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A Comparação Astecas e Incas

Por:   •  8/10/2018  •  Resenha  •  1.908 Palavras (8 Páginas)  •  244 Visualizações

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Durante o período Pós-Clássico, podemos observar o apogeu de duas sociedades: Incas e Astecas. Surgindo em um contexto de pós-abandono das grandes cidades, que permite uma remodelação diversa nas influências, possibilitando o surgimento de novos centros de poder. Os Astecas ocuparam grande parcela da região do atual México, ali expandindo seu império e sua cultura para os demais povos da região em função da sua organização militar bem desenvolvida. Já os Incas, sendo produto da sucessão de civilizações andinas, se constituem nos Andes onde instalam um império vasto com grande apreço cultural e muito ligados a objetos preciosos.

        Através disso, é possível a compreensão de como se organizavam os estados e o império de cada um desses dois povos. Os astecas tinham uma grande projeção divina que dividia o mundo entre céu/terra, luz/escuridão, masculino/feminino etc. Esse cenário de partição tinha reflexo diretamente no estado, tendo assim dois lideres: tlatoani e cihuacoátl que representam céu e terra, respectivamente. Inicialmente o tlatoani era escolhido através de assembleias gerais, com o passar dos anos esse grupo que o elegia foi ficando cada vez mais restrito tendo representantes dos guerreiros e sacerdotes; os demais membros eram designados para representar seus devidos bairros.

        Tlatoani acabava por se tornar um personagem semi-divino, sua responsabilidades passavam por sumo-sacerdote, dirigente militar e juiz supremo, sua maior representatividade era através de Tezcalitpoca. Assim suas obrigações estavam ligadas a relação com os deuses e a proteção que deveria ser oferecida ao povo asteca. O cihuacoátl era uma espécie de vice-responsável, nas ausências de seu superior ele ficava no comando, era também, responsável por assuntos administrativos, das fazendas e judiciais da cidade. Sendo assim, é possível observar que os Astecas, através de Tlatoani vivem uma espécie de monarquia, pois seu líder era escolhido através de assembleias que selecionavam membros da família real ao governo. As decisões centrais da sociedade eram tomadas por eles que se justificavam através do poder divino que lhe fora atribuído, dessa forma, a população acabava tendo pouca voz de interferência no governo.

        Além dos dois cargos principais citados acima, elegiam-se ainda quatro grandes dignitários junto ao imperador: tlacateccatl – o que comanda guerreiros e o tlacochcakatl – o encarregado da casa dos dardos. Sendo funções que não eram escolhidas pelo conselho, esses cargos acabavam ocupados por parentes do soberano que num futuro poderiam vir á sucede-lo. A aristocracia tinha um conceito muito elevado no estado, tendo reflexo então na estrutura social e nos tributos pagos ao imperador pelas cidades dominadas.

        Já os Incas, em contrapartida, tinham uma caracterização maior de teocracia não havendo dissociação entre a divindade e o poder político, sendo o imperador Inca considerado filho do Sol.  Mas o imperador não governava sozinho, havia no império uma dupla governabilidade: Anan e Urin. Essas duas metades governvam diretamente de Cuzco.

        O Sapa Inca (Anan) era considerado filho do sol, tendo maior autoridade sobre Urin escravo do Sol. Cabia ao primeiro a organização da vida cívica, política, econômica, social e cultural; enquanto o segundo era responsável pela tradição do culto solar no território. Ao acender ao trono de Sapa Inca o escolhido deveria renunciar a todos os bens que possui e que herdaria de sua família, em função disso, se considerava que ele não tinha mais antecessores, sendo assim, não poderia ter sucessores, então toda vez que o sapa inca vinha á falecer ocorriam legítimas guerras civis dentro do estado Inca entre seus sobrinhos e irmãos que teriam direito de acender ao trono, que era tomado então por aquele que realmente tivesse mais força, após isso a paz era progressivamente reestabelecida. Essa cisão constante que ocorria no império tinha efeito direto na política interna inca, tendo que sair da penumbra toda vez que ocorria sucessão.

        Os Incas tinham grande controle burocrático e demográfico dentro de seu estado, através do sistema contábil de nós (quipo) era possível exercer certo controle sobre a natalidade e mortalidade da população podendo assim ter noção da vastidão de seu império.

        Comparando as duas civilizações, podemos ver pontos em comum e divergências, tanto no modo de governo quanto em suas estruturas. Mas acredito que as principais diferenças sejam no modo de sucessão dos imperadores e o modo como eram vistos. Ambos usavam os deuses como forma de afirmação de poder, mas os incas tinham uma politica mais teocrática que os astecas lhe dando um caráter divino ao imperador enquanto os astecas entendiam que as divindades estavam acima de seu governante.

        No que se refere à cosmologia e cosmovisão desses dois povos, podemos observar que tanto os Astecas quanto os Incas, conforme já citado, tinham intensa relação entre o estado e a religião, um estava intrínseco ao outro.  A religião, era tida como papel explicativo para os acontecimentos que sucediam na sociedade, dessa forma, sendo paradigma de todos os homens.

        O mito de origem asteca está enraizado em suas divindades, com ênfase em duas: Uitzilipochtli e Quetzalcoátl. Criando uma mitologia que não negava a sua origem humilde e nômade, deixando claro, a influência que receberam de outras culturas. A cidade de Teotihuacán e Tula foram as bases para sua fundamentação teórica, sendo a primeira a que originou o mito do quinto sol, mito que explica a criação dos astecas e a segunda seria o berço de conhecimento herdado e lugar de nascimento de Quetzalcoátl.

        O tempo para os astecas era pensado de forma cíclica e não linear. As quedas de civilizacões anteriores teriam ocorrido não por um processo de crise e enfim de queda, mas sim, por que seu ciclo havia chegado ao fim. Este fator pode nos dar base para entender o quanto esse medo estava no imaginário da população e o porquê dos sacrifícios serem tão constantes na sociedade. Os sacrifícios tornavam-se ainda mais intensos a cada 52 anos, pois no calendário asteca esse período era marcado pelo risco de o sol não voltar a nascer, então eram feitos sacrifícios e rituais para restaurar a harmonia e agradar aos deuses para que os ajudassem a passar salvos por esse período, chamado “fogo novo”.

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