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Análise do documentário João Goulart – Silvio Tendler

Por:   •  27/5/2017  •  Seminário  •  1.940 Palavras (8 Páginas)  •  245 Visualizações

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Análise do documentário João Goulart – Silvio Tendler

         O documentário João Goulart: Jango aborda os principais argumentos políticos, sociais econômico-comerciais para a culminação do golpe de 1964, apresentando como fontes as notícias dos jornais, as declarações oficiais do governo e opositores, os depoimentos dos partipantes dos movimentos sociais e os articuladores do golpe civil militar.  O filme inicia com a recepção da visita à China do vice- presidente João Goulart, o fato que lhe levou várias críticas internas entre os setores de direita brasileira e argumento para acusação de comunista. O objetivo é apresentar a realização das bases políticas de apoio e a articulação do golpe de 1964.

            O filme narra a  biografia e a trajetória política de João Goulart: iniciou a carreira na política em 1945, a convite do presidente Getúlio Vargas, e integrou o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), em 1947 foi eleito deputado estadual para a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em 1950 ele foi eleito deputado federal com cerca de 40 mil votos, em 1953, foi nomeado, por Getúlio Vargas, para ser o Ministro de Trabalho e em 1955 foi eleito vice-presidente de JK (1956 – 1961). A postura de Goulart como presidente é resultado da prática da administração e da experiência política. Quando Ministro do Trabalho ele concedeu aumento de 100% no salário mínimo o que acarretou na sua demissão e uma crise militar vista na Carta de Manisfesto que argumentava que o Brasil estava seguindo para uma “esquerdização”, pois medidas anteriores havia desagrado também esse setor. O filme resgata a instabilidade e conspiração contra o governo Vargas que resulta  no suicídio. A leitura que pode realizar deste fato é que o suícido de Vargas tirou o sabor da vitória da oposição e os planos adversários de golpe.

           Antes da posse de Juscelino Kubitschek é importante mencionar que, o lançamento oficial de sua candidatura, provocou uma movimentação contra as eleições e a favor da intervenção dos militares tornou-se mais evidente. JK era tido como comprometido com as forças getulistas destronadas em agosto de 1954.  O general Henrique Teixeira Lott foi quem impediu o golpe militar que setores conservadores das Forças Armadas e lideranças da UDN armavam para impedir a posse do presidente eleito Juscelino Kubitschek e o vice João Goulart, vencedores da eleição de outubro de 1955. João Goulart, vice-presidente de JK, era da área trabalhista teve apoio do PTB, o que garantiu a  estabilidade para JK aplicar o Plano de Metas.Este plano que devia realizar “50 anos em 5” e cuja meta síntese era a construção da nova capital no planalto central – Brasília,  os seguintes setores estratégicos eram a energia, transportes, alimentação e indústria de base. Seus objetivos principais visavam enfrentar os pontos de estrangulamento da economia por meio de investimentos do Estado em infraestrutura, expandir a indústria de base, o desenvolvimento da indústria automobilística, incentivando investimentos privados nacionais e estrangeiros.

       O início do governo de Jânio Quadros foi marcado pelas críticas contundentes ao seu antecessor cujo programa político era o nacional-desenvolvimento. A inflação alta, a desorganização administrativa e a dissolução dos “bons costumes” formavam o núcleo das críticas dirigidas a Kubitschek. Para superar esses problemas, Jânio anunciava a realização de uma política saneadora e moralizadora, o filme cita algumas dessas reformas morais como acabou com a corrida de cavalos durante a semana e proibiu o uso de biquini na televisão e propagou os padrões da classe médiam, assim, o país tinha um delegado ou invés de um estadista.

        O governo Jânio desenvolveu uma política interna considerada conservadora e plenamente aceita pelos Estados Unidos, entretanto procurou afirmar no plano externo os princípios de uma política independente e aberta a relações com todos os países do mundo, o que marca contradição  de Jânio. Com o intuito de conter os gastos públicos, restringir o crédito e estimular as exportações, instaura a Instrução 204 da SUMOC, que desvalorizava o cruzeiro em 100%. Tal medida provocou uma reação negativa das camadas populares, as quais assistiram uma brutal elevação dos preços das mercadorias. Todavia, a política externa brasileira vinculou-se mais estreitamente ao projeto de desenvolvimento econômico e de afirmação do país no cenário internacional. À formalidade característica do período anterior sucedeu uma política externa dinâmica, cujo objetivo era ampliar o leque de parceiros econômico-comerciais, independentemente do perfil ideológico.

          A política externa tinha como objetivo expandir as relações comerciais do Brasil com o mundo, incluindo as nações socialistas, levou ao estabelecimento de acordos comerciais com a Bulgária, Hungria, Romênia, Iugoslávia e Albânia; restabeleceu relações diplomáticas com esses países e mais URSS, Vietnã do Norte, Alemanha Oriental e República Popular da China, instalando embaixadas em alguns deles. O palácio do Planalto recebeu a primeira missão comercial da República Popular da China enviada ao Brasil, recebeu o ministro cubano Che Guevara que é condecorado com Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, o que provocou a indignação dos setores civis e militares mais conservadores. O filme mostra a visita de João Goulart  a China e a recepção do Mao Tsé Tung, é o marco do primeiro latino americano a romper com alinhamento automático com os EUA, e abriu a crise para a reunúncia  de Jânio em 25 de agosto de 1961.

         Para melhor elucidar o pensamento dos setores conversadores, o filme apresenta o depoimento do general Antônio Carlos Muriey que afirma que o Brasil estava sendo levado para um lado esquerdista e já havia uma guerra revolucionário instalada no país. A cisão militar ocorrida durante esse episódio persistiu durante todo o governo de Jango. Setores nacionalistas das Forças Armadas, articulados ao movimento sindical e a setores da esquerda, apoiaram abertamente importantes iniciativas políticas de Goulart, tais como a defesa das "reformas de base" e a antecipação do plebiscito sobre o sistema de governo, previsto inicialmente para o início de 1965. Jango defendia a reforma tributária , urbana e agrária.

            Durante o governo Jango os movimentos sociais rurais crescem com as Ligas Camponesas  e a criação do Estatuto Rural. De acordo ex-dirigente do PCB, Gregório Bezerra afirma que havia mais liberdade para aprofundar as organizações camponesas, e é realizado o Primeiro Congresso Nacional dos Trabalhadores Agrícolas em Minas Gerais com a presença do presidente. O fundador das Ligas Camponesas, Franciso Julião afirma que a partir de 1960 estava acontecendo mobilizações sobre a pauta da reforma agrária.

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