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Visão geral do livro de Genro

Resenha: Visão geral do livro de Genro. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  24/11/2014  •  Resenha  •  1.293 Palavras (6 Páginas)  •  189 Visualizações

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Nesse livro, Genro se propõe a apresentar uma série de considerações que justifiquem teoricamente o novo papel representado pelo PT e como o Governo Lula espelhará isso. Defende a necessidade de revisão do papel da esquerda, tendo como questão central a maneira de “construir um projeto nacional, democrático e moderno, num ambiente mundial denominado pela globalização financeira”. Para tal, Genro deste logo se apresenta como um crítico do que se chama de velha esquerda, por ele definida como composta por “aqueles que brandiram rapidamente velhas certezas”. Apresenta-se também como crítico daqueles que “endeusam o Deus mercado”, e, contrariamente, diz-se indentificado com aqueles que “acham necessário “rebaixar” o programa estratégico da emancipação para colocar hoje no centro da práxis a luta imediata por inclusão, recoesão social, projeto nacional e distribuição de renda”, o que contribuiria para a “recriação de um projeto humanista verdadeiramente democrático, e por isso socialista”.

O livro é dividido em quatro partes, que totalizam onze capítulos, frutos de textos publicados em periódicos científicos e da grande imprensa, anais de congresso, outros livros e palestras transcritas. A primeira parte intitulada “O caso neoliberal”, é composta por três capítulos. Nela, Genro apresenta uma série de aspectos críticos e consequências do processo de financeirização da economia do mundo e seus desdobramentos no Brasil, a partir do Governo Fernando Henrique Cardoso. Em absoluta contradição com os projetos implementados pelo Governo Lula, Genro aponta que a inserção soberana do país no processo de economia mundializada “não se fará sem a ruptura com a globalização financeira”. Contudo, as preposições de Genro para uma suposta saída do projeto neoliberal já contem em si os aspectos consentidos ao próprio projeto, isto é, a alegada defesa da “refundação do contrato social no Brasil” e a consequente reforma do Estado Brasileiro, de onde “vem a idéia utópica de inclusão em massa”.

Aprofundando, Genro parte das mudanças produzidas no cotidiano da vida social e política pelos meios de comunicação de massa para apontar a nova configuração das “fronteiras entre classes sociais”, que não estariam mais demarcadas como em outros tempos. Embora não escreva explicitamente sobre o fim das classes sociais, apresenta o conceito de “não classes”, para definir os setores mais empobrecidos da sociedade, marcados por “intermitência, exclusão e precariedades “ e que por isso “são os que mais pesam como formadores de opinião política”. Por outro lado, tem o cuidado de apontar que as classes hegemônicas-termo dado à classe dominante – “não estão alicerçadas na ideologia burguesa clássica”, uma vez que “os donos de mundo já não tem mais qualquer projeto histórico”. Isso tudo é utilizado pelo autor para novos contornos as lutas das classes trabalhadora, num contexto do que se chama de pouca nitidez de seus contornos, e dentro do qual aponta que “a mera inclusão social já e a grande conquista do trabalhador descartável contra a insegurança e a precariedade, que abalou tudo que era estável e consolidado”. Mais a frente, em outros capítulos, Genro usa duas expressões que podem nos dar a dimensão desse processo de consolidação da ideologia burguesa em nosso tempo. Quando conjugamos esse seu clamor pela consideração da “mera inclusão social como conquista da classe trabalhadora” com a alegada necessidade de “rebaixamento das expectativas” e a “moratória da utopia”, tornam-se evidentes quais seriam as reais consequências desses conceitos poucos inocentes: a defesa de uma esquerda amplamente conformada nos marcos do capitalismo, não ousando sequer cogitar sua superação, visto que a utopia está em moratória . Tal horizonte implica na naturalização de tais processos, como se os elementos que estes geraram e legitimaram não fossem frutos de decisões políticas do projeto histórico da burguesia. Mesmo que os processos de trabalho tenham se tornado muito mais complexo do que nos de desenvolvimentismo, nada permite afirmar que a demarcação entre produtos de mais-valia trabalho e expropriadores do – trabalho-socialmente produzido-burguesia-não seja de possível demarcação.

A segunda parte, “Gestão da Esquerda”, é composta por dois capítulos. Aqui a discussão se acerca de um “controle público do Estado”, como questão institucional central para os regimes democráticos “ligados pelas revoluções da modernidade”. Para tal, seria necessário, afirma o autor, “novas formas institucionais capazes de promoverem um novo contrato social da modernidade, para forjar não só um novo tipo de Estado mas também uma nova reflexão sobre um novo tipo de socialidade, uma pratica cotidiana da cidadania que expresse em novo modo de vida”. Essa ênfase no “novo” apresentado pelo autor, sem com isso esclarecer as características desse “novo”, permite que sob esse guarda-chuva, muitas praticas politicas possam ser apresentadas como novidades.

No quinto capítulo, Genro se debruça em analizar mais detidamente o Governo Lula como expressão dessa esquerda em processo. Após uma tentativa vulgar de vinculação entre marxismo e totalitarismo stalinista, sobretudo, por debater o que chama “das amargas

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