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Marcos Pacheco

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Por:   •  4/8/2013  •  Seminário  •  1.253 Palavras (6 Páginas)  •  268 Visualizações

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A dupla captação:

o desafio dos novos prefeitos

jornal Turma da Barra

*Marcos Pacheco

O velho e “surrado” clientelismo dos convênios ainda existe, mas agora também é mediado pelo necessário “desenho plausível” dos projetos. Isto é, precisam ter uma boa justificativa no cenário de execução, objetivos bem definidos

Em ensaios anteriores tive a oportunidade de discorrer breve e sucintamente sobre a necessária articulação entre carisma político e competência técnica para termos bons (ou excelentes) gestores. De fato, para agregar votos, na lição preciosíssima de Max Weber (na sua obra “A política como vocação”) vale o carisma pessoal arregimentado por uma boa estrutura partidária e de logística. Vitoriosa a eleição, passa-se a uma segunda e perigosa fase: uma gestão de resultados!

Aqui começam os problemas. O historiador Sergio Buarque de Holanda (pai do Chico) assevera no seu clássico “Raízes do Brasil”, que a democracia por aqui sempre foi um mal-entendido. Aproveito-me do conceito de “mal-entendido” para extrair um de seus sentidos aproximados, como “iludido”, visto que a ilusão, em termos psicológicos, diferente da alucinação, trata-se apenas de uma deformação da realidade, mas não uma construção (inexistente) da realidade, a que se refere alucinação.

Em síntese: a ilusão apenas deforma a realidade, a alucinação constrói uma realidade que não existe. A ilusão é comum nos neuróticos, enquanto a alucinação e característica dos psicóticos. Não que eu esteja afirmando que a democracia no Brasil é uma “loucura”. Apenas devemos estar atentos a algumas ilusões de candidatos e eleitores (em alguns casos alucinações mesmo). Por exemplo, ao imaginar que podem fazer tudo que prometeram fazer (os candidatos) ou acreditar que vai acontecer tudo que foi prometido (os leitores). Numa campanha o que prevalece é a boa-fé. O candidato acha que vai fazer mesmo tudo que fala e os eleitores idem.

No entanto, para que isso ocorra gestores (candidato eleito) e eleitores têm que vencer a dupla captação. No primeiro caso, captar sufrágios para vencer as eleições e captar recursos para as desejadas realizações. No segundo caso, captar a mensagem do candidato para votar nele e captar a ideia de cidadania solidária – pensar no bem comum e não somente no seu interesse particular ou de um “grupinho” específico. Isso é evidente quando se briga e xinga por emprego e não por empregabilidade. Mas não vou discorrer sobre o segundo caso, mas, sim, sobre o primeiro, pois é muito mais emergente em tempos de início de gestão!

Uma gestão com resultados arrasta consigo a necessidade de investimentos e recursos captados. Hoje no Brasil, tanto as políticas públicas de cunho social (educação, saúde, assistência social, geração de emprego e renda etc.), como aquelas de cunho estrutural (saneamento, acessibilidade pessoal, mobilidade urbana, comunicação etc.) têm programas bem definidos de alocação de recursos. Captá-los é um grande desafio. E digo isso baseado numa frase emblemática dita pelo ex-presidente Lula em entrevista coletiva dada no aeroporto de São Luís, há uns cinco anos, por ocasião das enchentes que assolaram o vale do Mearim.

Questionado sobre a garantia de recursos para recuperar as cidades alagadas e outras necessidades prementes do Estado que sempre as teve ao longo de sua social pobre (e porque não dizer miserável) história, disse o presidente: “Dinheiro tem, o que não tem é projeto bem feito” (sic). O presidente, à época, já nos chamava a atenção para a necessidade de aparelhamento, junto as nossas prefeituras de uma estrutura capaz de garantir o desenho de bons projetos para captação de recursos, sob pena de apenas olharmos essas verbas serem drenadas para prefeituras melhor aparelhadas do sul do país, em geral precisando menos que as nossas do norte-nordeste.

A título de exemplo cito apenas o caso da saúde. Atualmente o Ministério da Saúde tem priorizado as denominadas “Redes de Atenção”,

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