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CIENCIAS POLITICAS

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Por:   •  13/4/2014  •  5.573 Palavras (23 Páginas)  •  372 Visualizações

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CIÊNCIAS POLITICAS E SOCIAIS

No início dos estudos das Ciências Políticas e Sociais, não havia discriminação entre os conceitos da filosofia e das ciências. Pode-se dizer que a separação conceitual pertence à idade moderna. Só se vai tornar consciente na medida em que aumenta a separação dentre as posições metafísicas e naturalistas, por consequência da crise havida nos estudos filosóficos, desde o Renascimento. De um lado, a atitude escolástica, espiritualista, de raízes cristãs, aristotélicas e platônicas. Do outro, o começo da atitude que seculariza o pensamento filosófico em escolas recentes, as quais só chegam, no entanto, ao pleno amadurecimento de suas teses mais professadamente e antiespiritualistas depois da abertura de horizontes da filosofia de Kant.

Com efeito, foi a filosofia crítica que, embora confessadamente idealista, determinou os impulsos e sugestões indispensáveis de onde saíram concepções de todo opostas ao idealismo. Depois de Kant, com as ações intelectuais dos positivistas evolucionistas, torna-se cada vez mais preciso o conceito de ciência, ficando quase todos em acordo para designá-la como conhecimento das relações entre coisas, fatos ou fenômenos, quando ocorre identidade ou semelhança, diferença ou contraste, coexistência ou sucesso nessa ordem de relações.

A caracterização da ciência implica a tomada de determinada ordem de fenômenos, em cuja pluralidade se busca um princípio de unidade investigando-se o processo evolutivo, as causas, as circunstâncias, as regularidades observadas no campo fenomenológico. Herbert Spencer provoca uma definição nas vacilações que havia entre ciência e filosofia, quando ele indica os tipos de conhecimento existentes. Há, segundo ele, três variantes do conhecimento: o empírico ou vulgar, conhecimento não unificado; conhecimento científico, parcialmente unificado; e conhecimento filosófico, conhecimento totalmente unificado.

A ciência política – junto com a social - é indiscutivelmente aquela onde as incertezas mais afligem o estudioso, levando alguns a duvidar se se trata aqui realmente de ciência. Um problema de nomenclatura? De sentido comum aos estudiosos?

Há um campo movediço e oscilante do vocabulário político, as variações semânticas dos termos de que se serve o cientista social de país para país, com as mesmas palavras valendo para os investigadores do mesmo tema, coisas inteiramente distintas, como por exemplo, a palavra democracia, a que se emprestam variadíssimas acepções, ameaçando imergir num caos sem saídas os mais competentes e idôneos esforços de fixação conceitual.

Até a expressão Estado, ao redor da qual se levanta vastíssima e respeitável literatura já centenária, trazendo o selo de contribuição monumental de afamados pensadores e filósofos, não pode ainda chegar a um ponto comum confiável no que se trata dos sentidos das expressões mais comuns nas ciências políticas, quando tem de se trabalhar com conceitos como os de governo, nação, liberdade, democracia, socialismo, etc.

Isto pode não ocorrer com as ciências da natureza, o que lhe é facilitado pelas circunstâncias e fenômenos terem aí exterioridade à parte do observador ou as substâncias de que trata, por exemplo, o químico em seu laboratório, poderem ser pesadas ou medidas, ou ainda a experiência do físico, que pela experiência, observação, medição possa chegar ao conhecimento de leis perfeitamente exatas e uniformes. Mas se o oxigênio, o enxofre e o hidrogênio “se comportam da mesma maneira na Europa, Austrália...., se qualquer mudança na composição do elemento químico encontra no cientista condições fáceis e seguras de exame e esclarecimento.

O mesmo não se dá com o fenômeno social e político. Fica este sujeito a imperceptíveis variações, de um para o outro país, até mesmo na prática do mesmo regime; ou de um a outro século, de uma ou mais geração. As instituições, conservando por vezes o mesmo nome, já passaram todavia pelas mais caprichosas alterações. O material de que se serve assim o cientista social cria pela extrema mutabilidade de sua natureza, não somente dificuldades quase intransponíveis ao estudioso, como torna difícil senão impossível o reconhecimento, na Ciência Política, de leis fixas, uniformes, invariáveis.

Outra dificuldade surge da impossibilidade em que fica o observador de neutralizar-se perante os fenômenos que estuda para daí alcançar conclusões válidas, lícitas, imparciais, objetivas, que não sejam fruto de inclinações emocionais passageiras ou de juízos preformados na mente do observador.

A consciência de quem observa não raro se liga ao fenômeno ou processo. Sua aderência a determinado Estado, seu lastro ideológico, sua vivência em certa época, suas reações psicológicas em presença dos mais distintos grupos, desde a Igreja, o irredutível, capaz se emprestar ao fenômeno observado todo o feixe de peculiaridades que o acompanham, recebidas ou inatas.

Por mais que se esforce não chegará ele nunca a captar o fenômeno social imparcialmente, emancipado do círculo vicioso ou da camada densa de preconceitos que o rodeiam. Com essas ponderações há que atuar pois o estudioso da sociedade, que, com o mínimo de dogmatismo inconsciente, se proponha a versar sobre o conteúdo das ciências sociais, já advertido de seus possíveis embaraços.

Onde entram os sentimentos humanos, só a consideração despretensiosa dos aspectos históricos, jurídicos, sociológicos e filosóficos, ontem e hoje, neste ou naquele Estado, dará à problemática política da sociedade o aproximado teor de certeza que virá um dia recompensar o esforço do cientista social, honesto e incansável, cujo trabalho, antes da frutificação, sempre tomou em conta a medida contingente das verdades que se extraem do comportamento dos grupos e da dinâmica das relações sociais.

Em função destas supostas dificuldades de interpretar o que se passa na sociedade, no poder constituído há um desafio ao profissional das diversas áreas: como conhecer e saber dos mecanismos sociais e políticos de tal forma que se consiga antecipar, compreender, criar para esta mesma sociedade. Profissões como administradores, economistas, engenheiros, profissionais liberais em geral não estão livres da necessidade de entender o que se passa. Entre estes citados não é raro perceber uma certa falta de vontade ou de percepção da necessidade de compreender a sociedade. Não é raro, por isso, ações e projetos que não contemplam as reais necessidades dos grupos sociais para os quais trabalham.

Objeto da Ciência Política

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