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O Mercador de Veneza

Por:   •  7/5/2019  •  Resenha  •  2.415 Palavras (10 Páginas)  •  305 Visualizações

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                                                     [pic 1]

Universidade de Lisboa/Faculdade de Letras

Curso: História

Data: 1 de junho de 2018

“O Mercador de Veneza”

[pic 2]Personagens principais do filme, retirado de:

https://jornalggn.com.br/video/o-mercador-de-veneza

Marco Lourenço

Nº 49217

Trabalho realizado no âmbito da cadeira História e Cultura Moderna, orientada pelo professor doutor: Miguel Monteiro

        Contexto Histórico do filme

        Tomando por base o filme O Mercador de Veneza, de Michael Radford, inspirado na obra de William Shakespeare, realçarei o contexto histórico do período em que se passa o filme, sendo ele no século XVI em Itália, mais propriamente na cidade de Veneza, abordarei temas como a sociedade a economia (sendo que esta é assente no comércio) viventes neste tempo, que é contemporâneo do mercantilismo e do renascimento. Abordarei também a história desta cidade, as suas riquezas, as influências que esta teve para a Europa e os seus víveres, e na parte final falarei sobre a primeira parte do filme vista em aula abordando a sua história.

        No seu início Veneza era uma comunidade de pescadores que se uniram, sob a soberania de um doge, este que tinha poderes limitados e se não cumprisse com o que era estipulado era destituído do cargo, tinham também um significativo poder naval, o que contribuiu para um comércio florescente e que se mantivessem independentes do resto da Península Itálica.

        Veneza foi um grande porto comercial, chegou a ser o maior no ocidente, era também uma cidade com muita gente, sendo das maiores cidades da Europa assim como Paris, Nápoles ou Florença. Era um circuito por onde passavam produtos, mercadorias, riquezas, isto fazia com que imensas culturas chegassem até esta grande cidade. Com este poder devido à quantidade de bens que provinham do comércio, Veneza chegou a ter um império ultramarino, embora pequeno, tinha algumas colónias no Oriente.  

        Génova e Veneza foram cidades que criaram um grande monopólio sobre os produtos provenientes do Oriente, mais propriamente da China e da Índia, vendendo depois a altos preços ao resto da Europa. Estas cidades também foram as que mais beneficiaram do retomar das ligações comerciais entre o Ocidente e o Oriente, através do Mar Mediterrâneo. Isto acontecia pois beneficiavam da sua Geografia, e às fortes ligações com o Oriente, através da IV Cruzada, alcançaram a hegemonia da distribuição de mercadorias comerciais, como especiarias, perfumes, seda, algodão e âmbar, por todo o continente europeu. Este negócio do comércio marítimo permitiu o ressurgir de uma moeda que se tornou bastante forte, um novo entusiasmo ao crédito, e a circulação das letras de câmbio, evidenciando a atividade bancária. No entanto esta hegemonia de Veneza foi afetada, quando os portugueses dobraram o Cabo da Boa Esperança, e chegaram à Índia nos finais do século XV. Esta cidade não era só comércio, outros ofícios se destacavam tais como artesãos, ourives, pintores, pedreiros, escultores, estes que trabalhavam manualmente eram bem vistos e respeitados.

        Apesar destas perdas devido à dobragem do cabo, as antigas instituições políticas como O Grande Conselho, O Pequeno Conselho e o Conselho de Sábios continuaram a existir até ao século XVIII, Veneza continuou a ser uma cidade atrativa para a Europa devido à vida luxuosa que se vivia.        

        Embora tenha sido uma cidade aberta e de luxos, devido à intensa circulação de produtos, a verdade é que as suas ruas apertadas, com esgotos muito precários, casas baixas e com muralhas, remontam-nos para uma cidade medieval e não moderna. Com isto o alastramento de doenças e de odores desagradáveis tornava-se propício.

        Como já foi referido Veneza era uma cidade aberta a novas culturas, no entanto havia uma comunidade que não gozava da mentalidade aberta desta cidade. Os judeus não tinham a liberdade, que por um exemplo um cristão tinha, eram obrigados a viver isolados num gueto, que era sitiado por grandes portões e rodeado de muralhas, onde os cristãos não podiam ir, no entanto no filme observamos que por um suborno aos vigias do gueto era possível entrar, e ao que parece os cristãos quando lá entravam usariam máscaras. No princípio do filme, observamos esta opressão para com os judeus, quando é referido “Intolorance of the Jews was a fact of 16th Century life even in Venice, the most powerful and liberal city state in Europe”. Este isolamento dos judeus nos guetos era um bloqueio para não participarem na vida económica, e restringir a vida social.

        O funcionamento do gueto era o seguinte: com o pôr-do-sol os portões fechavam-se, com a obrigatoriedade de todos os judeus estarem dentro de muralhas e impedidos de livre circulação. Isto para a noite, ao longo do dia eram caraterizados por usarem uma boina vermelha como sinal da sua exclusão, tema este que está presente no filme. De salientar que o gueto situava-se numa ilha, e tinha vigilantes cristãos que andavam de sentinela em barcos pelos canais. Esta localização do gueto ajudava no seu isolamento.

        No entanto apesar de viver no gueto ser uma humilhação devido à finalidade da sua idealização e viverem num meio lotado de gente, a verdade é que dentro de muralhas havia imensa vida ativa, quer em termos sociais como culturais. Foram os judeus que muito contribuíram para a música da Renascença, por isso faziam-se concertos e peças de teatro no gueto.

        Em termos de vida social esta Veneza com toda a sua luxúria, com grandes banquetes, cheios de comida e bebida juntamente com a presença de prostitutas, que estão bem presentes no filme, mostra como estes grandes mercadores gostavam de exibir a sua riqueza. No entanto, também tinha moradores algo duvidosos, tais como as prostitutas, bem presentes no filme junto aos mercadores (como já referido), e os judeus que não deviam falar com cristãos publicamente, pois como se vê no filme, António cospe na cara de Shylock, depois de este lhe dirigir a palavra em público, mostra a repugnância que os cristãos tinham para com os judeus.         

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