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A História Da Educação Dos Surdos No Brasil

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Por:   •  15/11/2014  •  1.483 Palavras (6 Páginas)  •  28.251 Visualizações

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Introdução

A história da educação de pessoas surdas no Brasil e no mundo é feita de altos e baixos. Muitas atitudes foram tomadas afim de buscar metodologias de ensino, porém pode-se dizer que tais atitudes foram ora contra e ora a favor à educação de fato. Visto isso, torna-se importante saber um pouco sobre a história dessas pessoas, desde os tempos mais antigos.

Na antiguidade, os Gregos viam os surdos como seres incapazes, pois para eles o pensamento se dava mediante à fala. Sem a audição os surdos na época ficavam fora dos ensinamentos e com isso, não adquiriam o conhecimento. Os Romanos privavam os surdos de direitos legais. Eles não herdavam os bens da família, não votavam, etc.

A mudança no pensamento de que os surdos eram incapazes de aprender foi iniciada pelo religioso surdo chamado Ponce de León, um monge beneditino, que vivia em uma cidade da Espanha. Ele ensinava surdos filhos de nobres preocupados com a exclusão de seus filhos diante da sociedade e da lei. Constituiu uma escola para Surdos em seu próprio monastério e nela utilizava, para educar seus alunos, um alfabeto bi-manual – utilizando ambas as mãos – e alguns sinais simples

Após inúmeros acontecimentos com relação a esse assunto no mundo, chega ao Brasil, a pedido de D. Pedro II, o professor surdo francês Eduard Huet, que fundaria, posteriormente, no Rio de Janeiro, o Instituto de Surdos-Mudos. E assim começa a história da educação dos surdos no Brasil.

Desenvolvimento

A história da educação dos surdos no Brasil é iniciada com a decisão de Dom Pedro II de promover a fundação de um instituto para a educação de surdos-mudos. Para isso, ele trouxe ao país um professor surdo francês chamado Edward Huet.

O trabalho proposto pelo francês seguia a Língua de Sinais e por isso o mesmo foi considerado o introdutor da Língua de Sinais Francesa no Brasil.

O instituto para surdos foi fundado por Huet em 1857. Inicialmente chamado de Instituto de Surdos-Mudos, passando a receber o nome de Instituto Nacional de Surdos-Mudos. Funcionava como um internato e lá crianças e adolescentes estudavam conteúdos como Português, Matemática, História, Geografia, Linguagem articulada, etc.

O alfabeto manual francês foi difundido no Brasil pelos próprios Surdos, alunos do instituto que logo recebeu o nome de INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos e, segundo Veloso e Maia Filho(2009), pais de todo o Brasil levavam seus filhos Surdos ao INES.

Em 1861, Huet foi embora do Brasil para lecionar aos surdos no México. Após sua saída, o Instituto trocou de diretor várias vezes e, na época em que passou a se chamar Instituto Nacional de Educação de Surdos ficou sob a direção de Ana Rímola de Faria Daoria, que proibiu o uso da Língua dos Sinais nas salas de aula.

Nos Estados Unidos, entre os anos 1870 e 1890, Alexander Grahan Bell publicou vários artigos criticando casamentos entre pessoas surdas, a cultura surda e as escolas residenciais para surdos, alegando que são os motivos para o isolamento dos surdos da sociedade. Ele era contra a língua de sinais argumentando que a mesma não propiciava o desenvolvimento intelectual dos surdos.

No Brasil, em 1875, um fato se contrapõe as ideias de Graham Bell, um ex-aluno do INES, Flausino José da Gama, aos 18 anos, publicou “Iconografia dos Sinais dos Surdos-Mudos”, o primeiro dicionário de língua de sinais no Brasil. Apesar desse fato, no cenário mundial, muitos professores defendiam ideias parecidas com as de Alexander Graham Bell, defendendo o método denominado oralismo puro como o mais adequado para educação dos surdos.

Em 1880, realizou-se Congresso Internacional de Surdo-Mudez, em Milão – Itália, que foi organizado por especialistas ouvintes na área de surdez, todos defensores do oralismo puro. Graham Bell, citado anteriormente, teve grande influência no mesmo. Nele, o método oral foi votado como o mais adequado a ser adotado pelas escolas de surdos e a língua de sinais foi proibida oficialmente. Alegou-se que a mesma destruía a capacidade da fala dos surdos, argumentando que os mesmos são “preguiçosos” para falar, preferindo o uso da língua de sinais. Na ocasião da votação na assembleia geral realizada no congresso todos os professores surdos foram proibidos de votar e excluídos.

Como consequência da votação do Congresso, muitos surdos tiveram um decaimento considerável em seu desempenho educacional. Proibidos de se comunicar por meio dos sinais, os surdos acabavam desenvolvendo uma fala incompreensível, o que chamou a atenção de estudiosos, como do Dr. Willian Stokoe.

Este começou uma importante pesquisa sobre a vida cotidiana dos surdos, e suas conclusões se opuseram totalmente ao que foi dito no Congresso Internacional. Seus estudos mostraram que as crianças que desenvolviam a linguagem dos sinais não tinham seu desenvolvimento prejudicado, muito pelo contrário, o desenvolvimento destes era muito melhor e mais depressa.

Logo após a publicação dos estudos de Stokoe, um novo Congresso Mundial em Paris votou a favor de uma comunicação total (oral, gestual, mímica, etc) como método a ser utilizado na educação dos surdos, o que ocasionou uma certa confusão nos mesmos já que, devido à falta de um padrão, cada um se comunicava de uma forma e eles acabavam não se entendendo.

Em 1987 foi fundada no Brasil a FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos, também no Rio de Janeiro. Apesar da fundação, a mesma só conseguiu uma sede 6 anos depois.

Em 1994, foi aprovado o direito de todas as crianças, com deficiência ou não, estarem inseridas em escolas regulares de ensino conforme a Declaração de Salamanca, que define, ainda, que o devido atendimento as suas necessidades deverão ser atendidos

Em 24 de Abril de 2002, o Presidente da República Fernando Henrique Cardoso sanciona a Lei número 10.436. Lei esta que oficializa a Libras – Língua Brasileira de Sinais como segunda língua do Brasil e declara a mesma como de direito de todo cidadão Surdo como sua língua materna.

Em 2005 aprova-se também o Decreto 5.626 no dia 22 de Dezembro. Decreto esse que sustenta a Lei 10.436 de 24 de Abril de 2002 e especifica os demais direitos dos cidadãos surdos como na área da saúde, educação, trabalho. Também defende a Cultura Surda e a importância e obrigatoriedade do Intérprete de Libras e sua devida formação.

Atualmente, seguindo as exigências de tais legislações a Língua Gestual-Visual Brasileira ou Língua Brasileira de Sinais vêm sendo inserida nos cursos de graduação com licenciaturas. Intérpretes de Libras vêm sendo contratados para atuarem em diversos espaços da sociedade. Em algumas Universidades Federais do Brasil também já encontramos o curso de Letras / Libras com Licenciatura para formar Professores de Libras e Bacharelado para formação de Intérpretes.

Conclusão

Após análise do que foi apresentado ao longo do trabalho, pode-se concluir que a história da educação dos surdos no Brasil e no mundo passou por altos e baixos. Porém, mais baixos do que altos. Não seria exagero dizer que a maioria das medidas feitas em prol dessas pessoas, pelo menos no Brasil, é muito recente e que por isso, o sofrimento devido à impossibilidade de comunicação por meio dos sinais e o esforço descabido por parte de muitos para que fosse desenvolvido um método oral perdurou por séculos de história.

Esse fato, sem sombra de dúvidas, ao invés de ajudar, como era pensado na época, só atrapalhou o desenvolvimento e o aprendizado dessas pessoas. A Língua dos Sinais representa para os surdos o mesmo que a fala representa para os ouvintes. Ela é fundamental para a formação deles como ser humano, pois é através dela que se comunicam com as pessoas e com o mundo a sua volta.

Pode-se concluir também que apesar das conquistas recentes, ainda há muito o que se fazer para que os surdos sejam inseridos de fato no ambiente escolar e social. Não adianta somente inseri-los em escolas regulares, onde as aulas são ministradas somente por meio da fala. Onde os professores e as outras crianças não conseguem se comunicar por meio da Língua dos Sinais. Dessa forma a criança surda, mesmo estando no mesmo ambiente, não se sente parte dele e esse fato acaba contribuindo para aumentar as dificuldades de aprendizado que toda a criança, surda ou não, tem ao longo de sua vida escolar.

Deve-se discutir e pôr em prática políticas públicas para proporcionar um ambiente escolar que permita a essas crianças o pleno desenvolvimento e aprendizado para que no futuro se tornem cidadãos críticos e capazes de encarar os desafios impostos pela vida.

Referências

1) http://www.feneis.org.br

2) http://editora-arara-azul.com.br/novoeaa/revista/?p=591

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