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Por:   •  16/6/2014  •  9.963 Palavras (40 Páginas)  •  240 Visualizações

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60 ANOS DA PARTICIPAÇÃO DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA (FEB) NA 2ª GUERRA MUNDIAL

Oito de maio de 2005, Dia da Vitória, sessenta anos.

O que será que esta data representa para as novas gerações? Será apenas mais um dia comemorado pelos militares, e por uns poucos estudiosos e saudosistas? Afinal, o que tudo isso tem a ver com eles, com o mundo que conhecem, no qual vivem? E o Brasil, por que cargas d’água foi se meter numa guerra fora das Américas? Qual a razão para mandar brasileiros arriscarem, e alguns perderem, a vida em um teatro de operações europeu?

Tais indagações nos remetem a um outro fato tão preocupante e tão urgentemente prioritário. A cada ano que passa se avolumam as baixas nas colunas restantes da FEB. Nossos valentes e estimados pracinhas que sobreviveram a Segunda Grande Guerra Mundial, que voltaram do front italiano, estão perdendo sua última batalha para o mais incansável, implacável e determinado oponente de todos, o tempo. Não se trata apenas dos últimos alentos de uma geração de valentes e de abnegados soldados e concidadãos, como poucos em nossa história, e mesmo na da humanidade, mas, também, de uma corrida para salvar sua memória, para resgatar e preservar seu ilibado e heróico legado, para que o futuro lhes reserve algo mais do que um mero verbete em uma enciclopédia ou uma curta e sucinta citação em uma página de um livro didático.

Qualquer objetivo que se pretenda alcançar só o será se conhecermos mais detidamente, e mais profundamente, a missão a que nos propomos efetivamente cumprir. Para que se possam cerrar fileiras nesse embate pelo resgate desta parte épica de nossa memória nacional é preciso, primeiramente, saber os “por quês” , os fatos, as condições se época, os cenários interno e externo, as razões de Estado e da política internacional, que fizeram com que trilhássemos os caminhos da belicosidade.

O Estado Novo, instituído por Getúlio Vargas, em 1937, apresentava matizes que nos aproximava mais do cenário das ditaduras nazi-fascistas européias do que o das democracias ocidentais. Isto, porém, não se constitui em uma quase certeza de que o governo brasileiro pendesse para o lado do Eixo – Alemanha, Itália, Japão –, embora mantivesse relações normais com este bloco, igualmente com os Aliados, pois a muitos foge a compreensão de que devido a nossa situação estratégica privilegiada, e de poder de influência na América Latina, realizávamos um metódico e meticuloso jogo de xadrez da diplomacia internacional. Logicamente, havia grupos, dentro do governo central, e em diversos segmentos sociais e institucionais, de “americanófilos” e de “germanófilos”, que incansavelmente disputavam o apoio oficial brasileiro à sua causa, ao seu bloco em guerra. Nesse ponto é bastante esclarecedora, e perspicaz, a seguinte observação:

“Os traços nacionalistas que caracterizavam a Constituição de (19)37, confirmados através de inúmeros decretos e reforçados pela ideologia dos chefes militares, se estendia também às relações internacionais. Por isso, seria falso afirmar que uma adesão clara do governo, até 1940, quer à política dos países do Eixo, quer às exigências norte-americanas. Ambos os blocos tentavam conquistar as simpatias e as preferências de Vargas, através dos seus principais colaboradores, que, é inegável, tinham preferências ideológicas e mesmo procuravam forçar compromissos políticos com os E.U., ou com a Alemanha. Oswaldo Aranha, primeiro embaixador em Washington e depois Ministro do Exterior, desde logo seria conquistado pelos americanos; também Lourival Fontes, chefe do Departamento de Imprensa e Propaganda. Do outro lado, Francisco Campos, Felinto Müller estimulavam as tentativas da embaixada alemã, faziam vista grossa à propaganda nazista e às organizações das minorias alemã e italiana, cuja atividade, muito sintomaticamente, tinha sido restringida por lei. Góes Monteiro e Dutra oscilavam, mas por razões muito específicas: estavam interessados no bloco que oferecesse melhores condições: equipamentos e armas para o Exército, então em fase de reorganização, e financiamentos para as industrias de base, que almejavam instalar no país.”(1)

A construção da Companhia Sider1úrgica Nacional forçaria a queda-de-braço final, determinando para que lado penderia o fiel da balança. Em uma jogada de mestre Vargas informava, em maio de 1940, ao Departamento de Estado americano que a poderosa Krupp (alemã), se dispusera a construir a usina. Sabendo de que tal aliança levaria, fatalmente, à dependência militar brasileira em relação à Alemanha, o governo norte-americano apresentou uma tentadora contraproposta: empréstimos da ordem de $20 milhões de dólares feitos através do EXIMBANK (banco/instituição semi-oficial) – depois elevados para $ 45 milhões –, além de vantagens adicionais como: incremento do transporte marítimo do carvão – vindo do sul –, e equipamento para a Estrada de Ferro Central do Brasil – transporte do minério de ferro extraído em Minas Gerais. Logicamente que o reaparelhamento das Forças Armadas com equipamento norte-americano de última geração fazia parte do pacote. Em contrapartida o governo brasileiro começou a minar a influencia pró-nazista no governo e na sociedade. O Ministro da Justiça, Francisco Campos, notório “germanófilo”, perdeu o controle do DIP, agora nas mãos de Vargas, o que levou ao fechamento do jornal nazista Meio-Dia e a censura de outros dois, e a proibição, em fins de 1941, de todos os jornais editados em língua estrangeira.

Figura marcante neste momento crucial foi a do Ministro do Exterior, Oswaldo Aranha. Através de uma ação diplomática firme e decisiva, e mesmo, em certos momentos, agressivamente incisiva, anulou, ou minimizou ao máximo, a influência nazista na América do Sul, com destaque para suas atuações junto à Argentina e ao Paraguai; evitando assim a abertura de uma nova frente que colocaria em risco o esforço de guerra aliado. A política continental, norteada pela noção de um panamericanismo unificador, já acertada anos antes na Conferência do Panamá (1939), e endossada na de Havana (1940), se efetiva na Conferência do Rio (1942), na qual Osvaldo Aranha arrebatava a América Latina para o lado das democracias ocidentais.

“A conferência do Rio de Janeiro, de que participavam ministros do exterior dos países americanos, selava também a aliança Vargas-Roosevelt. As conseqüências econômicas e políticas seriam fundamentais: as mais imediatas seriam os acordos de Washington, assinados a 3 de março de 1942, pelo ministro Souza Costa, representante de Vargas. O Brasil concedia permissão aos americanos para

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