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Comprovação do Ódio Racial

Por:   •  23/3/2022  •  Projeto de pesquisa  •  885 Palavras (4 Páginas)  •  58 Visualizações

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As estatísticas de cor ou raça produzidas pelo IBGE mostram que o Brasil ainda está muito longe de se tornar uma democracia racial. Em média, os brancos têm os maiores salários, sofrem menos com o desemprego e são maioria entre os que frequentam o ensino superior, por exemplo. Já os indicadores socioeconômicos da população preta e parda, assim como os dos indígenas, costumam ser bem mais desvantajosos.

Para o professor Otair Fernandes, doutor em Ciências Sociais e coordenador do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Leafro/UFRRJ), a realidade do Brasil ainda é herança do longo período de colonização europeia e do fato de ter sido o último país a acabar com a escravidão.

O professor ressalta que, mesmo após 130 anos de abolição, ainda é muito difícil para a população negra ascender economicamente no Brasil. “A questão da escravidão é uma marca histórica. Durante esse período, os negros não tinham nem a condição de humanidade. E, pós-abolição, não houve nenhum projeto de inserção do negro na sociedade brasileira. Mesmo depois de libertos, os negros ficaram à própria sorte. Então, o Brasil vai se estruturar sobre aquilo que chamamos de racismo institucional”, lembra.

Essa má herança, deixada pelos nossos antepassados, coloca a população negra em um estado de vulnerabilidade social extremo, quando se trata de violência, até mesmo doméstica, os negros são as principais vítimas, como aponta a pesquisa do IBGE:

[...] A pesquisa mostra que a violência atinge mais as mulheres, os jovens, as pessoas pretas ou pardas e a população de menor rendimento. De acordo com a PNS, o percentual de mulheres que sofreram violência nos 12 meses anteriores à entrevista é de 19,4% ante 17,0% de homens. Entre jovens de 18 a 29 anos, o percentual chega a 27,0%, enquanto é de 20,4% na faixa de 30 a 39 anos; 16,5% entre os adultos de 40 a 59 anos e 10,1% entre os de 60 anos ou mais. As pessoas pretas (20,6%) e pardas (19,3%) sofreram mais com a violência do que as pessoas brancas (16,6%).

A mesma tendência ocorreu com a população com menor rendimento (sem rendimento ou até 1/4 do salário-mínimo), em comparação com a de maior rendimento (mais de 5 salários-mínimos), 22,5% e 16,9%, respectivamente. [...]  

Ainda por cima, a visão de que a população negra é uma raça inferior faz com eles enfrentam uma dificuldade enorme para conseguir vagas de emprego, além disso, quando essa vaga é conquistada normalmente o salário é inferior ao do trabalhador negro. Consequentemente esse grupo enfrenta serio problemas relacionados a pobreza, liderando os números quando se trata de pessoas em estado de pobreza e até mesmo em estado de extrema pobreza, conforme aponta a pesquisa do IBGE:

[...] De 2019 para 2020, as proporções da população na extrema pobreza e na pobreza, no Brasil, segundo as linhas do Banco Mundial, recuaram, respectivamente, de 6,8% para 5,7% e de 25,9% para 24,1% da população. Mas, sem os benefícios dos programas sociais, a proporção de pessoas em extrema pobreza teria sido de 12,9% e a taxa de pessoas na pobreza subiria para 32,1%.

O rendimento médio domiciliar per capita de 2020 foi de R$ 1.349, com queda de 4,3% ante 2019 (R$1.410). Em 2020, caso não houvesse programas sociais, esse rendimento teria sido 6,0% menor (R$ 1.269), e a queda em relação a 2019 seria de 8,4%. O décimo da população com a menor remuneração teria reduzido em 75,9% os seus rendimentos, sem esses programas sociais. [...]

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Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais

Esse conjunto de fatores se somam para deixar esse grupo social em um estado extremamente delicado, somado a falta de representatividade política, a perspectiva de melhora ou de políticas públicas para reverter esse quadro é muito baixa. A situação piora quando falamos de mulheres negas, como mostrado nas pesquisas anteriores elas sofrem mais ainda, sendo um dos principais alvos da violência doméstica. Além disso, elas são minoria extrema nos cargos gerenciais.

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