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Historia Rio de Janeiro

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Por:   •  10/11/2013  •  Seminário  •  911 Palavras (4 Páginas)  •  359 Visualizações

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A ocupação inicial dos morros do Rio de Janeiro remonta aos fins do século XIX e início do século XX. O contexto do período - comecinho da República - é marcado por duas ideias que norteiam a atuação do poder público em relação à cidade e seus habitantes: civilizar, interferindo no espaço urbano e nos hábitos cotidianos; higienizar, através da assepsia proporcionada pela vacina e pela saga apostolar do Doutor Oswaldo Cruz.

O ato de civilizar era visto como uma tentativa de impor à cidade padrões urbanos e comportamentais similares às capitais européias, especialmente Paris. Foi essa a perspectiva da reforma urbana de 1904, projetada pelo prefeito Pereira Passos e seus asseclas - o alcaide era um declarado devoto de Haussmann, o responsável pela reforma urbana da capital francesa nos tempos de Napoleão III.

A reorganização do espaço urbano teve, naquele contexto, o objetivo de consolidar a inserção do Brasil no modelo capitalista internacional, facilitar a circulação de mercadorias [inviabilizada pelas características coloniais da região central, com ruas estreitas que dificultavam a ligação com a zona portuária] e construir espaços simbólicos que afirmassem os valores de uma elite cosmopolita. Era o sonho da Belle Époque tropical.

Havia, porém, um obstáculo a ser removido para a concretização da Cidade Maravilhosa: os pobres que habitavam as ruas centrais da cidade e moravam em habitações coletivas, como cortiços e casas de cômodos - descendentes de escravos, mestiços, imigrantes portugueses...

A solução encontrada pelo poder público foi simples e impactante; começou o "bota-abaixo", com o sugestivo mote de propaganda O Rio civiliza-se. Resultado do furdunço: mais de setecentas habitações coletivas demolidas em curto espaço de tempo.

Foi aberta a Avenida Central [atual Rio Branco] ; demolido o Largo de São Domingos [para a abertura da Avenida Passos]; demolidas as casas paralelas aos Arcos da Lapa e ao Morro do Senado [para abrir a passagem à Avenida Mem de Sá ]; alargadas as ruas Sete de Setembro e da Carioca; abertas as avenidas Beira Mar e Atlântica e concluído o alargamento da Rua da Vala [atual Uruguaiana].

A reforma resolvia uma série de problemas e contradições da cidade e gerava uma indagação: o que fazer com os homens e mulheres que os governos definiam como "elementos das classes perigosas", habitavam as regiões centrais e eram obstáculos à concretização da Paris tropical?

A relação das elites e do poder público com os pobres era paradoxal. Os "perigosos" maculavam, do ponto de vista da ocupação e reordenação do espaço urbano, o sonho da cidade moderna e cosmopolita. Ao mesmo tempo, falamos dos trabalhadores urbanos que sustentavam - ao realizar o trabalho braçal que as elites não cogitavam fazer - a viabilidade desse mesmo sonho: operários, empregadas domésticas, seguranças, porteiros, soldados, policiais, feirantes, jornaleiros, mecânicos, coveiros, floristas, caçadores de ratos, desentupidores de bueiros...

Os habitantes dos cortiços eram necessários, dentre outras coisas, para realizar o trabalho braçal da demolição dos cortiços. Não somos mesmo para principiantes.

A população pobre, ao mesmo tempo repelida e necessária, tinha duas opções - morar nos subúrbios ou ocupar os morros centrais. A vantagem da ocupação dos morros, evidente para os dois lados, era a maior proximidade dos locais de trabalho. Combinamos assim: não tão perto que possam macular a cidade restaurada e higienizada, não tão longe que obriguem a madame a realizar os

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