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Negros Na Sociedade

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Por:   •  7/4/2014  •  1.304 Palavras (6 Páginas)  •  362 Visualizações

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Para abordar a problemática da formação educacional da população negra brasileira frente aos novos desafios do mercado de trabalho, faz-se necessário considerar os nexos entre o hoje e o ontem. Pensar a atualidade considerando os antecedentes históricos de formação da sociedade brasileira, compreendendo-a no movimento na rede de relações que caracterizam o processo de colonização promovido após a invasão portuguesa e os impactos deste processo no Brasil, do mundo globalizado, não significa atribuir a discriminação contra as mulheres negras e os homens negros a uma reprodução mecânica de fatores relacionados à escravidão.

A herança cultural escravista é hoje revivida, atualizada e metamorfoseada, inclusive em sedutoras formas de consumo. Um dos artigos de exportação é a beleza e a criatividade artística do povo negro brasileiro, em formas de realização de um capitalismo selvagem que, na sua face globalizada, reelabora a diversidade, diferenças entre trabalhadores, justificando excedentes, desemprego, exclusões.

Há de se convir que o capitalismo ao superar o escravismo, jamais efetivou o ideal de liberdade, igualdade e fraternidade para todo o povo, muito menos para a população negra. Nem poderia, já que traz em si o princíio de exclusão estrutural. A riqueza que resulta de um processo coletivo de produção é, inversamente, de propriedade privada ou individual, ao tempo em que a seleção por incentivo à competição e ao individualismo, necessariamente marginalizará muitas trabalhadoras e trabalhadores, sendo propício ao capitalismo justificar tal seleção em uma herança cultural ‘construída’- como a tese de ‘raça inferior’ ou raça mais afim com certas dimensões, como a proximidade com a natureza, o dançar e o cantar, e não dada ao lidar com tecnologia.

As crianças e jovens negros, incorporando o sentimento de inferioridade, referencial imposta pela ideologia racista, se entusiasmam com o que se consideraria sua natural vocação para algumas áreas até importantes, como esporte, dança e música, mais comercial. Mas, por outro lado, assumem certa ‘incapacidade’ para o que seria as áreas dos brancos, em especial de classe média, que supostamente seriam as relacionadas à tecnologia de ponta, de mais alta remuneração.

É preciso considerar que profissionalização, qualidade de serviços de educação e acessibilidade a serviços, pelo povo negro, são fundamentais mas não necessariamente suficientes para lidar com a herança atualizada e remodelada da discriminação. Inclusive porque a participação do povo negro na história do Brasil é filtrada pela interpretação dos colonizadores, o que contribui para uma educação para o mercado, para a domesticação, para uma cidadania de consumidores, mas não necessariamente para uma formação crítica e que alimente a dignidade e a auto-estima das crianças e da juventude negras.

Por outro lado, tanto o saber fazer, o saber da experiência, da comunidade, como o saber de raiz, da ancestralidade, por formas de organizar visões não necessariamente em padrões ocidentais, em éticas de competição, individualismo, apropriações, por exemplo, passam a ser qualificadas como falta e não como marcas identitárias de uma raça com o seu curso e história. Muitas vezes, até a bem intencionada lógica da inclusão pode significar assimilação, colonização.

No passado recente, a mão de obra escrava negra possibilitou emergir os pilares básicos do país e dinamizou por quase quatro séculos a expansão e o desenvolvimento econômico do Velho e do Novo Mundo. Milhões de vidas de homens e mulheres traficados de diferentes regiões africanas foram consumidos no perverso processo de acumulação de riquezas do Império Colonial Português e de demais nações que partilharam da exploração e do tráfico negreiro. Durante cinco séculos, afirmou-se a supremacia branca e a subjugação dos povos originais (os índios) e dos povos africanos.

Historicamente, criou-se uma perversa hierarquia entre pessoas de peles, sexos e culturas distintas. Pessoas que viram suas singularidades transformadas em diferenças inferiorizadas. Sobreposições de discriminações que se naturalizaram no inconsciente coletivo.

O que herdaram as novas gerações de mulheres negras e homens negros no Brasil? Herdaram somente a força e a resistência dos seus ancestrais. Os negros ainda permanecem majoritariamente na condição de filhos bastardos de uma pátria-mãe pouco gentil, sem jamais usufruir do berço esplendido reservado a um seleto grupo de eurodescendentes.

O perfil da distribuição da população brasileira, segundo posições sociais hoje, atesta que o caso do racismo, da tentativa sistemática de inferiorização do segmento populacional negro no Brasil não é uma história que ficou no passado.

Embora constituam 48% da população (IBGE, 1990), os negros correspondem a apenas 1% dos que ocupam postos estratégicos do mercado de trabalho; o salário médio pago aos trabalhadores negros equivale à metade do salário dos trabalhadores brancos; os brancos também têm 30% a mais de chances de conseguir emprego, e o dobro de chances de manter a qualidade de vida das suas famílias, do que os negros. (In: VEJA nº 25, Junho, 1998).

No início da década de 90, o IBGE/PNAD publicou uma pesquisa nacional, focalizando

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