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Antítodo Contra Despejo

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Por:   •  9/4/2014  •  579 Palavras (3 Páginas)  •  324 Visualizações

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Quem anda hoje pelas ruas arborizadas de Brás de Pina, antiga princesinha do subúrbio da Leopoldina, não imagina que há pouco mais de 30 anos o bairro era dominado por uma grande favela e que seus moradores correram sério risco de serem removidos para conjuntos habitacionais da Zona Oeste. Era final dos anos 60, auge da ditadura militar. Cerca de 30 favelas da cidade já haviam sido extintas, entre elas, Catacumba, Praia do Pinto e Esqueleto. Brás de Pina seria a próxima da lista. Os moradores não aceitavam a remoção e exigiam uma alternativa. Foi quando entrou em cena o Quadra - grupo de arquitetos comandado pelo professor de urbanismo e antropólogo Carlos Nelson Ferreira dos Santos. Eles tinham outros planos para a favela.

Carlos Nelson acreditava que a favela deveria ser um "investimento social", como declarou certa vez o urbanista Augusto Ivan. E assim foi. O urbanista-antropólogo propôs um projeto completamente inovador: os próprios moradores da favela de Brás de Pina ficariam responsáveis por desenhar as melhorias para suas casas. Os arquitetos do Quadra apenas adaptariam as plantas de acordo com as necessidades técnicas e particularidades de cada imóvel. Hoje é impossível dizer o que era favela e o que virou bairro.

Moradores desenham nova urbanização, anos 80

Moradores desenham nova urbanização, anos 80

Os arquitetos que trabalharam na urbanização de Brás de Pina foram contratados pelo Governo Estadual através da Companhia de Desenvolvimento de Comunidades (Codesco), criada em 1967, durante o regime militar. A Codesco trabalhava diretamente com as associações de moradores e foi responsável também pela reforma das favelas do Morro União e Mata Machado. Em Brás de Pina, a Codesco fez todo o levantamento sobre a localização das casas e condições do sistema de água e esgoto. Os arquitetos do Quadra trabalharam na comunidade durante cinco anos. Os projetos da Codesco seriam depois encerrados com a mudança de Governo.

O caso da antiga favela de Brás de Pina provou que a opção pelo investimento na urbanização é mais barato e dá mais retorno aos cofres públicos do que, por exemplo, a remoção dos moradores de comunidades pobres para conjuntos habitacionais afastados do Centro. Brás de Pina serviria depois como inspiração para outros programas urbanísticos do Estado. O próprio Favela-Bairro, dos anos 90, resgata idéias sugeridas pela primeira vez pelo Quadra.

Um dos inspiradores da política não-remocionista da Codesco foi o urbanista inglês John Turner, que esteve no Rio nos anos 60. É dele a frase que talvez resuma melhor o espírito do Quadra: 'A favela me foi mostrada como um problema e, no entanto, é a solução; os planos de erradicação eram citados como a solução, e são o problema".

O bairro de Brás de Pina tem hoje cerca de 160 mil moradores e duas das favelas mais violentas do subúrbio carioca: Vila Pequiri e Favela do Quitungo, que por ironia do destino receberia famílias removidas de outras comunidades do Rio no início dos anos 70.

O processo de urbanização da favela de Brás de Pina foi estudado profundamente pela arquiteta e urbanista Stella Pugliesi, autora do trabalho “Urbanização de favelas: de alternativa à política consolidada”, defendido

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