Beatles

THE BEATLES: RENASCIMENTO, CONSOLIDAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DO ROCK AND ROLL.

André Luis GOBI (andrelpedreira@gmail.com)

Profº Drº José Adriano FENERICK

Resumo: No começo dos anos 1960, o rock and roll estava praticamente morto, tendo sido uma moda passageira da década anterior. Nesse contexto, os Beatles, uma banda inglesa que fazia o chamado rock and roll clássico, despontam no cenário britânico e norte-americano, logo expandindo seu sucesso para todo o mundo. Mais que fazer o gênero ressurgir, o consolidam como extremamente lucrativo e, conforme amadureciam musicalmente, ditaram as tendências a ser seguidas e transformaram o rock and roll em uma forma de arte.

Palavras-chave: Beatles, rock and roll; 1960; música popular.

Introdução

Em finais da década de 1950, o rock and roll estava praticamente desaparecendo nos Estados Unidos. Aquele ritmo desafiador e envolvente que havia surgido e feito sucesso entre os jovens da chamada “geração silenciosa” (jovens que haviam nascido no período da Segunda Guerra Mundial, antes dos ataques a Pearl Harbor), estava sendo deixado de lado, estava morrendo.

O rock’n’ roll clássico surgido no início dessa década, que tinha como principais nomes Chuck Berry, Fats Domino, Bill Haley, faziam uma junção do blues e do R&B, onde suas músicas tinham como conteúdo, tanto nas letras quanto esteticamente, um teor chocante para os padrões da época, onde os temas faziam menção ao amor (sexo) e à dança, havia dado lugar a um rock, da chamada segunda geração, de músicos brancos, onde as letras tratavam mais de jovens românticos e rejeitados, em “uma fusão de rockabilly, rock clássico primitivo e R&B” . Ainda assim, os principais representantes, Elvis Presley, Buddy Holly e Jerry Lee Lewis, tinham atuações de palco que escandalizavam o público e crítica.

Essa morte pode ser creditada a vários fatores, principalmente ao Escândalo da Payola, onde vários disc-jockeys norte americanos foram acusados de receberem dinheiro para tocar e favorecer a divulgação de certos artistas de determinadas gravadoras. Aliados a isso, somam-se pressões de líderes civis, da igreja e do governo contra o ritmo. A partir desse ponto, tentaremos entender como o rock and roll se reergueu e se consolidou nos anos 1960, tomando como base o surgimento e consagração dos Beatles.

1. O surgimento dos Beatles

Enquanto nos Estados Unidos do começo dos anos 1960, o rock estava sepultado e seu espaço estava sendo tomado por grupos vocais e outros cantores sem caráter de contestação e rebeldia, do outro lado do Atlântico, mais precisamente na cidade portuária de Liverpool, no noroeste da Inglaterra, quatro garotos estavam despontando na cena musical local, inspirados pelos grandes nomes do rock clássico norte-americano. John Lennon (guitarra), Paul McCartney (baixo), George Harrison (guitarra) e Ringo Starr (que havia substituído Pete Best na bateria) formavam os Beatles, um grupo de rock and roll que estava fazendo grande sucesso local.

A banda havia se formado originalmente em 1956, quando McCartney conheceu Lennon e fez um teste para entrar em sua banda, os Quarrymen. Posteriormente, entraram George Harrison, amigo de Paul e Stu Stutcliffe, amigo de Lennon, no baixo. Stutcliffe deixaria a banda mais tarde, em 1961, durante uma turnê em Hamburgo, na Alemanha, para se casar com a fotógrafa Astrid Kirchherr, e morreria em abril de 1962 de hemorragia cerebral.

Após um período tocando em Hamburgo (já com o nome alterado para The Beatles), onde os rapazes amadureceram e se formaram com músicos e aumentando seu repertório, uma vez que chegavam a tocar entre seis e oito horas por noite. Esse período na Alemanha ainda apresentaria aos rapazes os clichês da vida de um roqueiro.

Nesta e nas viagens posteriores, os rapazes faziam amizade com prostitutas, inventavam um novo café da manhã (cereais de milho e cerveja com um copo de leite ao lado) e tomavam quantidades cada vez maiores de comprimidos de dieta que os mantinham acordados.

De volta à Inglaterra, a banda começaria a ver sua popularidade local aumentar e se estabeleceria tocando no Cavern Club, em sua cidade natal, Liverpool. A essa altura, como grupo mais popular da cidade, chamou a atenção de Brian Epstein, proprietário da North End Music Store (NEMS). Epstein, tornou-se então, empresário da banda, sendo fundamental para a carreira dos Fab Four. Com sua sofisticação, profissionalizou a banda e fez com que adotassem uma postura e vestimenta mais elegante, com os famosos terninhos e os cabelos penteados para frente. Também, devido ao seu negócio na indústria fonográfica, tinha o contato de várias gravadoras, e mesmo com a recusa de algumas em gravar o material da banda, encontrou na figura de George Martin, chefe da Parlophone Records, a outra peça fundamental para que a banda se tornasse a mais bem sucedida da história.

Gravando nos estúdios da EMI na Abbey Road (que se tornaria, posteriormente, lugar de peregrinação de fãs), a banda tem em sua maioria covers dos artistas do rock clássico americano. Quando lançam Love me Do, entra em ação uma das primeiras estratégias de marketing de Brian Epstein. Embora o compacto tenha vendido muito bem em Liverpool, onde se concentrava a maior parte dos fãs da banda até então, o resto do país pouco se interessou por isso. Disposto a dar visibilidade ao grupo, Epstein comprou 10 mil discos de Love me Do para deixar em sua loja, fazendo com que o disco entrasse na parada dos 20 mais. Please Please Me foi o primeiro hit da banda a alcançar o topo das paradas, causando o início da Beatlemania. Seguiram o sucesso desta, outras canções, especialmente I Want to Hold Your Hand, fazendo com que o grupo se tornasse um sucesso também nos Estados Unidos.

Aproveitando o momento, Epstein e Martin não pouparam esforços para divulgar a imagem e música dos Beatles na América. “A sagacidade da gravadora fez com que ela destinasse uma quantia fenomenal de 50 mil dólares para despesas promocionais” , fazendo com que o terreno fosse preparado para a chegada do grupo, inclusive com agendamento de apresentação no Ed Sullivan Show, um programa de variedades visto em todos os Estados Unidos.

Quando a Capitol (subsidiária da EMI) lançou I Want to Hold Your Hand e I Saw Her Standing There, em 26 de dezembro de 1963, o coração da indústria musical americana estava totalmente preparado. Na semana seguinte o disco entrou nas pardas americanas em 83° lugar, indo para 42° na outra semana

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