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A Imortalidade

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Por:   •  5/12/2014  •  2.041 Palavras (9 Páginas)  •  212 Visualizações

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A Imortalidade

Montevideu, 19 de Março de 1939

Vou falar esta noite de algo muito interessante e que, certamente, se reveste de uma importância fundamental para o conhecimento humano. Refere-se a um ponto que haverá de suscitar não poucos comentários. Trata-se de como o homem pode perpetuar sua vida além de sua existência comum, até alcançar, como a própria história registra, a tão buscada imortalidade. Nas mais antigas escrituras, como no próprio Gênese, se reconhece que Deus, ao criar o Universo, imprimiu-lhe uma atividade, uma vida e um movimento eternos, de modo que tudo o que nele atuasse ou existisse fosse eterno, isto é, tivesse uma vida e um movimento perenes. Apenas suas leis permanecem e permanecerão sempre imutáveis, porque elas são a fiel e universal manifestação de sua onipotente e suprema Vontade. A visão cósmica da Criação dá a sensação de imutabilidade a tudo que existe, mas isso é tão somente uma expressão do Grande Pensamento criador, que não altera em um ápice a concepção original, não levando, portanto, tal fato a se pensar em um estado de imobilidade, o que é completamente absurdo e não admite a menor discussão. A Logosofia sustenta em seus princípios doutrinais que Deus, ao conceber a Criação, a concebeu perfeita em sua culminação final, porém dispôs para cada um dos incontáveis milhões de seres vivos, das espécies mais remotas da família atômica aos astros mais proeminentes do sistema solar – incluindo, logicamente, a figura mais predominante e familiar ao conhecimento comum, o homem –, um processo evolutivo desde sua primitiva origem até sua perfeição máxima, ao fim do qual – caso do gênero humano – a imagem do homem chegaria a ser semelhante a Ele. Consequentemente, cada ser deve experimentar as transforma- ções lógicas que as leis impõem, podendo o homem acelerá-las e conduzi-las conscientemente, desde que se constitua em árbitro de seu próprio destino. É oportuno e necessário fazer notar que os que contrariam as leis que mantêm o equilíbrio universal em todas as suas ordens e hierarquias violam os altos preceitos da justiça e correm o perigo de perder todas as prerrogativas que o livre-arbítrio lhes concede. Estão compreendidos nesta situação aqueles que, seduzidos por miragens psicológicas, se desviam, cometendo erros e faltas que depois haverão de lamentar. Nesses casos, a consciência individual, debilitada pela inércia, pois nenhuma atividade digna poderia desempenhar, acaba por sucumbir, desaparecendo do cenário humano para que, em seu lugar, apareça outro ser, isto é, outro movimento e outra vida. Os sábios da antiguidade buscaram o elixir da eterna juventude para perpetuar a vida ou, melhor ainda, para perpetuar o movimento em uma de suas tantas revoluções através dos ciclos de existência. Ao tentar, esqueceram que era a imagem da vida a que deviam perpetuar por meio dessas revoluções humanas, sempre dentro do grande percurso que deve fazer desde seu nascimento, isto é, fixando a essência perdurável no próprio centro desse grande processo-mãe, para que o movimento da vida fosse contínuo, para que não cessasse nem se visse interrompido por esses longos períodos estéreis e desconexos, tão comuns no vulgo. Veremos, portanto, por meio dessa ampla exposição de novos e fecundos conceitos, e com bastante clareza de entendimento, como é possível ao homem conectar-se com essa vida eterna que, certamente, não é a que termina com a existência física. Ao admitir-se terminantemente – para não incorrer em uma negação absurda – a tese corrente de que a espécie humana tem uma missão a cumprir, e, por conseguinte, a ninguém mais que a seus membros, individualmente, incumbe a tarefa de levá-la à sua realização, se compreenderá com facilidade, sobretudo tomando-se uma visão do estado atual da humanidade, que existe uma escala hierárquica na colocação que corresponde a cada ser, conforme o grau de evolução alcançado. Isso significa que as possibilidades são comuns a todos, porém nem todos sabem aproveitá-las para percorrer os trechos ascendentes até as mais altas hierarquias. O homem que, sem descuidar do processo interno no qual se acha empenhado para satisfazer as severas exigências de uma evolução realmente consciente e positiva, se ocupa em estender sua vida por meio de tudo o que o rodeia, isto é, dos seus semelhantes e das coisas, reproduz neles os traços mais proeminentes de seu espírito e perpetua sua vida até o ponto de existir perenemente ali onde fixou sua vontade e seus pensamentos. Por acaso os grandes homens da humanidade não perpetuaram suas vidas e seus nomes através das gerações, em obras de gênio e de verdade que o tempo não somente respeita como também vivifica, sacudindo de tempos em tempos o pó da indiferença que a ignorância humana costuma acumular sobre elas, para que resplandeçam melhor os valores que custodiam? O que as religiões e as instituições famosas procuraram perpetuar? Uma verdade com a qual estavam identificados esses nomes e essas vidas que queriam imortalizar. Cada obra que os semelhantes dos grandes gênios precursores realizaram, seguindo a inspiração do Pensamento-Mãe que move as inteligências humanas, é um fragmento da imagem projetada pela mente privilegiada que a fecundara; e, nesse caso, essas obras seriam como filhas da Obra-Mãe, ao estarem identificadas com ela pela natureza e direção dos elementos primordiais que as constituíram. Estamos, pois, plenamente de acordo em que muitos seres que passaram pelo mundo continuam vivendo na mente e no coração de seus semelhantes, mesmo tendo transcorrido desde então muitas gerações, pois permanecem sempre vívidos no pensamento dos homens que os recordam e até sentem sua presença quando os evocam, naqueles momentos de apelo à sua recordação com maior intensidade. Eis aí demonstrado como cada um pode conservar a vida no sentir dos demais e até na identificação de todas as coisas com as quais atuou, imantando-as com esforços e sacrifícios heroicos para deixar à humanidade uma obra de bem, construtiva e generosa, que, recebida pelas almas com gratidão e emoção, será perpetuada no espírito de todos. Essa é em realidade a vida que se torna imortal, a que, tomando um dia a forma humana, se expande pelo mundo e se agiganta de tal maneira que seu nome e sua figura se fazem conhecidos e familiares às multidões que povoam a Terra. Examinem-se esses fatos que acabo de expor, para que se compreenda tudo quanto o homem pode realizar no curso de sua vida, se o quer sinceramente e a isso se dispõe, concentrando todas as suas energias e encaminhando-as com inteligência, perseverança e nobres intenções para uma direção determinada, e logo se chegará ao convencimento de que nada está vedado ao entendimento nem às

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