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ANTROPOLÓGICA

Por:   •  30/5/2016  •  Resenha  •  2.351 Palavras (10 Páginas)  •  916 Visualizações

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UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CLÁUDIO ADÃO MORAES ANDRADE, THAMIRES PESSANHA ANGELO

 ANTROPOLOGIA II

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

2015

UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CLÁUDIO ADÃO MORAES ANDRADE, THAMIRES PESSANHA ANGELO

RESENHA CRÍTICA  DO ARTIGO RITUAIS DE REBELIÃO NO SUDESTE DA ÁFRICA DO AUTOR  MAX GLUCKAMAN

Resenha crítica apresentada à Universidade Federal Fluminense – UFF, como requisito parcial para a obtenção  da nota em Antropologia II, curso de Ciências Sociais, professora Simone Silva.

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

2015

RESENHA CRÍTICA

(GLUCKMAN, Max. RITUAIS DE REBELIÃO NO SUDESTE DA ÁFRICA. Trad. De Ítalo Moriconi Junior. Brasília, Ed. Universidade de Brasília, 1974.)

O autor Max Gluckman, em seu livro, Rituais de Rebelião no Sudeste da África, inicia apresentando uma análise da obra de Sir James Frazer e desenvolve o seu artigo dialogando com ela. Porém, vai se distanciando, no decorrer do processo, para apresentar os resultados de sua própria pesquisa.

        A partir da análise do texto, “Dramas, campos e metáforas”, de Victor Turnes é possível o estudo dos rituais de rebelião por oferecerem subsídio relevante para a compreensão da dinâmica do conflito social. Já no início da obra,  Gluckman relata como é o ritual do rei-sacerdote do bosque de Nemi. O rei-sacerdote envolvido numa “rebelião ritual”. Ele relaciona vários tipos de rituais de rebelião por entender que eles eram elementos de tensão social controlada. Todos os rituais que serão abordados por Gluckaman estão dentro da perspectiva de Turner que oferece padrões interpretativos para o estudo de situações socioculturais em que o conflito anda junto com a coesão.

Civilizações do antigo mediterrâneo e do oriente próximo utilizavam costumes e mitos como os povos do Egito e da Ásia ocidental associavam a decadência e o renascimento levando em consideração as relações dos indivíduos entre si e com a natureza.  Cada povo construía símbolos culturais para tratar de temas como a morte e o renascimento da vegetação nas mudanças de estação.  Por trás dos costumes estavam padrões sociais, pois os papeis cerimoniais das pessoas envolvidas  revelavam que existia certa organização que categoriza grupos e indivíduos nessa relação.

Ao analisar os ritos estudados por Gluckman é possível ver em ação o modelo de Drama Social.  Independente dos objetivos de cada cerimônia que compunha o rito  , elas revelavam  a forma como os grupos conseguiam administrar suas tensões sociais.  As cerimônias eram geralmente voltadas ao espírito ancestral do chefe da tribo ou para ancestrais que formavam um grupo de parentesco.  É importante notar que muitas situações do cotidiano eram modificadas no decorrer desses ritos.  As mulheres que eram culturalmente subordinadas aos homens, quando estão no rito, têm o papel de subordiná-los, podem, inclusive, gozar de liberdade para demonstrar licenciosidade.  Príncipes podem, nesse período, agir contra o rei, como se ele não tivesse autoridade.  Um dos pontos mais interessantes é que os súditos, pelo menos nesses dias, podem demonstrar o quanto reprovam, ou estão cansados das arbitrariedades de suas autoridades.  É em virtude dessa dinâmica que o autor dá o nome de ritos de rebelião para esse fenômeno. E esses muito se assemelham com os Dramas Sociais de Turner.

Quando se usa o termo rebelião imagina-se automaticamente que seja uma ação revolucionária tencionando a derrubada de alguma estrutura de poder dominante vigente na sociedade em questão, mas, não é o caso.  Esses ritos obedecem  a esquemas tradicionais  e não tem a função de modificar as estruturas do dominação.  Embora possa-se questionar a forma como a autoridade usa o poder,  e os critérios para sua concessão, essas cerimônias visão a manutenção  da ordem social vigente.

Um dos primeiros ritos apresentados por  Gluckman é o Zulu em homenagem à deusa Nonkubulwana , única divindade de seu panteão, uma entidade entendida como humana mas composta por várias partes da natureza. Segundo esse mito, teria sido a deusa Nonkubulwana a responsável por ensinar a humanidade a agricultura e a manufatura.  Nesse ritual as mulheres têm papel exclusivo, e a função desse rito é assegurar a prosperidade e a produtividade da lavoura.  As mulheres se vestiam com roupas de homens e realizavam algumas atividades que, em sua divisão de trabalho, pertenciam aos homens.  É nítido que essa reestruturação não está focada exclusivamente na atividade do modo de produção tribal, mas visa, inclusive, gerir tensões de gênero, lembrando que as mulheres e moças também deveriam ter um comportamento obsceno na execução do rito.

Gluckman apresenta alguns rituais semelhantes estudados por Frazer, dando ênfase a uma característica que ele chamará de bacântica. Esse aspecto bacântico era um traço fundamental de muitos ritos, era quando os homens abdicavam de sua autoridade, uma vez que vivam numa cultura de ascendência patriarcal, e precisariam, nesse momento, se subordinar as mulheres, acobertando um conflito fundamental.  

As mulheres  nessas tribos, tinham total dependência masculina. O autor faz referência ao casamento zulu e, após apresentar uma cosmovisão onde a mulher era desfavorecida recebendo a pecha de ser caprichosamente má, tendo um espírito que não poderia se tornar referência de benção ancestral, pois, após a morte, elas afligiriam seus descendentes com maldades. A subordinação social da mulher zulu era muito acentuada. As mulheres que queriam seguir um bom caminho ritual precisavam enfrentar dificuldades que colavam em risco suas próprias vidas. E o reconhecimento de tanto sacrifício vinha mais uma vez travestido da simbologia da superioridade masculina visto que elas recebiam escudos e lanças, emblemas da masculinidade zulu.

Como não era permitido o casamento no próprio grupo, as mulheres precisavam sair do seio de sua família e ir para o grupo da família do noivo, dessa forma as mulheres sempre eram forasteiras em relação a linhagem do grupo onde eram inseridas. Por esse motivo elas eram facilmente vítimas de acusação de bruxaria. A família da noiva recebia o dote em forma de gado, esse gado seria usado pelo irmão da noiva para pagar o dote deu sua noiva, porém isso poderia gerar conflitos, pois, caso a mulher não tivesse filhos, ela poderia ser devolvida e o noivo poderia requerer o gado do dote. Se o irmão já tivesse usado esse gado, isso poderia gerar um conflito. A mulher era excluída  da herança pois tinha a função de perpetuar um outro grupo familiar e não o dela.

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