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Guerra Fria

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Por:   •  25/5/2014  •  Seminário  •  9.777 Palavras (40 Páginas)  •  197 Visualizações

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A grande divergência da Guerra Fria esteve no marco ideológico, onde tínhamos de um lado os EUA, claro representante da ordem mundial capitalista, e de outro lado a URSS, que representava o socialismo. Nesse sentido a instalação de ditaduras militares nos países da América Latina, e de modo especifico no Brasil, representou uma das formas encontradas pelos EUA e pela burguesia nacionalista e reacionária desses países de defenderem e de asseguraram a perpetuação do sistema capitalista no continente americano e conseqüentemente no mundo. Uma análise aprofundada do período ditatorial militar no Brasil nos colocará diante de importantes estratégias utilizadas pelos EUA para apoiar o referido regime político no Brasil e garantir assim a “ordem” e a “paz” nas Américas. Nesse sentido objetivo desse trabalho é apresentar e refletir sobre algumas das estratégias de segurança e defesa utilizadas pelos EUA durante o período ditatorial brasileiro. As quais foram decisivas para perpetuação do regime capitalista no Brasil e para consolidar a hegemonia norte-americana nas Américas.

A maior expressão da Guerra Fria na América Latina seguiu-se com a implantação de governos militares ditatoriais em grande parte de seus países. Isso na tentativa de conter os movimentos de esquerda que eclodiam e que carregavam a bandeira do socialismo. Assim as décadas de 1960 e 1970 foram turbulentas para as nações latino-americanas, em muitos países a democracia foi suprimida e a imposição de ditaduras foi um acontecimento freqüente. E nota-se claramente que os EUA tiveram participações importantes nas implantações e consolidação dessas ditaduras.

Têm-se muitos exemplos da participação norte-americana nas instalações de ditaduras latino-americanas como, por exemplo, em 1973 no Chile. Na Argentina também se vê o golpe amparado pelos EUA. Aí as estratégias foram mais contidas do que em outros, mas é comprovada a ligação entre os golpistas argentinos e o governo estadunidense.

Isso foi impulsionado pela forte influência exercida por Cuba na América Latina. A idéia de comunismo e figuras marcantes como Fidel Castro e Che Guevara faziam das ideologias socialistas algo real e de grandes possibilidades de surtir efeito. Isso porque a história colonial escravocrata da região remete à exploração indígena, a exploração do trabalho negro, a dizimação de populações nativas, a desenfreada exploração dos recursos naturais e outros, que fazem do sentimento nacionalista e patriótico da população desses países, focarem a pobreza e a exploração e terem como uma ideologia a ser seguida, justamente a protagonizada pela URSS. (ARRUDA & PILETTI, 2005)

Outros países passaram por experiências similares, como o Uruguai e o Paraguai, mas não nos deteremos a estes por querer enfatizar as estratégias utilizadas com o Brasil.

No Brasil, em especial, os EUA juntamente com o governo brasileiro da época, delineiam os passos políticos de cada um de uma forma a garantir a presença do capitalismo no bojo estatal e espantar de vez o “fantasma do comunismo” do país e da região.

O começo da década de 60, a conjuntura política era a de um país com um presidente que sustentava relações diplomáticas com a URSS, não apoiava a intervenção norte-americana em Cuba e mantinha uma Política Externa Independente 3.

É relevante saber que a Política Externa Independente foi adotada porque João Goulart, presidente brasileiro à época, aspirava à projeção internacional do Brasil na época e não porque não se alinhava aos EUA. Sobre esse fato Rapoport & Laufer nos esclarece

Em suma, João Goulart não era bem visto pelos norte-americanos, tanto por sua política externa como também por suas atitudes na área interna como a nacionalização de empresas norte-americanas e seu plano de reforma de bases.

Além disso, nessa época via-se multiplicar na sociedade brasileira as influências dos partidos políticos de orientação marxista.

Foi nesse contexto que a ditadura militar no Brasil se instalou a partir de um golpe de estado no ano de 1964 e perdurou durante vinte e um anos de sucessivos governos militares. Em linhas gerais, durante esse período milhares de pessoas foram atingidas em seus direitos: parlamentares tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos suspensos e funcionários públicos civis e militares foram demitidos ou aposentados.

Por outro lado, o golpe militar foi saudado por importantes setores da sociedade brasileira. Grande parte do empresariado, da imprensa, dos proprietários rurais, da Igreja católica, vários governadores de estados importantes amplos setores de classe média pediram e estimularam a intervenção militar, como forma de pôr fim à ameaça de esquerdização do governo e de controlar a crise econômica e social. (FERNANDES, 1982)

De certa forma o governo norte-americano viu-se satisfeito de ver que o Brasil não seguia o mesmo caminho de Cuba e passou a dar apoio logístico aos militares. É sobre esse apoio que trataremos no próximo item.

Com o decorrer da história percebemos que na verdade tanto a aliança quanto o progresso só foram verdadeiros na semântica da palavra, não revelando a mesma veracidade nos objetivos reais pretendidos.

Fatos históricos mostram que a “Aliança para o Progresso” teve diversas barreiras a serem transpostas no inicio. No governo de Goulart, devido a sua posição mais nacionalista e sua política externa independente, o Congresso norte-americano ficou receoso por não saber dos reais objetivos do presidente brasileiro, assim o montante destinado ao Brasil foi de pouca expressão. Para ilustrar essa desconfiança de Kennedy com os problemas brasileiros, foram implementadas no Brasil duas “bases de apoio” do governo norte-americano para o programa, que foram as sedes da United States Agency for Internacional Development (USAID), uma no Rio e a outra no Recife. Essa instituição tinha o intuito de ser o elo entre os investimentos externos e o governo brasileiro. Porem vê-se ai também uma estratégia de inserção dos ideais americanos, pois a USAID pretendia apoiar os governos que se opunham à aproximação com Goulart e financiá-los, querendo dessa forma que governos mais alinhados ao capitalismo ascendessem ao poder (RIBEIRO, 2005).

Assim sendo, com o golpe de 64 e a ascensão ao poder de Castelo Branco, primeiro presidente militar, a história tomou um rumo diferente. Castelo era visivelmente pró-americano e promoveu um realinhamento da política externa brasileira, e isso deixou os norte-americanos eufóricos, que fazia com que o fluxo de investimentos no país fosse muito maior e chegassem a passam a ordem dos 600 bilhões de dólares. O período compreendido

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