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Como os canibais ameríndios comeram um prisioneiro – Hans Staden

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Por:   •  9/4/2013  •  Tese  •  1.903 Palavras (8 Páginas)  •  605 Visualizações

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UNESA – AV1 – CULTURA BRASILEIRA –

PROF. DR. WANDER LOURENÇO

Texto 1: Como os canibais ameríndios comeram um prisioneiro – Hans Staden

Alguns dias depois, um prisioneiro serviria de refeição numa aldeia de nome Ticoaripe, localizada a cerca de seis milhas de Ubatuba. Alguns moradores de nossa aldeia também quiseram ir até lá e levaram-me junto para a festa, em seu barco. O prisioneiro que eles tinham a intenção de comer pertencia à tribo dos Maracaia.

Sempre que um prisioneiro vai ser morto, eles preparam aquela beberagem chamada cauim. Na noite anterior ao banquete da festa fui ter com o escravo e perguntei-lhe: “Você está bem preparado para a morte?” Sorriu, afirmando que sim, que estava com tudo o que era necessário, só a mussurana é que não era longa o suficiente, em sua terra era mais bem feita. Referia-se ao cordão, da grossura de um dedo e feito de algodão, com que os prisioneiros são amarrados. Depois continuou a falar, como se tivesse indo a quermesse.

Eu tinha comigo um livro português, que os selvagens haviam trazido de uma nau tomada de assalto com o auxílio dos franceses e me deram.

Depois de deixar a companhia do prisioneiro, li um trecho do livro, mas fiquei com tanta pena do homem que voltei a procurá-lo com o propósito de continuar a nossa conversa, já que os Maracaia são amigos dos portugueses. Contei-lhe que também era prisioneiro, como ele, e não tinha vindo à festa por ter vontade de comê-lo, mas porque meus senhores me trouxeram. Ele respondeu: “Sei muito bem que a sua gente não devora homens.”

Tentei consolá-lo com o argumento de que iriam comer apenas a sua carne, ao passo que seu espírito iria para um lugar aonde os espíritos de minha gente também iam, no qual se encontrava muita alegria. Quis saber se isso era mesmo verdade e eu afirmei que sim. Ele disse que nunca chegara a ver Deus, então respondi que o veria numa outra vida. Com isso, terminei a conversa e fui embora. Ainda naquela mesma noite, surgiu um vento forte, arrancando pedaços dos tetos das cabanas. A reação imediata foi a cólera dos selvagens, que falavam: “O homem mau, o santo, trouxe o vento, pois no dia anterior ele voltou seu olhar para o couro dos trovões”. Referiam-se assim ao livro. Achavam que era eu que tinha feito aquilo, de propósito, porque o escravo era amigo nosso, dos portugueses, e eu queria impedir a festa com o tempo ruim. Como eles ficaram irritados com aquilo, pedi a Deus nosso Senhor: “Senhor, protegeste-me até agora, continua sendo meu protetor”.

Ao nascer do dia, o clima estava bom novamente, e eles beberam bem humorados. Eu, por minha vez, fui falar com o prisioneiro e expliquei a ele que o grande vento tinha sido Deus querendo levá-lo para junto de si. No dia seguinte, ele serviu de alimento.

[...] Quase em frente à minha cabana ficava a do chefe Tatamiri, possuidor de um cristão assado. Segundo seu costume, mandou preparar a beberagem, e para isso reuniram-se vários selvagens, cantando, dançando e divertindo-se muito. No dia seguinte, preparam e comeram a carne assada. Quanto à carne do outro, de Jerônimo, ficou por quase três semanas pendurada na cabana em que eu também vivia, dentro de uma cesta sobre o fogo. Com isso, tornou-se seca como madeira. O fato de não ter sido comida por tanto tempo tinha o seguinte motivo: Paraguá, a quem ela pertencia, havia partido para procurar as raízes das quais se produz a beberagem que devia ser bebida durante a refeição com a carne de Jerônimo. Desse modo, o tempo ia passando, mas eles não queriam levar-me à nau antes da festa em que comeriam a carne de Jerônimo. Enquanto isso, a nau francesa, que estava ancorada a cerca de oito milhas de Ubatuba, foi embora. Fiquei muito perturbado ao receber essa notícia. Por sua vez, os selvagens achavam que, como os franceses normalmente vinham até ali todo ano, eu devia estar satisfeito.

Texto 2: Com que cerimônia matam e comem seus inimigos – Hans Staden

Quando trazem para casa seus inimigos, as mulheres e as crianças os esbofeteiam. Enfeitam-nos depois com penas pardas, cortam-lhes as sobrancelhas; dançam em roda deles, amarrando-os bem, para que não fujam.

Dão-lhes uma mulher para os guardar e também para ter relações com eles. Se ela concebe, educam a criança até ficar grande; e depois, quando melhor lhes parece, matam-na a esta e a devoram. Fornecem aos prisioneiros boa comida; tratam assim deles algum tempo, e ao começarem os preparativos, fabricam muitos potes especiais, nos quais põem todo o necessário para pintá-los; ajuntam feixes de penas que amarram no bastão com os que hão de matar.

Trançam também uma corda comprida a que chamam mussurana com a qual os amarram na hora de morrer. Terminados todos os preparativos, marcam o dia do sacrifício. Convidam então os selvagens de outras aldeias para aí se reunirem naquela época. Enchem todas as vasilhas de bebidas e, um ou dois dias antes que as mulheres tenham feito essas bebidas, conduzem o prisioneiro uma ou duas vezes pela praça e dançam ao redor dele.

Reunidos todos os convidados, o chefe da cabana lhes dá boas-vindas e lhe diz: “Vinde ajudar agora a comer vosso inimigo”. No mesmo dia, pintam e enfeitam o bastão chamado ibirapema com que o matam. Do mesmo modo pintam a cara do prisioneiro, e enquanto uma das mulheres o está pintando, as outras cantam ao redor dele toda a noite. E logo começam a beber, levam o prisioneiro, bebem com ele e com ele se entretêm.

Acabando de beber, descansam no dia seguinte; fazem depois uma casinha para o prisioneiro, no lugar onde ele deve morrer. Ali ele fica durante a noite, bem guardado. De manhã, antes de clarear o dia, vão cantar e dançar ao redor do bastão com que o devem matar. Feito isto, o homem diz: “Sim, aqui estou, quero te matar, porque os teus também mataram a muitos dos meus amigos e os devoraram.” Então desfecha-lhe o matador um golpe na nuca, os miolos saltam e logo as mulheres tomam o corpo, puxando-o para o fogo; esfolam-no até ficar bem alvo. Comem a carne da cabeça; os miolos, a língua; mas as mulheres guardam os intestinos, fervem-nos e do caldo fazem uma sopa que se chamam mingau, que elas e as crianças bebem.

Texto 3: Macunaíma – Mário de Andrade

[...] Macunaíma assuntou o deserto e viu que ia chorar, Mas não tinha ninguém por ali, não chorou não. Criou coragem e botou pé na estrada, tremelicando com as perninhas de arco. Vagamundou de déu em déu semana, até que topou com o Curupira moqueando carne, acompanhado

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