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Neoinstitucionalismo

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Por:   •  2/6/2014  •  Resenha  •  1.526 Palavras (7 Páginas)  •  206 Visualizações

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Neoinstitucionalismo

RESENHA

A inserção da perspectiva institucional de análise no campo dos estudos organizacionais é fundamental para a evolução do entendimento de como o ambiente influencia nas decisões sobre a estrutura formal de uma organização. Neste contexto, o isomorfismo apresenta-se como principal sintoma da maneira como as organizações lidam com a incerteza e com as restrições do ambiente. Sob a perspectiva do neoinstitucionalismo, busca-se explorar e analisar as principais motivações que levam as organizações a se tornarem tão similares em termos de estrutura, cultura e resultados.

DiMaggio (2005) aponta para um impulso inexorável das organizações em direção à homogeneização, sem necessariamente torna-las mais eficientes. Ainda segundo o autor, é inegável o surgimento de modelos organizacionais dominantes. Orrù (1991) ilustra o isomorfismo por meio do estudo de organizações em três países do leste asiático, demonstrando como as condições econômicas, histórico colonial, cultura e outros fatores ambientais influenciam na maneira como as organizações se estruturam, e como em cada país há perceptíveis semelhanças devido a tais condições ambientais. Machado-da-Silva (2003) também ilustra o isomorfismo, porém no Brasil, demonstrando como a cultura patriarcal e o formalismo influenciam nas estruturas organizacionais tanto públicas quanto privadas. Percebe-se que a visão sociológica aplicada aos estudos organizacionais adicionou maturidade à disciplina ao entender melhor como as condições ambientais afetam a estrutura formal.

Em direção ao entendimento das motivações que levam as organizações a se tornarem similares, DiMaggio (2005) explora três mecanismos de mudança isomórfica institucional, são elas: o isomorfismo coercivo, mimético e normativo. O coercivo refere-se a mudanças ocasionadas por pressões políticas, econômicas ou do ambiente legal. O mimético reforça a importância da incerteza dos tomadores de decisão que os encorajam a buscar referências em um modelo ótimo. A normativa deriva principalmente da profissionalização, ou seja, a educação formal e as redes profissionais tendem a estimular a adoção de modelos-padrão de estrutura formal.

A fim de validar os mecanismos de mudança isomórfica institucional, DiMaggio (2005) tenta prever empiricamente os campos organizacionais mais homogêneos em termos de estrutura, processos e comportamento, por meio da construção de hipóteses que poderão eventualmente ser testadas posteriormente. Analisando-se as hipóteses, algumas possíveis motivações para o isomorfismo podem ser levantadas: grau de dependência entre organizações, centralização do fornecimento de recursos por uma organização, incerteza no relacionamento entre meios e fins, ambiguidade de metas, confiança em credenciais acadêmicas para a escolha do corpo gerencial, participação dos gestores em associações de profissionais, dependência de recursos vitais, forte interação com agências governamentais, baixo número de alternativas de modelos organizacionais e incerteza tecnológica. A importante mensagem transmitida pelo autor é a de que todas as hipóteses são passíveis de testes empíricos, e o amadurecimento dos estudos organizacional sob a perspectiva institucional depende da condução de pesquisas que conduzam a tais testes.

Fligstein (1991) ilustra a aplicação da perspectiva institucional a teoria das organizações por meio da análise do processo de diversificação de grandes indústrias norte-americanas no período de 1919 a 1979. O autor menciona a existência de três esferas institucionais para as organizações: a estratégia e estrutura da organização, o conjunto de organizações no seu campo de atuação e a presença do Estado. Fligstein (1991) explora as causas que levaram as indústrias a diversificarem sua atuação, por meio da constituição de carteis, realização de fusões e aquisições, redução de preços de produtos, aumento da oferta do mix de produtos, reforçando-se a relevância de disciplinas como marketing, promoção e finanças. O autor ainda aponta para o expressivo aumento de fusões de empresas que comercializavam produtos não similares, ilustrando que o movimento de fusões era quase inteiramente direcionado pelo desejo da diversificação. Fligstein (1991) relaciona os mecanismos de mudança apontados por DiMaggio (2005), justificando a diversificação, alegando que as empresas prestam mais atenção em seus competidores porque os mesmos apresentam exemplos de organizações em posições similares de estrutura. Apesar de o objetivo do autor não ser explorar principalmente o fenômeno do isomorfismo, ele deixa claro que as organizações estão sempre analisando a forma que os seus competidores se organizam e atuam. Visando a análise da homogeneidade das organizações, é importante ressaltar a competição como fator que contribui não somente para o isomorfismo, mas também para a similaridade das demais decisões estratégicas tomadas pelas organizações competidoras.

O trabalho de Tolber (1999) identifica a institucionalização como um processo central na criação e perpetuação de grupos sociais duradouros. A instituição, ou seja, o resultado final do processo de institucionalização, torna habitual as ações tomadas pelos atores sociais envolvidos. Tolber (1999) detalha este processo por meio de três fases sequenciais: a habitualização, a objetivação e a sedimentação. O autor descreve como a estrutura organizacional passa pelas três fases, considerando as influências de todos os atores internos e externos para a sua constituição final na última fase. Percebe-se forte influência do isomorfismo na primeira fase, que é considerada pelo autor como pré-institucionalização. Neste momento, a estrutura organizacional está mais sujeita a inovações devido a mudanças tecnológicas, legislação e forças do mercado. A organização é mais suscetível a processos de mudança, ocasionados pelos mecanismos isomórficos descritos por DiMaggio (2005), ao contrário de quando a organização está na fase de sedimentação. As conclusões de Tolber (1999) a partir de sua pesquisa reforçam que a mudança organizacional é mais difícil em organizações com alto grau de institucionalização, em que elas estão mais submetidas aos seus normativos do que sujeitas à imitação. Portanto, conclui-se que o grau de institucionalização contribui diretamente para a ocorrência do isomorfismo.

Machado-da-Silva (2003) explora o formalismo na sociedade brasileira, como

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