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Catolicismo Da Libertação

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Por:   •  5/11/2014  •  2.362 Palavras (10 Páginas)  •  172 Visualizações

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INTRODUÇÃO

É importante definir alguns mecanismos subjetivos e objetivos que ocasionaram, na segunda metade do século XX, a eclosão e o estabelecimento de uma nova modalidade de catolicismo no Brasil, a saber, o catolicismo da libertação, bem conhecido por uma de suas expressões, a teologia da libertação. Com o seu surgimento, a Igreja se torna, como evento singular na cultura brasileira, uma religiosidade exemplar de salvação com uma ética de fraternidade rejeitadora do mundo.

Veremos aqui um pouco dos principais pontos e pensamentos doutrinários do Catolicismo da Libertação, entenderemos como surgiu e qual foi o motivo.

Assim sendo o objetivo deste trabalho é oferecer e apresentar informações sobre o Catolicismo da Libertação, bem como os principais processos históricos, relacionando-os ao ambiente: econômico, social, cultural e político.

2. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS

Teologia, no sentido literal, é o estudo sobre Deus. Como não é possível estudar diretamente um objeto que não vemos e não tocamos, estuda-se Deus a partir da sua revelação.

Libertação é o horizonte regulador do discurso à cerca de Deus, e, ao mesmo tempo mostra que o Deus do discurso é a própria fonte de tornar-se livre. Esta se manifesta em diversos momentos do processo histórico de um povo. Conseqüentemente torna-se a força geradora de ações, segundo as necessidades advindas das diversas circunstâncias sob as quais um povo está submetido. Para Leonardo Boff libertação é toda “ação que visa criar espaço para a liberdade” (BOFF, 1980, p. 87).

A Teologia da Libertação ou Catolicismo da Libertação é uma escola importante e controversa na teologia da Igreja Católica e outras igrejas cristãs desenvolvidas depois do concílio Vaticano II. Dá grande ênfase à situação humana, é um esforço de escutar o grito do oprimido social e político com opção aos pobres, em favor da vida e da liberdade.

A luta é pela liberdade da cultura, dos valores, da economia, da política, pela ordem de justiça e da superação de toda opressão.

“A Teologia da Libertação é um movimento teológico que quer mostrar aos cristãos que a fé deve ser vivida numa práxis libertadora e que ela pode contribuir para tornar esta práxis mais autenticamente libertadora”.(MODIN, 1980, p. 25).

Clodovis Boff afirma que a Teologia da Libertação é uma nova maneira de fazer teologia e que propõe uma atitude de espírito ou um estilo particular de pensar a fé. O conhecido teólogo Leonardo Boff a definiu como um modo distinto de fazer e de pensar em teologia.

É uma teologia propriamente cristã, por isso utiliza a bíblia como pressuposto necessário de seus discursos, relacionado-a aos fatos reais vividos. Exemplo: “Eu sou o senhor que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”.(Êxodo 20,2); Deus que tira o povo da opressão, da servidão.

Pretende mostrar que Deus não está em uma cúpula restrita, mas, que Deus está na história gerando libertação de um povo humilhado, vida e esperança a um povo crucificado e sem sonhos. Deus não é um conjunto de doutrinas e especulações e sim a fonte de toda a luta pela justiça e igualdade.

Para os praticantes, o céu, tão almejado pela sociedade está no seio da humanidade, na conquista popular, no que tange a uma relação mais justa entre os homens.

Um dos principais símbolos que eles utilizam, é o anel de tucum, palmeira típica da região do norte do país. Destina-se sobre tudo a mostrar o compromisso radical com as causas populares. Outro símbolo muito importante é a cruz, também usada no catolicismo tradicional. Os símbolos são tidos a partir da necessidade de cada povo, se são agricultores: inchadas, e assim por diante. Depende da causa.

Desde o fim do regime militar no Brasil e a queda do muro de Berlim, os teólogos estão tentando lidar com a pobreza, a exclusão e a marginalização continuamente assustadoras de diversidade de posições teóricas. Na sociedade civil, na política e na educação, “cidadania” se tornou o termo-chave para uma democracia participativa.

3. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA (AMÉRICA LATINA)

O nascimento e o desenvolvimento do Catolicismo da Libertação na América Latina se devem basicamente a situação política, econômica e social do continente, a análise marxista que foi utilizada para a compreensão da origem das contradições da sociedade e as mudanças da Igreja católica que possibilitaram o seu surgimento. Nasceu e foi oficializada pela III Conferência do Episcopado da América Latina (CELAM), em Puebla.

A experiência da ação católica e seu método VER-JULGAR-AGIR que ajudou na busca de uma compreensão crítica da realidade e impulsionaram uma ação transformadora, a realização do Concílio Vaticano II, entre 1962-1965 e a busca de diálogo da igreja com o mundo moderno; a segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Medellín, Colômbia, ocorrida na vigência dos regimes militares; o florescimento das Comunidades Eclesiais de Base, que impulsionadas pela Conferência de Medellín e pela pedagogia da Ação católica através do método ver-julgar-agir, lutavam pela transformação social; e o enfretamento dos regimes militares por parte dos bispos isolados, que foram feitas através das conferências episcopais nacionais.

Foi a partir do engajamento de grupos cristãos na política socialista que surgiu o Catolicismo da Libertação, como uma reflexão teórica destas experiências, retro alimentando este movimento de busca da mudança para uma sociedade nos moldes do totalitarismo marxista.

Ao final dos anos 70 e início dos 80, a redemocratização das sociedades latino-americanas e caribenhas faz com que o Catolicismo da Libertação perdesse parte de sua combatividade política e social. Aliado a este fator, a queda do socialismo real e a crise da esquerda política fazem com que estes movimentos repensem sua identidade. Fatores no interior da Igreja Católica também tiveram seu impacto: a eleição de João Paulo II. A experiência do novo papa, vindo de um regime comunista hostil à Igreja e às liberdades, fez com que ele visse com suspeita os movimentos de libertação latino-americanos. Muitos teólogos da libertação foram acusados de fomentar a formação de células comunistas dentro da Igreja através das comunidades eclesiais de base.

As mudanças ocorridas na sociedade desde então apresentam novos desafios: o neoliberalismo econômico e a exclusão social, a globalização, o pluralismo cultural e religioso, a crise das igrejas cristãs históricas ante o fenômeno da pós-modernidade.

Uma visão mais ampla da libertação passa a ser almejada, não apenas focada em uma visão economicista, mas baseada também em dados antropológicos, psicológicos e religiosos. Além disto, temas como a igualdade entre homem e mulher, a discriminação racial, o diálogo inter-religioso, as minorias e a ecologia vão sendo progressivamente incorporados ao engajamento dos cristãos e à reflexão teológica sobre a libertação.

O teólogo peruano Gustavo Gutiérrez é um dos mais influentes proponentes desse movimento. Destacam-se também o teólogo estadunidense Cornell West e o brasileiro Leonardo Boff.

4. COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE

As CEBs são comunidades, uma reunião de pessoas que vivem na mesma região e possuem a mesma fé. São eclesiais, porque estão unidas à Igreja. São de base porque são constituídas de pessoas das classes populares. Localizam-se em geral na zona rural e na periferia das cidades. Organizam-se em torno das paróquias ou capelas por iniciativa de leigos, padres ou bispos.

Segundo Frei Betto, as CEBs são uma nova forma de organizar a pastoral. Tradicionalmente, a pastoral da Igreja Católica é organizada em torno das paróquias. As CEBs permitem que a organização paroquial se dê através de comunidades menores, onde os membros podem estabelecer laços comunitários entre si. Assim, as paróquias podem se tornar verdadeiras comunidades paroquiais.

As CEBs se constituem de grupos de pessoas que se encontram para refletir e transformar a realidade à luz da Palavra de Deus e das motivações religiosas. A partir de sua organização elas começavam também a reivindicar pequenas melhorias nos bairros, e ao mesmo tempo, iniciavam uma caminhada para tomar consciência da situação social e política.

Deve-se ressaltar que as Comunidades Eclesiais de Base não são homogêneas, dada a diversidade social e geográfica e as formas distintas de compreender e viver sua inserção eclesial e sua participação na sociedade. Correspondem a uma organização descentralizadas, diferentes entre si, como resposta aos desafios sociais e eclesiais concretos. Não possuem secretariado nacional, mas uma "comissão ampliada" que faz a ponte entre os encontros nacionais, Encontros Intereclesiais.

5. CRÍTICAS, POLÊMICAS E POLÍTICA

Enquanto pese as análises positivas acerca do Catolicismo da libertação, acusa-se tal ideologia de ter fechado os olhos sistematicamente para os assassinatos praticados por Fidel Castro em Cuba e para os genocídios Stalinistas e Leninistas praticados na Antiga União Soviética. A postura libertária da Teologia da libertação e de seus adeptos parece omitir-se em relação a outros crimes contra a humanidade praticados por não-capitalistas, como o genocídio ucraniano holodomor, a eliminação em massa da população combojana por Pol Pot, ou ainda as questões Birmanesas e Chinesas, onde ambos os governos dos respectivos países são de caráter socialista e genocida. Assim sendo, a defesa dos direitos humanos, por parte de tais teólogos, parece estar muito mais centrada numa crítica ideológica ao capitalismo, segundo seus críticos, do que em reconhecer as barbáries praticadas pelos regimes socialistas.

Ainda, acusa-se tal movimento, fortemente amparado pela mídia esquerdista e aos políticos esquerdistas, de ser condescendente com a culpabilidade da Igreja, que segundo estudiosos, é bem menor do que julgam os promotores, e de deturpar o caminho divino, colocando-o em segundo plano diante da missão terrena de ajudar os pobres. O Catolicismo da Libertação ainda é acusado de ser uma tentativa de Gramscista, de dissecar a Igreja por dentro, insuflando-a de comunismo e de ideologias revolucionárias.

Integrantes do movimento afirmam que este movimento sempre foi baseado em ideais de amor e libertação de todas as formas de opressão, especialmente opressão econômica. Também afirmam que ele teria uma forte base nas escrituras sacras. Por outro lado, alguns aspectos do Catolicismo da Libertação têm sido fortemente criticados pela Santa Sé e por várias igrejas protestantes, embora a Igreja Luterana a tenha adotado, como por exemplo, o fato dos adeptos do Catolicismo da Libertação assumirem o papel político da igreja e pela utilização do Marxismo como base ideológica do movimento.

O Papa João Paulo II solicitou à Congregação para a doutrina da fé dois estudos sobre o Catolicismo da Libertação. Eles foram colocados em documentos em 1984 e 1986 com os nomes de Libertatis Nuntius e Libertatis Conscientia. Neles se considera, em resumo, que, apesar da importância do compromisso radical que a Igreja Católica assume com os pobres, a disposição da teologia do Catolicismo da Libertação em aceitar postulados de origem marxista ou de outras ideologias políticas não era compatível com a doutrina, especialmente ao afirmar que só seria possível alcançar a redenção cristã com um compromisso político.

Alguns afirmam que o que ocorreu não foi uma crítica ou repressão ao movimento em si, mas sim correção de certos exageros de alguns de seus representantes, como sacerdotes mais tendentes à política. Outros afirmam que houve uma deliberada sanção à Igreja Latino Americana na represão à sua forma mais pungente de ação e crítica social. Entretanto, o papa João Paulo II dirigiu uma carta à CNBB, datada de 9 de abril de 1986, pedindo o compromisso com o verdadeiro desenvolvimento desta teologia: "...estamos convencidos, nós e os senhores, de que a Teologia da Libertação é não só oportuna, mas útil e necessária. Ela deve constituir uma nova etapa - em estreita conexão com as anteriores - daquela reflexão teológica iniciada com a tradição apostólica e continuada com os grandes padres e doutores, com o magistério ordinário e extraordinário e, na época mais recente, com o rico patrimônio da doutrina social da Igreja expressa em documentos que vão da Rerum Novarum a Laborem Exercens". "Os pobres deste país, que tem nos senhores os seus pastores, os pobres deste continente são os primeiros a sentir urgente necessidade deste evangelho da libertação radical e integral. Sonegá-lo seria defraudá-los e desiludi-los"

Com a ascensão do pensamento tradicionalista na igreja romana, o Catolicismo da Libertação foi paulatinamente sendo excluída da Igreja oficial, mantendo-se ainda viva nos movimentos sociais existentes dentro da igreja, especialmente aqueles comprometidos com uma análise crítica da realidade. Por outro lado, as forças de suas idéias difundiram-se pelo clero e grande parte dos sacerdotes latino-americanos hoje está ligada em maior ou menor grau aos ideais heterodoxos dessa escola teológica.

O Catolicismo da Libertação no poder?

Com a vitória do Lula, a chamada esquerda católica alcança importantes cargos no Governo Federal e projeta influência para além das sacristias.Um dos principais expoentes brasileiros dessa teologia, o brasileiro dominicano Frei Betto é o consultor especial de Lula da Silva. Com ele subiram ao poder diversos nomes da ala progressista da Igreja. Uma das Influências notáveis da inserção da religião do Catolicismo da Libertação pelo próprio presidente é o Programa Fome Zero que foi articulado com a ajuda de Frei Betto juntamente com as CEBs.

Apesar de toda essa condenação citada nos trechos acima por João Paulo II, ela continua a ser difundida através da esquerda católica em seminários e sacristias. O advento do Governo do Partido dos Trabalhadores é um exemplo dessa continuada difusão que nasceu nas sacristias progressistas ao lado do MST (Movimento dos Sem-Terra).

CONCLUSÕES

A concentração nas mãos de poucos, a busca pelo poder e o esquecimento dos direitos humanos levaram a conseqüências desastrosas. Estar à margem da sociedade significa ser esquecido, ser ignorado. A população necessita de amparo.

O que os cidadãos também precisam saber é que eles fazem parte do coletivo, por isso eles são responsáveis pela disseminação da cultura, bons costumes, educação, enfim, necessidades básicas para a formação de um povo.

Priorizar o ser humano, o direito a vida, sobretudo, é um dever de todos. Por essa razão, torna-se imprescindível à mobilização. Pensar essa questão é pensar o futuro da humanidade.

Como o Catolicismo da Libertação afirmou, não há como separar a questão religiosa do social. E para que o social, o econômico, o político se transformem, é essencial transformar Deus como símbolo universal, pregando a paz, a justiça, o amor em atos e controles de participação e solidariedade, para que assim as mudanças se efetivem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA SAGRADA. Editora Ave-Maria. São Paulo 116° edição, 1998.

LUIS, Juan. Libertação da Teologia. Edições Loyola. São Paulo, 1978.

BOFF, Leonardo, BOFF, Clodovis. Como fazer Teologia da Libertação. Petrópolis: Vozes, 1986.

BOFF, Leonardo. Teologia do cativeiro e da libertação. Petrópolis: Vozes, 1980.

MONDIN, B. Os Teólogos da Libertação. São Paulo: Paulinas, 1980.

FREI BETTO. O que é Comunidade Eclesial de Base. 2° ed. São Paulo. Ed. Brasiliense,

1981.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_da_Liberta%C3%A7%C3%A3o

http://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidades_Eclesiais_de_Base

http://www.cpt.org.br/?system=news&action=read&id=342&eid=126

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http://www.tione.h-br.com/IntrTeo_arquivos/Page1283.htm

http: //www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=28241&busca=

http://www.cot.org.br/igreja/teologia-da-libertacao.php (João Paulo II. Carta a CNBB sobre a missão da igreja e o Catolicismo da Libertação)

http://www.lepanto.com.br/NotTLnoPoder.html

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