A história do Brasil é caracterizada pela presença de negros que foram escravizados durante muito tempo

Quilombolas: Ontem e Hoje

A história do Brasil é caracterizada pela presença de negros que foram escravizados durante muito tempo.

Buscando romper as relações de dominação, acabavam formando comunidades em regiões afastadas chamadas de quilombos ou mocambos, que representam uma das maiores expressões de luta organizada no Brasil em resistência ao sistema colonial. Eram neles que os negros  fugidos de seus senhores encontravam refúgio e podiam estabelecer ali suas manifestações de acordo com seus hábitos culturais e praticar livremente seus cultos religiosos.

Em maio de 1988 ficou marcado por ser fim da escravatura no pais e a luta contra o preconceito, tudo isso com a tentativa de afirmar a identidade afrodescendente no contexto brasileiro. O reconhecimento jurídico, concedido pelo artigo 68, presente na Constituição de 1988 afirma que  "Aos remanescentes das comunidades de quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos."

Os levantamentos mais recentes realizados por pesquisadores e militantes de organizações não governamentais indicam a existência de 300 a 500 comunidades quilombolas no Estado da Bahia. O Cadastro Geral de Remanescentes de Comunidades de Quilombos do governo federal registrava em outubro de 2006 a existência de 159 comunidades naquele estado.

O povoado do Mucambo localizado no extremo oeste da Bahia a 15 km da cidade de Barreiras-Ba é  a localidade de maior predominância de remanescentes. Existem outras localidades como: Baraúna, São José, Gameleira, Tatú, e outros.

A localidade do Mucambo é composta por dois troncos familiares:  Vieira e Catula. De acordo com depoimentos de antigos moradores e da professora e historiadora Inez Pitta de Almeida, a comunidade do Mucambo tem sua origem de descendentes de povos escravizados oriundos das Larvas de diamante na Chapada Diamantina, afirma ainda, que logo após o episódio da assinatura da Lei Áurea o coronel Vieira cedera aos seus serviçais e ex-escravos, a parte de baixo do Mucambo, a notícia desse fato, fez com que, ocorressem o deslocamento de um número considerável de ex-escravos de Larvas (Chapada Diamantina) para aquela localidade.

Existe um questionamento o qual a comunidade quilombola do Mucambo nega suas expressões e valores culturais identários de suas raízes afrodescendentes e seu pertencimento quilombola entre os seus moradores, tendo em vista que o racismo, o preconceito e a discriminação racial, contribuem para o sentimento de inferioridade desta localidade.

Segundo o Professor Edson Carvalho em seu trabalho de mestrado: A dúvida se instalou após a visita dos técnicos do INCRA a fim de proceder a regularização das terras do povoado a partir da sua auto titulação  como  ''remanescentes de quilombos''.

Segundo os interlocutores, seus proprietários não aceitam tal titulação devido a possível desapropriação de suas terras ou indenização. Sendo que esse procedimento foi feito de forma equivocada, pois seus encaminhamentos não foram discutidos com a comunidade.

A posse do mencionado título, ao invés de ter contribuído para a união do grupo, tem conseguido estimular um clima de desconfiança, desconforto e até de rejeição.

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