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A Ántigona

Por:   •  4/5/2025  •  Artigo  •  1.768 Palavras (8 Páginas)  •  14 Visualizações

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Nome: Sophia Marianne Vilczaki Pabst

Religião, Mística e Espiritualidade

No texto clássico de “Antígona” de Sófocles, apresentam-se traços da concepção antropológica-religiosa grega. Após a leitura de Antígona, elabore um texto no qual você:  1) apresente um resumo do livro em 500 palavras; 2) em seguida, responda a seguinte pergunta:  quais são as características fundamentais de Antígona que despertaram a sua atenção e por qual razão. 

  1. RESUMO

Antígona é uma tragédia grega que dá continuidade à história de Édipo Rei, centrando-se agora nos filhos de Édipo, em que Antígona, uma das filhas, se torna a figura central da peça. Após a desgraça vivida por Édipo e sua saída da cidade, seus filhos Etéocles e Polinice assumem o trono de Tebas com a promessa de alternar o poder anualmente. No entanto, ao fim de seu primeiro mandato, Etéocles se recusa a entregar o trono ao irmão, o que leva Polinice a buscar ajuda de uma cidade rival, formar um exército e atacar Tebas para reivindicar seu direito, o que resulta nos dois irmãos morrendo em batalha, levando Creonte, tio dos jovens, a assumir o poder.  Ao assumir o governo, Creonte busca afirmar sua autoridade com medidas rígidas e decreta que Etéocles, por ter morrido defendendo Tebas, receba um funeral digno, enquanto Polinice, considerado traidor por ter voltado-se contra a própria pátria, permaneça insepulto, como forma de punição, ameaçando de morte qualquer um que contrariasse essa ordem. Essa decisão vai contra as leis não escritas, as leis divinas, que determinavam que todos os mortos, independentemente de seus atos em vida, deveriam ser sepultados com ritos adequados para que suas almas alcançassem descanso, e é com base nessa crença que Antígona decide desafiar a autoridade do rei e enterrar o irmão por conta própria, mesmo sabendo que isso lhe custaria a vida.

Antigóna, movida por valores morais e religiosos, não aceita que o vínculo familiar e os deveres espirituais sejam ignorados por uma ordem política e, ao ser flagrada realizando o enterro simbólico de Polinice, ela assume sua ação e não demonstra arrependimento, pois acredita que a justiça dos deuses está acima da dos homens. Por esse motivo, Creonte insiste em puni-la com a morte, mesmo diante dos apelos de seu filho Hemon, que é noivo de Antígona. O conflito entre pai e filho se intensifica quando Hemon, tomado pela dor e pela impotência, tenta salvar Antígona, mas é tarde demais, pois a sentença já foi executada. Antígona se mata na prisão, e Hemon, desesperado ao vê-la morta, também tira a própria vida, e, por fim, Eurídice, mãe de Hemon e esposa de Creonte, ao saber da morte do filho, se suicida, mergulhando Creonte em uma tragédia pessoal irreversível, porém acreditando sofrer a justiça dos Deuses.

A peça constrói, assim, um embate entre dois tipos de leis: as leis humanas, representadas pela rigidez e pelo autoritarismo de Creonte, e as leis divinas, simbolizadas na figura corajosa e moralmente convicta de Antígona, sendo ambas levadas ao extremo, o que resulta em sofrimento e destruição para todos os envolvidos. Sófocles, ao apresentar esse conflito sem favorecer diretamente nenhum dos lados, oferece ao público uma reflexão sobre a complexidade da justiça e das leis, os limites do poder, o valor das tradições e a responsabilidade das escolhas individuais diante da coletividade, deixando claro que a inflexibilidade, seja religiosa ou política, pode levar a consequências irreparáveis quando não há espaço para o diálogo, a ponderação ou o equilíbrio entre os deveres humanos e os valores eternos.

  1. REFLEXÃO

As características que mais me chamaram a atenção foram: A coragem de Antígona ao enfrentar Creonte e exigir a exumação do irmão e seu papel feminista; A contradição entre leis humanas e leis divinas, personificada em Creonte, que é dividido entre manter a autoridade do Estado e desrespeitar as leis divinas, o que no fim o leva a ruína de si mesmo e de sua própria família; A relevância da tragédia na contemporaneidade.

Ántigona:

Durante o período de Sófocles, o papel da mulher era bastante limitado às funções do lar e ao cuidado dos filhos, o que é perceptível em suas lamentações de morrer virgem e antes de casar-se. Somente os homens tinham acesso às atividades públicas, como a filosofia, a política e as artes e a mulher era vista como apoiadora da vida do homem. As citações a seguir evidenciam o pensamento machista vigente na época:

‘’Convém não esquecer ainda que somos mulheres, e, como tais, não podemos lutar contra homens; e, também, que estamos submetidas a outros, mais poderosos, e que nos é forçoso obedecer a suas ordens, por muito dolorosas que nos sejam. De minha parte, pedindo a nossos mortos que me perdoem, visto que sou obrigada, obedecerei aos que estão no poder. É loucura tentar aquilo que ultrapassa nossas forças!’’

 ‘’Desce, pois, à sepultura!... Visto que queres amar, ama aos que lá encontrares! Enquanto eu vivo for, nenhuma mulher me dominará!’’

Ismênia se opõe à decisão da irmã ao afirmar que não é possível enfrentar a autoridade dos homens, representando assim a visão tradicional de submissão imposta às mulheres na sociedade da época, e embora compartilhe da dor e da intenção de Antígona, lhe falta a coragem necessária para desafiar abertamente o poder de Creonte e romper com as normas estabelecidas.

Antígona à primeira vista é uma heroína moral, ela desobedece ao rei Creonte para enterrar seu irmão, seguindo a lei dos deuses e os vínculos familiares. Portanto Ántigona age com base em uma ‘’justiça divina’’, que no caso seria também a ética, ou o direito do ser humano ter uma sepultura, de sua dignidade, que mesmo em nível de cadáver precisa ser considerado humano e enterrado. Inicialmente, ela age movida pelo dever religioso, o que fica evidente em sua oposição às falas de Ismênia, e com o desenrolar da peça, ela desenvolve uma consciência crítica diante da autoridade, passando a questionar a legitimidade da ordem imposta, como demonstram suas falas ao contrapor Creonte.

O que me chamou mais atenção é como a mulher é o personagem principal desta trama e toma decisões a partir de sua própria vontade e visão pessoal mesmo em um contexto em que as mulheres são consideradas inferiores.

Creonte:

A análise da peça Antígona também traz um confronto entre duas fontes de autoridade: a Lei dos Deuses e a Lei do Homem, representada pelo Estado, representada por Creonte, a figura de poder e controle. A partir desse embate, Sófocles coloca em evidência a diferença nas origens e fundamentos das normas, mostrando que as leis divinas são ‘’superiores’’ ás leis humanas. Nesse sentido, a peça expõe uma tensão entre o dever individual e a autoridade estatal, em que o poder do Estado, organizado pela sociedade, acaba sendo questionado e sucumbido diante da supremacia do poder divino.

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