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Reflexão Sobre Humilhação, Velhice E Racismo

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Por:   •  4/11/2013  •  1.701 Palavras (7 Páginas)  •  12.297 Visualizações

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Situação de Aprendizagem 1 – Reflexão sobre humilhação e velhice

Ouvir e dialogar

A humilhação é um sentimento de desigualdade. Para José Moura Gonçalves Filho, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), a humilhação consiste em uma modalidade de angústia disparada pelo impacto traumático da desigualdade de classe, isto é, a angústia que se sofre quando alguém se depara com um abismo chamado desigualdade, o que corresponde à percepção de que, enquanto um está em posição superior, o outro se coloca, violentamente, em uma posição inferior.

A desigualdade experimentada do lado de fora é internalizada como sofrimento, ao qual muitas pessoas já estão habituadas. Dessa maneira, além da humilhação crônica, que atinge os pobres, como resultado das desigualdades econômicas e políticas, experimenta-se uma espécie de angústia assumida pelo humilhado nas mais variadas manifestações de sua existência.

Mas quando uma pessoa é humilhada? Quando se mostra a ela uma diferença que a põe em situação de inferioridade. Por exemplo, quando um chefe grita com o funcionário, quando um adulto ou jovem ignora ou maltrata um idoso, quando uma mulher é agredida pelo marido, quando uma pessoa mais forte ameaça outra menos forte. Enfim, existe em nossa sociedade uma hierarquia constante que leva o humilhado a sentimentos que o agridem, como susto, medo, pavor, tristeza, ódio, culpa, solidão, os quais, muitas vezes, são interiorizados pelas pessoas.

Na sociedade, todos são, em alguma medida, humilhados, mas, no caso das pessoas mais pobres, isso pode ser constante e ocorrer da infância à velhice. A humilhação contínua vai se acumulando e moldando as pessoas, levando-as a ter uma baixa autoestima e tornando-as menos sensíveis, menos solidárias e até mesmo violentas.

ler e dialogar – A velhice

Simone de Beauvoir. As principais ideias desta pensadora são reiradas, especialmente, do livro A velhice (Tradução Maria Helena Franco Monteiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 5. ed. 2003). lembramos que a relação entre velhice e humilhação pode ser tratada por meio de outras referências.

Simone de Beauvoir procurou refletir sobre a exclusão dos idosos em sua sociedade, mas do ponto de vista de quem sabia que iria se tornar um deles, como quem pensava o próprio destino. Para ela, um dos problemas da sociedade capitalista está no fato de que cada indivíduo percebe as outras pessoas como meio para a realização de suas necessidades: proteção, riqueza, prazer, dominação. Desta forma, nos relacionamos com outras pessoas priorizando nossos desejos, pouco compreendendo e valorizando suas necessidades.

Esse processo aparece com nitidez em nossa relação com os idosos. Em seu livro, a pensadora demonstra que há uma duplicidade nas relações que os mais jovens têm com os idosos, uma vez que, na maioria das vezes, mesmo sendo respeitado por sua condição de pai ou de mãe, trata-se o idoso como uma espécie de ser inferior, tirando dele suas responsabilidades ou encarando-o como culpado por sobrecarga de compromissos que imputa a filhos ou netos.

Mesmo em situações de proteção, pode-se ter processos de humilhação quando, sem a devida atenção sobre as reais condições que apresentam os idosos para resolver com autonomia seus problemas, os mais jovens passam a subestimar os mais velhos, assumindo tarefas em seu lugar.

Quando não se respeita uma pessoa em sua integridade emocional, intelectual e material, ela é excluída da sociedade pelos governos, pelas instituições, pelas famílias, pelas pessoas em geral. Os grupos mais excluídos por essas práticas são as crianças e os idosos.

Em vários lugares, como bancos e supermercados, há caixas preferenciais para idosos, mas, mesmo que elas sejam suficientes para garantir seu conforto, será que suas condições sociais também o são? Há, também, a gratuidade no transporte coletivo, mas quem viaja de ônibus sabe que às vezes suas condições não são adequadas para transportar quem tem um corpo frágil.

Além do desamparo quanto às condições materiais, a desconsideração para com opiniões e emoções dos idosos também deve ser analisada para a superação das condições de humilhação sofrida por eles em nossa sociedade. No texto A velhice, Simone de Beauvoir escreveu que o idoso é uma espécie de objeto incômodo, inútil, e quase tudo que se deseja é poder tratá-lo como quantia desprezível.

Sugestão de questões que os alunos devem considerar ao observar o idoso.

1. Como o idoso é tratado pelos serviços públicos?

Por exemplo: filas, sistema de transporte e aposentadoria; enfim, a maneira como o idoso é tratado na sociedade.

2. Os seus rendimentos (pensões) são suficientes para as suas necessidades?

Por exemplo: remédios, alimentação, lazer, água, luz e aluguel.

3. Como ele é tratado pela família?

Por exemplo: quem o visita, quem lhe telefona constantemente, de quem ele tem saudade.

4. Onde ele encontra diversão fora da família?

Por exemplo: grupos da terceira idade, trabalho voluntário, cinema e leitura.

5. Quanto ele é dependente das pessoas?

Por exemplo: ele passeia sozinho pela cidade? Consegue pagar suas contas? Mora sozinho?

6. Como gostaria de ser valorizado?

Por exemplo: ser ouvido, ganhar um pouco mais e ter um serviço público melhor.

Principais tópicos do Estatuto do Idoso: É considerada idosa a pessoa que tem idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. A família, a comunidade e o Poder Público têm o dever de garantir ao idoso, com absoluta prioridade, os direitos assegurados à pessoa humana. Entende-se por garantia à prioridade:

a preferência na formulação de políticas sociais;

o privilégio para os idosos na destinação de recursos públicos;

a viabilização de formas eficazes de convívio, ocupação e participação dos mais jovens com os idosos;

a prioridade no atendimento público e privado

a manutenção do idoso com a sua própria família;

o estabelecimento de mecanismos que esclareçam à

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