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Ulises Tavares

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Por:   •  18/8/2014  •  Tese  •  954 Palavras (4 Páginas)  •  195 Visualizações

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Por que o jovem não deve ler

Por Ulisses Tavares em 10/04/2012 na edição 689 do Observatório da Impresa

***Ulisses Tavares é poeta, jornalista, publicitário, roteirista de televisão e professor

Reproduzido de O TREM Itabirano nº 79, abril de 2012; intertítulo do OI

Calma, prezado leitor, nem você leu errado, nem eu pirei de vez. Este artigo pretende isso mesmo: dar novos motivos para que os moços e moças de nosso Brasil continuem lendo apenas o suficiente para não bombar na escola.

Continuem, jovens, vendo a leitura como algo completamente estapafúrdio, irrelevante, anacrônico, e permaneçam habitando o universo ágrafo dos hedonistas incensados nos reality shows.

(Epa, acho que exagerei. Afinal, quem não lê, muito dificilmente vai conseguir compreender essa última frase. Desculpem aí, manos: eu quis dizer que os carinhas, hoje, precisam dedicionário pra entender gibi da Mônica, na onda dos sarados e popozudas que veem na telinha, e que vou dar uma força pra essa parada aí ...)

Explico mais ainda: é que, aproveitando o gancho do Salão do Livro InfantoJuvenil, no Parque do Ibirapuera, Sampa, pensei em escrever sobre a importância da leitura. Algo leve mas suficiente para despertar em meia dúzia de jovens o gosto pela leitura (de quê? De tudo! De jornais a livros de filosofia; de bulas de remédio a conselhos religiosos; de revistas a tratados de física quântica; de autores clássicos a paulos coelhos).

Daí aconteceram três coisas que me fizeram mudar de rumo e de ideia.

Primeiro, eu li que fizeram, alguns meses atrás, um teste de leitura com estudantes do ensino fundamental de uma dezena de países. Era para avaliar se eles entendiam de verdade o que estavam lendo. Adivinhem quem tirou o último lugar, até mesmo atrás de paizinhos miseráveis e perdidos no mapa- múndi? Acertou, bródi: o nosso Brasil.

Saída única

Logo depois, li uma notícia boa, que, na verdade, é ruim: o (des)governo de São Paulo anuncia maior número de crianças na escola, mas adotou a política da não reprovação. Traduzindo: neguinho passa de ano, sim, mas continua tecnicamente analfabeto. Porque ler sem raciocinar é como preencher um cheque sem saber quanto se tem no banco.

E, por último, li, em pesquisa publicada recentemente nos jornais, que, para 56% dos brasileiros entre 18 e 25 anos, comprar mais significa mais felicidade, pouco se importando com problemas ambientais e sociais do consumo desenfreado. Ou seja, o jovem brasileirinho gosta de comprar muitas latinhas de cerveja, mas toma todas e joga todas nas ruas ou nas estradas, sem remorso.

Viram como ler atrapalha? A gente fica sabendo de fatos que, se não soubesse, teria mais tempo para curtir o próprio umbigo numa boa, sem ficar indignado e preocupado com a situação atual de boa parte de nossa juventude.

E também faz o tico e o teco (nossos dois neurônios que ainda funcionam, já que, se dividirmos o quociente de inteligência nacional pelo número de habitantes, não deve sobrar mais que isso per capita) malharem e suarem, em vez de ficarmos admirando o crescimento do bumbum e do muque no espelho das academias de musculação.

Por isso que, num momento de desalento, decidi que de agora em diante, como escritor e professor, nunca mais vou recomendar a ninguém que leia mais, que abra livros para abrir a cabeça.

A realidade é brutal e desmentiria em seguida qualquer motivo que eu desse para um jovem tupiniquim trocar

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