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Aspectos que caracterizam o conceito de quebra-cabeça (quebra-cabeça), como sugerido por Thomas Kun em seu livro The Structure of Scientific Revolutions

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Por:   •  8/12/2013  •  Pesquisas Acadêmicas  •  3.643 Palavras (15 Páginas)  •  1.107 Visualizações

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O CONCEITO DE QUEBRA-CABEÇA (PUZZLE) NA CONCEPÇÃO

EPISTEMOLÓGICA DE THOMAS KUHN

Robledo Luza

RESUMO

O objetivo deste artigo é apresentar os aspectos que caracterizam o conceito de quebra-cabeça (puzzles), conforme proposto por Thomas Kuhn, em sua obra A Estrutura das Revoluções Científicas. O método utilizado foi a análise interpretativa com procedimento de pesquisa bibliográfica, tendo como principais referências teóricas as obras A Estrutura das Revoluções Científicas e O Caminho desde a Estrutura, de Thomas Kuhn. Os objetivos específicos desta investigação são apresentar as noções gerais que caracterizam o conceito de ciência normal na obra de Thomas Kuhn, e caracterizar o conceito de quebra-cabeça (puzzle), na forma como ele aparece no pensamento kuhniano. O presente trabalho encontra a sua justificativa na importância central que o conceito de quebra-cabeça (puzzle) possui em relação à tese epistemológica de Thomas Kuhn, uma das mais influentes do século XX. Como resultado deste trabalho, apontou-se que o conceito de quebra-cabeça (puzzle) remete à noção de desafio intelectual, regido por um conjunto de regras predeterminadas, que estabelecem o âmbito de validade das respostas produzidas pela pesquisa científica. Este contexto é fornecido pelo paradigma no qual se insere a pesquisa, fazendo com que este conceito esteja intrinsecamente relacionado com a noção de ciência normal.

Palavras-chave: epistemologia do século XX; Thomas Kuhn; quebra-cabeças científicos

INTRODUÇÃO

O objetivo do presente trabalho é apresentar os aspectos que caracterizam o conceito de quebra-cabeça (puzzles), conforme proposto por Thomas Kuhn, em sua obra A Estrutura das Revoluções Científicas. Desde a sua primeira publicação, em 1962, A Estrutura das Revoluções Científicas tem causado controvérsias entre os pesquisadores da Filosofia da Ciência e da História da Ciência. A tese kuhniana parece lançar a atividade científica ao relativismo, causando um desconforto naqueles que defendem o progresso contínuo do conhecimento. Aspectos como as rupturas e a incomensurabilidade dos paradigmas afirmam que a noção moderna de conhecimento, como um edifício que é construído a partir de alicerces sólidos e confiáveis (tese fundacionista), é uma ficção, pois a história mostraria o contrário, ou seja, que o progresso científico é fruto de transformações que não obedecem a um processo racionalmente constituído de acumulação progressiva do conhecimento.

Quando se trata da concepção epistemológica de Thomas Kuhn, é bastante comum a referência aos termos ciência normal, ciência revolucionária e, principalmente, paradigma. Da mesma forma, é usual a representação do ciclo do progresso científico, como apresenta Chalmers, através do seguinte esquema: pré-ciência – ciência normal – crise-revolução – nova ciência normal – nova crise (1993, p. 123). Há, porém, um outro conceito importante na concepção kuhniana: o conceito de quebra-cabeças (puzzle). Embora este conceito seja frequentemente citado, nem sempre é dado a ele a devida importância dentro do pensamento kuhniano. Diante disso, é proposto o seguinte problema: que aspectos caracterizam o conceito de quebra-cabeça (puzzle), conforme proposto por Thomas Kuhn, em sua obra A Estrutura das Revoluções Científicas? Neste sentido, a hipótese considerada será de que os quebra-cabeças científicos (puzzles), além de representarem os desafios intelectuais que promovem o desenvolvimento do conhecimento, no seio de um paradigma, estão intimamente relacionados com a noção de ciência normal.

A tese defendida por Kuhn, a partir da publicação de sua obra A Estrutura das Revoluções Científicas, apesar de ter sido recebida pelos estudiosos de forma polêmica e controversa, constituiu-se em uma das mais influentes do século XX, principalmente pela oposição que impôs à importante tese falsificacionista de Karl Popper. Neste sentido, a presente investigação encontra a sua justificativa na importância central que o conceito de quebra-cabeça (puzzle) possui em relação à tese epistemológica de Thomas Kuhn.

Para tratar desta questão, será realizada uma análise interpretativa com procedimento de pesquisa bibliográfica, tendo como principais referências teóricas as obras A Estrutura das Revoluções Científicas e O Caminho desde a Estrutura, de Thomas Kuhn. Além destas, serão também utilizadas, como fontes secundárias, as obras Falsificação e Metodologia dos Programas de Investigação Científica, de Imre Lakatos, O que é ciência, afinal?, de A.F. Chalmers, e A Ciência e o Mundo Moderno, de Alfred North Whitehead.

Este trabalho será dividido em 2 partes. A primeira parte, intitulada A ciência normal em Thomas Kuhn, tem como objetivo apresentar as noções gerais que caracterizam o conceito de ciência normal na obra de Thomas Kuhn. A segunda parte, intitulada, Os quebra-cabeças científicos (puzzles), tem como objetivo caracterizar o conceito de quebra-cabeça (puzzle), na forma como ele aparece no pensamento kuhniano.

1 A CIÊNCIA NORMAL EM THOMAS KUHN

Uma leitura apressada da concepção epistemológica de Thomas Kuhn pode levar a acreditar que existem dois tipos de ciência: a ciência normal e a ciência revolucionária. O primeiro tipo seria conservador e dogmático. O segundo tipo, como diz o nome, seria revolucionário, arrojado e inovador. Um certo ‘senso comum acadêmico’ tende a considerar estes conceitos em uma perspectiva de valoração, dando preferência ao segundo, em detrimento do primeiro, como se a ciência de fato fosse revolucionária e não normal. Esta compreensão é equivocada, principalmente quando se observa que o autor frequentemente associa grande parte do trabalho realizado pelos pesquisadores, nas chamadas ciências naturais, à ciência normal.

A exposição feita por Kuhn, no seu ensaio A Estrutura das Revoluções Científicas, aponta para a defesa de uma tese na qual a ciência é uma atividade dinâmica e processual, em que a ciência normal e a ciência revolucionária não são categorias de ciência, mas caracterizações de etapas específicas no ciclo do progresso científico. A primeira afirmação do autor feita neste ensaio, acerca de uma definição de ciência normal, é: “ciência normal significa pesquisa firmemente baseada em uma ou mais realizações científicas passadas” (KUHN, 1998, p.29). Este trecho permite perceber que um dos aspectos mais significativos da ciência normal é a sua vinculação radical com as ‘realizações científicas’

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