido e boa capacidade de rebrota, resistência à seca e alta palatabilidade . Entre as várias opções de leguminosas, podem ser usadas a leucena, o estilosantes, o guandu, a puerária e outras. A Embrapa Cerrados testou e recomenda o uso de leucena e estilosantes (cv. Mineirão).

A área de leucena deve ser subdividida para pastejo, pois a leucena não persiste sob pastejo contínuo. Os períodos de pastejo e descanso variam. Tem sido usado 07 a 14 de pastejo, e 35 a 70 dias de descanso, durante a época seca.

O estilosantes fica verde durante a seca, prestando-se, portanto, para pastejo durante essa época. A subdivisão da área de estilosantes, em piquetes, é recomendada, visando a suprir forragem durante toda a época seca.

O emprego do banco de proteínas (na proporção de 0,3 hectare/animal) de leucena ou de estilosantes, durante todo o ano, como complemento de pastagem nativa (4,7 hectare/animal) permite que novilhas zebus atinjam o peso de cobertura (300 kg) aos 24 meses, durante a estação de monta controlada.

O mesmo acontece quando a leucena (na proporção de 0,15 hectare/animal) é usada durante o período de chuva, associada ao uso do estilosantes (0,15 hectare/animal), durante o período de seca, como complemento de pastagem nativa (4,7 hectare/animal). Nesse sistema, há ganho de peso ao longo de todo o ano.

Com o emprego de banco de proteína, a área de pastagem nativa pode ser reduzida de 4,7 para 3,2 hectare/animal, sem haver prejuízos acentuados no peso final dos animais, com uma queda de 379 para 368 quilos.

A tecnologia do banco de proteína associada à pastagem nativa tem duas grandes vantagens. A primeira é não precisar queimar as pastagens nativas, pois, com a carga animal adequada, não ocorre acúmulo de macega ou forragem. Para que isso ocorra, é necessário dividir a pastagem nativa em piquetes, fazer uma distribuição estratégica de aguadas e saleiros, e formar lotes de animais adequados para utilizar a forragem consumível em determinado período de tempo. Essa não é uma tarefa fácil e exige habilidade e experiência do proprietário ou gerente da fazenda. A segunda vantagem é o aumento da produção, pois as fêmeas podem ser cobertas aos dois anos de idade e os machos têm maior ganho de peso.

As produções anuais médias de quatro anos, de leucena e estilosantes, são ao redor de 2.666 e 2.640 kg/hectare de matéria seca consumível, respectivamente.

Considerando teores de proteína bruta de 23 e 12%, respectivamente, na forragem de leucena e de estilosantes, estima-se que as produções anuais de proteína bruta são de 613 e 317 kg/hectare, correspondendo a cerca de 2.043 (40,86 sacos) e 1.057 (21,14 sacos) kg/hectare/ano de farelo de algodão, com 30% de proteína bruta, respectivamente. Para efeito comparativo, a alternativa de substituição de torta de algodão por banco de proteína, na suplementação de pastagem nativa, confere ao produtor uma economia de insumo da ordem de R$112,00 por animal. Os custos de implantação de banco de proteínas de leucena e estilosantes foram de R$209,00 e r$142,00 por hectare, respectivamente.

Unidades da Embrapa para contato:

Embrapa Semi-Árido (Petrolina-PE)

Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)

Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)

Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)

Restabelecimento da capacidade produtiva das pastagens

A prática da queimada é utilizada para limpeza da pastagem, em substituição à roça, por causa do baixo custo operacional. A utilização de queimadas em áreas de pastagens cultivadas tem, como objetivo, eliminar restos de massa seca com grande conteúdo de talos, que não foram consumidos pelos animais durante a estação seca, e, ao mesmo tempo, propiciar nova rebrota, com forragem de melhor qualidade.

As alternativas tecnológicas desenvolvidas para o restabelecimento da capacidade produtiva das pastagens contemplam, em sua grande maioria, correção e fertilização do solo, associadas à sua movimentação, com implementos agrícolas. O uso das culturas de milho, milheto, arroz e soja, implantadas em pastagens degradadas e dentro de recomendações técnicas específicas, tem possibilitado o restabelecimento da capacidade produtiva das pastagens, e a produção de grãos durante um ou mais ciclos de cultivo.

Na recuperação de pastagens, sem o uso de culturas anuais, deve-se incluir uma leguminosa forrageira. A leguminosa incrementa a produção de forragem, nas chuvas, pela maior oferta de nitrogênio, e elimina a perda de peso dos animais, na seca. Sua permanência no pasto depende da exclusão da queima, uma vez que um dos efeitos do fogo é a destruição das leguminosas.

Os procedimentos e investimentos adotados no restabelecimento da capacidade produtiva das pastagens e da infra-estrutura, e a necessidade de reverter a forragem produzida em produto animal, faz com que os produtores adotem sistemas de prevenção ao fogo. A forragem produzida em pastos cultivados, quando associada a outras práticas de manejo (uréia pecuária e sal, uso de mistura múltipla), constitui-se fonte alimentar indispensável para os rebanhos.

Outra vantagem altamente benéfica e restritiva às queimadas é a possibilidade de aumento de produtividade nas áreas atualmente cultivadas, sem a necessidade de novas derrubadas da vegetação nativa que, invariavelmente, conduzem ao uso do fogo.

Os custos das diferentes técnicas de restabelecimento da capacidade produtiva das pastagens variam de R$300,00 a R$450,00/ha. Por outro lado, os custos de recuperação são amortizados pelas produções médias por hectare de 4.000 kg de milho, 1.800 kg de arroz e 1.600 kg de soja. A recuperação direta da pastagem, sem o uso de cultivos anuais, apresenta custo de aproximadamente R$180,00. Essas técnicas são usadas pelos pecuaristas, de acordo com a sua tradição e infra-estrutura de produção.

Unidades da Embrapa para contato:

Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO)

Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP)

Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)

Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)

Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA)

Embrapa Rondônia (Porto Velho-RO)

Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)

Adubação de manutenção associada ao manejo das pastagens

Esta tecnologia pode ser aplicada para pastagens cultivadas de Andropogon, Brachiaria e Panicum. Consiste na aplicação anual ou, a cada dois anos, de fertilizantes solúveis de fósforo e de potássio, em cobertura, no início da estação chuvosa.

A quantidade de fertilizantes a ser aplicada deve ser baseada em análises das plantas e dos solos. A análise foliar deve ser efetuada preferencialmente em duas épocas do ano: uma, no período chuvoso (janeiro - fevereiro) e a outra no período seco (julho - agosto), em amostras de lâminas foliares coletadas na primeira ou segunda folha totalmente expandida, do ápice para a base da planta.

A aplicação pode ser efetuada em cobertura, à lanço, na superfície das pastagens, após análise do solo e se possível de análise foliar. Deve-se dar preferência aos adubos solúveis, tais como: superfosfato simples, superfosfato triplo e cloreto de potássio. A análise do solo deve ser efetuada nos meses de abril a junho, na profundidade de 0 a 20 cm para avaliação da fertilidade e de 20 a 40 cm para estimar a fertilidade e a acidez subsuperficial.

As quantidades de fertilizantes a serem aplicadas devem ser calculadas com base na análise de solo e recomendadas por um técnico da região que conheça as características dos solos e das condições de manejo animal da propriedade e ou da região.

A aplicação de adubos nitrogenados deve seguir duas orientações. Primeiro, se a pastagem for para uso mais intensivo, como engorda ou recria de animais, a aplicação de nitrogenados deve ser feita no decorrer do período chuvoso, sendo apenas uma aplicação para doses de até 75 kg/ha de N e parcelada em duas ou três vezes se a dose for acima de 100 kg/ha de N. Num segundo caso, se o proprietário pretende alongar a produção da pastagem no período seco, a aplicação deve ser feita no final do período chuvoso. Esta última alternativa permite maior produção de material verde no período seco, diminuindo o risco de queimadas. A decisão sobre a utilização da adubação nitrogenada deve ser tomada de acordo com o sistema de produção, dando preferência às atividades de recria e engorda, que permitem um retorno do investimento em tempo mais curto.

Unidades da Embrapa para contato:

Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)

Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)

Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP)

Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG)

Embrapa Rondônia (Porto Velho-RO)

Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA)

Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)

Embrapa Pantanal (Corumbá-MS)

Recuperação de pastagens degradadas

Nas últimas décadas, grande parte das florestas da Amazônia brasileira destinou-se a implantação de pastagens para criação de gado de corte. Em função de transformações ocorridas no solo, do uso de germoplasma inadequado, de falhas no estabelecimento, da pressão biótica e de problemas de manejo da pastagem, esses pastos dificilmente mantêm a sua produtividade inicial, depois de oito anos.

As operações de recuperação podem incluir o uso de implementos agrícolas no preparo do solo, adubação e plantio de forrageiras geneticamente selecionadas. Na fase de estabelecimento são necessários o controle de invasoras e pragas, além da cautela nos primeiros pastejos.

A integração da pastagem com cultivos anuais pode cobrir parte dos custos de recuperação e, com plantio de espécies perenes, pode-se tornar a exploração mais sustentável. Contudo, substanciais melhorias nos manejos da pastagem e do rebanho são necessárias para maximizar os resultados da recuperação.

Unidade da Embrapa para contato:

Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA)

Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM)

Embrapa Rondônia (Porto Velho-RO)

Embrapa Acre (Rio Branco-AC)

Embrapa Roraima (Boa Vista-RR)

Embrapa Amapá (Macapá-AP)

Pastejo rotacionado intensivo com adubação

Atualmente a pecuária, além de ser competitiva, tem de ser sustentável biológica, ecológica, social e economicamente. Somente com o binômio profissionalismo e tecnologia se poderá alcançar esse objetivo.

A intensificação da pecuária na Amazônia, via adubação, dispensa plenamente a utilização da prática da queimada como ferramenta de manejo de pastagem, por possibilitar o aproveitamento do excesso de forragem que, em outras situações, seria queimado. Permite, ainda, que a forrageira domine as ervas daninhas da pastagem, outra justificativa para as queimadas.

O Pastejo rotacionado intensivo com adubação, em pastagem cultivada de Brachiaria brizantha cv. Marandu, permite produzir o "Novilho Precoce", usando-se pressão de pastejo de até 3,5 Unidades Animais de 450 kg por hectare/ano, cujos animais chegam a pesar 500 kg de peso vivo, com idades entre 24 e 30 meses e rendimento de carcaça de 54%. A margem de lucro é de aproximadamente R$400,00 por hectare/ano, bastante superior à média brasileira no segmento recria-engorda para bovinos.

Com suplementação alimentar durante ano inteiro, utilizando uréia pecuária, cultivos da fazenda (cana-de-açúcar, outras gramíneas) e subprodutos da agroindústria (cama de frango, farelos de trigo, arroz, milho e tortas de dendê, coco, babaçu) em pastejo rotacionado intensivo, com adubação, em Brachiaria brizantha cv. Marandu, pode-se produzir o "Novilho Superprecoce", usando-se pressão de pastejo de até 5 Unidades Animais de 450 kg hectares/ano. O peso vivo de abate é de 500 kg, entre 18 e 24 meses de idade, com rendimento de carcaça de cerca de 54%. A margem de lucro é da ordem de R$500,00 hectares/ano, suplantando em oito vezes a média brasileira no segmento recria-engorda para bovinos.

Unidade da Embrapa para contato:

Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA)

Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)

Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP)

Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)

Diversificação de espécies forrageiras

Uma tecnologia simples e interessante, que evita a queima de pastagens, é a diversificação de espécies forrageiras, na propriedade. Ela permite ofertar maior quantidade de forragem, durante a estação de chuvas, e ainda preserva aquelas que mantêm sua qualidade ao longo da estação do ano, para uso no período seco. A diversificação de espécies forrageiras, nas pastagens da propriedade, não significa incrementar o custo de produção: ela apenas proporciona maior racionalização no processo de produção de forragem. São, também, reduzidos os riscos de pragas e doenças que podem assolar os cultivos de uma espécie. A exploração do potencial de produção das diferentes espécies e de suas características diversas elimina a necessidade de adoção do fogo, como prática de manejo nas áreas cultivadas.

Como exemplos de diversificação, o uso de espécies como Andropogon gayanus, para a estação de chuvas, e as espécies de Brachiaria e Panicum, para o período de seca, otimiza a capacidade produtiva dos solos, reduz os efeitos de pragas e possibilita ofertar forragem de qualidade, ao longo do ano. Isso não quer dizer que as Brachiaria e os Panicum não devem ser usados no período de chuvas. O que se busca é um uso racional e planejado, de forma a sobrar massa nos pastos dessas espécies, que são melhor consumidas pelos animais, no período seco.

A diversificação de espécies na propriedade tem abrangência irrestrita no Território Nacional. É uma prática que precisa ser amplamente difundida entre os produtores. A forragem produzida em pastos cultivados, quando associada a outras formas de manejo, como o diferimento de pastos e a suplementação energética e protéica, constitui-se fonte alimentar indispensável para os rebanhos. Assim, toda forragem produzida poderá ser convertida em produtos como carne, leite e lã, prevenindo e reduzindo a prática das queimadas.

Unidades da Embrapa para contato:

Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados-MS)

Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)

Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP)

Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)

Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)

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