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Representação Do Negro Na Literatura Brasileira

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Por:   •  3/5/2014  •  1.377 Palavras (6 Páginas)  •  598 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Nos últimos trinta anos, muitas e diversificadas ações vêm sendo implementadas para combater o racismo que durante séculos foi desenvolvido em nosso meio. Nesse sentido, construíram-se excelentes espaços que tiveram importantes avanços na luta antidiscriminatória. Não obstante, essas ações não são ainda suficientes para ‘desconstruir’ toda uma representação negativa que historicamente fora construída sobre os negros afro-brasileiros.

REPRESENTAÇÕES DO NEGRO NA LITERATURA BRASILEIRA

A figura do negro na Literatura Brasileira anterior a 1850, antes da abolição do tráfico de escravos, era praticamente inexistente. Dois fatores podem afirmar esse silenciamento, mas que, mesmo assim, não justificam por completo:

 O primeiro diz respeito à opinião de alguns escritores da época, que não consideravam os escravos, os negros, como seres humanos.

 O segundo é em relação ao público leitor, a quem a escrita se dirigia. Os escritores precisavam do apoio dos senhores de escravos ou dependiam do amparo das instituições escravocratas, isto é, os escritores “estavam do lado dos opressores e não poderia dar atenção aos oprimidos”. Além disso, os negros, na época da escravidão, não eram letrados, sendo pouquíssimos os casos de exceção à regra, portanto, não havia preocupação no sentido de escrever a uma população que não consumiria suas produções literárias.

Apenas em 1856, com o surgimento de O Comendador, escrito por Pinheiro Guimarães, é que começa a abordagem da temática sobre os humanos em condição escrava.

É importante ressaltar que, nesse período romântico, entre os anos de 1836-1881, os escritores estavam voltados para a construção da identidade nacional. Identidade essa vinculada à imagem do índio como forma de oposição à imagem do colonizador português, nesse momento profundamente mal visto; por Gonçalves Dias, na poesia, ou por Alencar, na ficção, por exemplo.

O negro, quando aparecia, era apenas para contracenar com o índio, com uma imagem distorcida, por inferiorização, devido às ideias eurocêntricas que viam os negros escravizados como selvagens, embrutecidos, ou, pior, animalizados.

Com os movimentos abolicionistas e, posteriormente, com a conquista da libertação dos escravos, em 1888, surge a primeira heroína escrava, na obra A escrava Isaura, do escritor romântico Bernardo Guimarães. Entretanto, o escritor mineiro, provavelmente, para não chocar as elites, o público leitor, embranqueceu-a, como podemos observar abaixo:

A tez era como o marfim do teclado, alva que não deslumbra embaçada por uma nuança delicada, que não sabereis dizer se é leve palidez ou cor-de-rosa desmaiada. (GUIMARÃES, 1997, p.13).

Um pouco mais à frente, já sob o domínio da estética naturalista, é publicado O Mulato, de Aluísio de Azevedo (1881), que repete, guardadas as diferenças, procedimento semelhante ao de Bernardo Guimarães. É interessante observar que, apesar de ter como objetivo a denúncia do preconceito racial, o autor cai na armadilha da inversão, pois o personagem, o herói mulato, é idealizado e colocado como um mulato fino, bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra.

A obra é delineada pelo prisma da valorização, quanto às possibilidades e capacidades que qualquer ser humano possui; no entanto, encobria a realidade da maior parte dos negros viventes na época.

Nem mesmo os escritores abolicionistas conseguiram escapar dessa visão distorcida a respeito da população negra e, de forma recorrente, o negro é visto como um ser endemoniado, medroso e frágil, por se deixar levar por crendices e superstições. Isso são todas causas do “choque” cultural, frente ao diferente, e pela irresistível tendência etnocêntrica.

No entanto, não podemos perder de vista que todos nós vivemos de acordo com o nosso tempo. Cada momento da história tem seus diversos temas geradores, seus paradigmas.

É claro que alguns intelectuais se diferem nas análises, mas se preocupam, de certa maneira, em debater temas que são da ordem do momento vivido.

Não devemos descartar as obras citadas acima, temos que revisitá-las sempre, buscando o entendimento de suas construções para que haja desenvolvimento intelectual.

A história e seus fatos, assim como a literatura, já tiveram seus “dados rolados”, porém, a interpretação é contínua, no ato de aprofundamento das questões.

O passado não muda, mas a forma como o compreendemos pode sofrer mudanças.

Infelizmente, a imagem do negro, no imaginário brasileiro, esteve sempre deturpada por estereótipos que vão desde a imagem de feiúra e bestialidade até o exagero nas tendências ao erotismo e à sexualidade, algo que se mantém até os dias atuais. Eis por que a atual literatura tem se dedicado a desfazer essas imagens, na tentativa de instaurar novos modelos para a criança negra, valorizando as suas tradições e sua identidade.

A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO NA LITERATURA INFANTOJUVENIL

No Brasil, Monteiro Lobato foi o precursor da Literatura Infanto-Juvenil.

Monteiro Lobato foi o autor de obras infantis que mais explicitamente expuseram sua negrofobia. Seus personagens negros ora eram apresentados como animais selvagens, ora infinitamente resignados.

A Tia Anastácia, a principal personagem negra do escritor, era analfabeta e chamada “a negra de estimação”, “negra que é tratada como parte da família”.

Os traços e estereótipos dos negros eram descritos com desapreço e, até certo ponto, provocavam sentimento de desprezo e

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