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O costureiro e sua grife

Por:   •  6/5/2015  •  Dissertação  •  1.497 Palavras (6 Páginas)  •  1.916 Visualizações

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O texto “O costureiro e sua grife: contribuição para uma teoria da magia” demonstra a formação de conceitos de Bourdieu a respeito do entrave entre classes na esfera da alta costura. O autor destaca que o desenvolvimento do campo da alta costura se deu por causa da distribuição desigual dos diversos empreendimentos de moda, bem como seu poder econômico como imposição de concorrência para este setor e, paralelamente, os critérios estabelecidos para se conseguir fazer parte de tal competição. Fator presente tanto no eixo econômico quanto no político, em que predomina uma batalha de classes entre os tradicionais e renomados costureiros, grupo dominante que defende o luxo austero da ortodoxia, detendo-se constante em suas estratégias comerciais, e a nova geração que se preocupa em conquistar o mercado da moda por meio de ações democráticas de acesso às massas.

Vale ressaltar então, que em todas as esferas de produção existe a separação da classe dominante e os que estão surgindo neste mercado. Em suma, existem aqueles que impõem o mercado e os que surgem tentando conquistar esta fatia de consumidores. Em qualquer esfera da economia existem os tradicionais, que já conquistaram sua clientela, assim acontece no mundo da moda. Mas, para os que estão iniciando e almejando se afirmar e ser reconhecido, está a possibilidade de conquistar novos clientes por meio de sutilezas para conseguir se aproximar de seu objetivo maior, que é conquistar mais consumidores de uma fatia deste mercado.

Dentro do contexto abordado por Bourdieu, é importantíssimo destacar também que, em cada etapa da história da moda, os costureiros mais tradicionais atuam influenciados por uma gama de tendências, de imposições visíveis ou invisíveis, por não aderir aos exageros buscarem se ater ao equilíbrio e ao refinamento. Em contrapartida, os novatos com forte pretensão a se desvencilhar de determinadas imposições vigentes no mercado, com o intuito de sua tendência voltada para a liberdade, a fantasia e a novidade, mas, sempre dentro do bom senso da conveniência sem deixar de lado os pilares que sustentam a moda.

Assim percebem-se tais grupos, que de certa forma se opõem, conservadores e revolucionários, e os que atuam de forma neutra, que estão em busca da arte que unifica, por meio de uma dose de variadas qualidades, que estão sempre recuperando as inovações inacabadas, com estilo equilibrado, discreto, adaptável, com responsabilidade própria. Que estão sempre em busca de compreender o comportamento, o que anseia o íntimo das pessoas.  Para ele, são estes os conquistadores do mercado futuro. O autor destaca ainda que existem criadores, que marcaram época, pois a cada época surgem aqueles que se sobressaem, aqueles que na história distinta da moda, conseguem iniciar uma nova história, ou seja, conseguem determinar um novo estilo. E assim, tudo se transforma em batalha e, neste contexto, a batalha pelo destaque é direcionada para conseguir impor símbolos próprios em matéria de moda.

Na opinião de Bourdieu, demonstrações representadas por gráficos, resultam em uma ligeira desvalorização da produção na alta-costura, uma ligação entre a importância de bens simbólicos e sua duração em contradição aos objetos técnicos com função específica. Desta forma, os objetos simbólicos característicos de ciclo curto, entre os quais os artigos da moda, principalmente da alta-costura, não estendem sua carreira além dos parâmetros que lhe são antecipadamente determinados por seus próprios criadores.

Ressalta o retorno da valorização do antigo, daquilo que sai de moda, do exclusivo ou do raro. Fala do interesse evidente pela preferência genuína por “coisas” em primeiro momento foi desvalorizado pelo gosto social e restabelecido do ponto de vista simbólico. Um exemplo está nas grandes maisons que foram fechadas com a morte do criador, ou permaneceram apenas por alguns anos, não foram fortes o suficiente para se assegurarem num mercado simbólico. A produção de bens simbólicos para sucessão de um criador exige, na maioria das vezes, do sucessor o mesmo carisma de se firmar na unicidade insubstituível de seu estilo, interferindo com o insubstituível, o criador. Então, como é possível suceder uma marca como a Chanel? Conquistar o lugar de uma Chanel está relacionado diretamente a compor-se de um valor simbólico temporário.

Segundo ele, a estratégia do campo da moda, no âmbito econômico e simbólico, relaciona-se ao poder da palavra, ao nome da grife e ao poder da marca. O nome do criador destrói o poder da avaliação e impõe a referência, transformando sua qualidade social. Esse crédito no valor do produto se origina da capacidade de mobilização de agentes comprometidos em disseminar a valorização dos criadores, a mídia. São responsáveis pela imposição arbitrária de valor da marca, destacando-a dentre muitas, e assim produzindo a crença nesta marca, ou seja, os efeitos de uma forma particular de transformação social. Essa transformação social para Bourdieu só conquista êxito porque a verdade do sistema foge àqueles que participam de seu funcionamento.

O autor ainda descreve que existe um novo movimento, por meio da força de criadores, os conhecidos como vanguardistas, em co-participação com estilistas e modelistas, uma nova reestruturação no campo da moda, com a pretensão de impor um novo estilo. Percebe-se uma certa decadência dos tradicionais renomados, dentro do contexto dessa nova tendência de reestruturação da divisão do trabalho e das características de dominação, fundamentado na notoriedade da existência burguesa.

Aos novatos estão as expectativas nos denominados novos ricos e são totalmente obrigados a lutar por sua clientela, como uma estratégia brilhante de firmação na profissão. A nova burguesia posiciona-se através de um estilo de vida livre e firme advindos de sua própria originalidade, demonstrada pela simplicidade. Consequentemente preocupa-se com um luxo mais moderado e sem grandes ostentações. Essa autoafirmação se destaca em todas as características da prática. O período deixa transparecer um novo estilo do vestuário que corresponde, também, a outras perspectivas, como libertar o corpo do travamento das falsas aparências, preferindo encaixar aos critérios da existência cotidiana do novo burguês. Surge então, a mulher profissional que valoriza a sua aparência natural, priorizando o próprio corpo e não mais só os símbolos sociais do poder aquisitivo e da autoridade.

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