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Um Toque De Clássicos

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Por:   •  3/5/2014  •  3.480 Palavras (14 Páginas)  •  419 Visualizações

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DURKHEIM: UMA BREVE VISÃO

Magda Regina Ribeiro Braga

Pedagoga

Luciane Selegar

INTRODUÇÃO

Ao efetuarmos qualquer tipo que seja de análise sobre a obra de pensadores influenciados pela filosofia iluminista, assim como o foi Durkheim, é preciso ter sempre em conta, de forma bem delineada, a crença havida de que o avanço da humanidade, no rumo do aperfeiçoamento, tem as suas normas ditadas por uma força muito forte, senão intransponível, qual seja, a lei do progresso.

Recebeu o pensador ainda, influência de outras escolas, muito embora tenha atuado não por uma base de condução distinta em seus conceitos, mas tratou de reorganizar e de fundir muitos desses conceitos, no rumo da busca e da criação de um sistema totalmente novo, permitindo-se o exercício da crítica e da contestação a certas tendências intelectuais dominantes em sua época.

Para Durkheim, a sociedade não é somente o produto da soma ou da justaposição de consciências, de ações e de sentimentos particulares, de maneira que ao misturarmos tais ingredientes, por associação, por combinação ou por fusão, estaríamos assim propiciando o nascimento de algo novo e ainda, de algo externo às consciências em questão. Em sua lógica particular, ainda que o todo seja composto pelo agrupamento das partes, tem também aí origem, uma série de fenômenos que dizem respeito ao todo diretamente, e não às partes que o compõem somente. A sociedade, desse modo, é mais do que a soma dos indivíduos que dela fazem parte, podendo compreender-se a sua gênese somente ao considerarmos o todo e não as partes individualmente.

A Especificidade do Objeto Sociológico

A força surgida dos sentimentos imanentes à constituição da sociedade de um modo geral, suplanta a força particular dos indivíduos e esta, por sua vez, surge não só da união destes indivíduos contemporâneos num único corpo social, mas também pela colaboração de indivíduos de gerações anteriores que, de uma forma histórica ou não, acabaram por intermédio de suas construções, vindo a auxiliar na modelação do reflexo social surgido no hoje, no presente.

Para Durkheim, todo o modo de agir permanente ou não, que possa exercer alguma forma de coerção externa ao indivíduo ou ainda, que por apresentar existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter e, por isso, com sentido geral na extensão de uma sociedade, são denominados de fatos sociais.

Os fatos sociais são criados a partir da maneira como a sociedade percebe a si mesma e ao mundo ao seu redor, só podendo eles ser explicados por intermédio dos efeitos sociais que produzam. Para tanto, utiliza-se a sociedade, como formas de linguagem, de suas lendas, de seus mitos, de suas concepções religiosas, de suas crenças morais, etc.

As representações coletivas são, segundo Durkheim,

(...) o produto de uma imensa cooperação que se estende não apenas no espaço mas no tempo também; para fazê-las, uma multiplicidade de espíritos associaram-se, misturaram e combinaram suas idéias e sentimentos; longas séries de gerações acumularam nelas sua experiência e sabedoria. Uma intelectualidade muito articular, infinitamente mais rica e mais complexa do que a do indivíduo está aí concentrada.

Isso é bastante significativo, visto que coloca o resultado, por assim dizer, aquilo que desemboca no que somos no momento presente como sociedade, ou ainda, como nos vemos, e ultrapassa o limite temporal, em sua teoria, uma vez que somos colocados como sendo o reflexo de uma série de idéias e de ações advindas dos mais variados desdobramentos sociais, tidos inclusive por gerações passadas, nos mais variados tempos históricos. A construção de nosso modelo social ou de nosso modelo de atuação particular e também de regramento coletivo, passam pela construção que socialmente se tenha feito nos mais variados períodos históricos. A riqueza que possamos ter inserido em nosso contexto social, intelectual ou de sabedoria, moral ou mesmo de desenvolvimento econômico, é dependente, por um lado, da construção que tenha sido possível às gerações anteriores a nossa, de terem levado a termo.

Têm, alguns dos fatos sociais, um formato já bem definido em seus contornos, as chamadas maneiras de ser sociais, como as regras da esfera jurídica, por exemplo, ou as regras morais, os dogmas religiosos e os sistemas financeiros, o sentido seguido pelas vias de comunicação e, mesmo, o estilo das construções, da moda e a própria linguagem escrita. As maneiras de ser e os modos de agir exercem uma coação no sentido de que o indivíduo rume por determinadas condutas e ou por determinadas maneiras de sentir. São uma realidade objetiva e externa a eles e, como os fatos sociais que são, têm a capacidade de influenciar e de arrastar, por assim dizer, a esse indivíduo.

A ação que vise transformar uma realidade, inovando, de encontro aos fatos sociais, apresenta-se em seu resultado mais comum, como um sinal de que se está tentando algo impossível, por não depender da força do indivíduo uma tal ação, podendo inclusive, que esteja ele indo de encontro à sanção, na medida em que se aproxime de alguma espécie de violação do padrão social. A maior dificuldade que pode o indivíduo encontrar, uma vez esteja imbuído do desejo de ir de encontro aos costumes, é a reação inversa exercida pelas forças morais, que se fazem presentes por intermédio de sua esmagadora superioridade de forças, em realidade uma proteção criada pela sociedade, a que os indivíduos não possam, exclusivamente por si mesmos, modificá-la sem a existência de uma real necessidade. Ainda assim devemos considerar que as modificações são possíveis, uma vez que possa o indivíduo, unir-se a outros, se combinados no rumo e no sentido de um mesmo objetivo e ainda, que possam eles vir a constituir um fato ou um produto totalmente novos.

A Dualidade dos Fatos Morais

A autoridade proveniente das regras morais postula a noção do dever em um primeiro momento e, muito embora o seu perfeito cumprimento se

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