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Diferenças e Aproximações entre Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda

Por:   •  22/10/2019  •  Pesquisas Acadêmicas  •  957 Palavras (4 Páginas)  •  356 Visualizações

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Diferenças e aproximações entre Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda

Em 1830, por determinação do império brasileiro, fundou-se o chamado Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, IHGB. Esse instituto tinha como objetivo a co­leta e publicação de documentos rele­vantes para a história do Brasil e o incentivo, ao ensino público, de estu­dos de História. Em 1840, o IHGB promoveu um concurso destinado a premiar a melhor maneira de se escrever sobre História do Brasil. O prêmio foi outorgado em 1847 a Carl von Martius. Intitulado Como se deve escrever a história do Brasil, o texto tinha como  proposta a afirmação de que a singularidade brasileira como nação viria da miscigenação de sua população, constituída da mistura do negro, do índio e do branco.

“Do encontro, da mescla, das relações mútuas e mudanças dessas três raças, formou-se a atual população, cuja história por isso mesmo tem um cunho muito particular.” (RIHGB, 1953/CCIXX:187)

Segundo Martius, a história do Brasil deveria focar no aprimoramento das três raças. A miscigenação ao mesmo tempo em que é o resultado de um processo histórico deveria ser utilizada como uma chave de leitura para apreender a realidade brasileira, a partir do estudo de seu passado, presente e futuro. Para compreender o papel das raças na formação do povo brasileiro seria necessário estudar cada uma delas de forma isolada, inicialmente, para depois verificar o contato entre elas e suas relações dinâmicas. Contudo, como observa Ronaldo Vainfas, “Von Martius não logrou grande êxito ou ressonância no século XIX. Se é verdade que os estudos incentivados e realizados pelo IHGB ajudaram a compreender o papel do índio em nossa formação histórica, pouca coisa se fez em relação ao negro.”  Além disso, Martius, assim como muitos cientistas sociais da época, ainda defendia um discurso carregado de preconceitos onde o homem europeu era posto como superior  “(...) O sangue português, em um poderoso rio deverá absorver os pequenos afluentes das raças índia e etiópica. (MARTIUS, p.188-189)”

Somente a partir de 1930 essa realidade historiográfica sofre uma mudança significativa. Nessa época, surgiram intelectuais de grande estatura que romperam com a escrita tradicional e deram uma nova guinada na abordagem historiográfica brasileira. Dentre eles, destacam-se Sérgio Buarque de Holanda, autor de “Raízes do Brasil” e Gilberto Freyre, autor de “Casa Grande e Senzala”.  De acordo com José Carlos Reis (1999, p.117), na década de 30 “a história se aproximou das ciências sociais, querendo pesquisar a ‘realidade brasileira’ em seu aspecto econômico-social-mental e não mais só político”. É nesse contexto que os dois autores constroem sua visão crítica da sociedade brasileira.

 Gilberto Freyre e Sergio Buarque construíram narrativas sobre o Brasil considerando o seu passado colonial como fundamental e tornaram-se duas referências essenciais para o pensamento social brasileiro ao oferecerem interpretações originais para a realidade sociológica e antropológica do Brasil. Eles, no entanto, apresentam visões distintas da herança do colonialismo português. Gilberto Freyre apresenta uma visão mais positiva e Sergio Buarque de Holanda mais negativa.

Gilberto Freyre construiu uma narrativa inovadora e estruturada a partir do hibridismo e Sergio Buarque de Holanda uma narrativa igualmente original sobre a cordialidade brasileira. Eles ofereceram uma interpretação global do Brasil, sendo amplamente reconhecidos como autores que imaginaram a narrativa nacional buscando os fundamentos culturais da sociedade. Em Casa Grande & Senzala de 1933 e Raízes do Brasil de 1936, eles enfatizaram aspectos culturais e construíram narrativas estruturantes sobre o Brasil valorizando a dimensão cultural.

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