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O Modernismo E A Questão Nacional

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Por:   •  27/11/2014  •  1.573 Palavras (7 Páginas)  •  910 Visualizações

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O modernismo e a questão nacional

Ocupando um papel central na escrita histórica, a temporalidade inscreve-se dessa forma no movimento modernista brasileiro num quadro conceitual. Expressando os diferentes modos de manifestação social, atuando em diferentes temporalidades e especialidades, conversando com grupos irrestritos, de tradições e referências culturais, o modernismo traduz vivamente a temporalidade. Estabeleceu-se a partir de uma articulação entre antigo e moderno, numa dinâmica complexa, impondo-se uma reavaliação dos costumes, do rompimento, que marcava o campo da pesquisa histórica.

Marcar o modernismo é conceber a ação organizada por uma vanguarda intelectual determinada, ao apresentar diferente a sua historicidade à dinâmica desse processo. A interferência de uma determinada vanguarda social que, admoestando o rompimento da ordem, não conseguira subitamente construir novas formas de pensamento e de atuação, ilustrando de modo criador e sincrônico, a nacionalidade. Esse entendimento do movimento há bastante tempo, ocasionou um significado abreviativo que restringia a um referencial espaço-temporal: São Paulo capital, na década de 1920. Isto partindo de uma análise histórica, nos termos de uma cultura modernista, que começaria a despontar na virada do século XIX para o XX.

O inicio do século XX, foi marcado no contexto internacional pelo desenvolvimento tecnológico cientifico, pela transição do modo de vida e do vínculo construtivo. Ditado pelo crescimento da ciência positivista, essa nova esfera de progresso ecoa sobre os diversos âmbitos da atividade humana, impactando a literatura, a política e a cultura. A aceleração da urbanização e a indústria fabril foram motivadores, por atraírem os primeiros conceitos da modernidade. O novo século seria o marco de uma nova era para humanidade, relacionando o moderno ao sentido de progresso e uma aparente ruptura com o ultrapassado estagnado, quase sempre correlacionado com decadência e desprezo. O novo, moderno tempo destinado pela dinâmica das relações construtivas, consolidada pela eletricidade ocasionava um novo tempo para os homens. No entanto, a avaliação conceitual de modernidade deparou com barreiras ao penetrar em outros campos da sociedade humana e romper com um passado cultural e histórico de toda uma sociedade não foi fácil! Temos a cultura como um bom exemplo.

O Brasil, na primeira metade do século XX, procurou sorver essa atmosfera de modernidade criada pelos pensamentos das vanguardas européias. O conceito de uma nação como uma unidade nacional, do ponto de vista cultural, político econômico do continente europeu, encontrava uma aceitação no ilusório dos intelectuais brasileiros, que viam um alicerce que elevaria o Brasil a uma “nação moderna”.

A compreensão de modernismo brasileiro na nossa historiografia ficou associada ao movimento da semana de arte moderna de 1922, em São Paulo, tendo nomes como; Tarsila do Amaral, Mario de Andrade, Oswaldo de Andrade, Portinari, entre outros. Neste âmbito, o texto da autora Monica Veloso, vem de intercurso a esta orientação tradicional de nossa historiografia, assinalando esta insurgência de movimentos modernistas brasileiros, sucedido em outras regiões do País. Assim foi com a escola modernista de 1870, em Recife e o movimento boêmio dos intelectuais cariocas, nas duas primeiras décadas do século XX. Podemos afirmar que as idéias de modernidade no Brasil foram construídas no final do século XIX e inicio do século XX. Sendo assim, o modernismo brasileiro tem que ser compreendido como conflitante com as devidas diferenciações entre os movimentos e as épocas citadas.

A escola modernista de Recife, de 1870, sob o comando de Tobias Barreto e tendo nomes como, Silvio Romero, Graça Aranha, Capistrano de Abreu e Euclides da Cunha, lançou as primeiras concepções do movimento para o Brasil. Provindos da faculdade de direito do Recife, intelectuais que pensavam num projeto que levaria a sociedade brasileira, arraigada em visíveis problemas históricos com a grande diversidade do povo brasileiro. Brancos, negros, índios e mestiços atrapalhavam a compreensão de uma identidade nacional, indispensável para o progresso de uma sociedade moderna e civilizada. O Brasil necessitava romper com seu passado histórico, fundado numa sociedade miscigenada e de produção agrícola, para assim ter sua inclusão no mundo moderno. A matéria – prima que deveria ser trabalhada pelo saber cientifico era a nacionalidade. Ser moderno envolvia o significado de ser brasileiro, reconhecer-se como nação, admitir seu passado, sua brasilidade, distante de uma historia européia de domínio português. Os vários estudos sobre as diversas etnias eram marcados por esse período em que buscavam uma identidade nacional. O conceito destes primeiros intelectuais do modernismo brasileiro estava carregado das cartilhas evolucionistas, do darwinismo social. Imperava uma visão de estágios de desenvolvimento, entendido como missão para os intelectuais. Eles é que deveriam comandar o processo de desenvolvimento e nacionalidade. Só poderia ocorrer mediante o reconhecimento da pluralidade e do recenseamento da nossa cultura.

Pela sua característica histórica, o Brasil era visto como atrasado e inferior as nações européias e o seu progresso como civilização, excluiria aquilo que se coloca como obstáculo para o progresso e inclusão do país da era moderna. A miscigenação era vista como um fato que tornou a sociedade brasileira sem identidade, tendo indivíduos de vários modos de vida e diferentes culturalmente, vistos como perigosos, eles poderiam causar desequilíbrio na ordem social dos grupos étnicos impedindo o progresso e desenvolvimento. A proposta feita pelo movimento foi à teoria do branqueamento. Sugerida por intelectuais, a solução seria de “supremacia racial”, onde a “raça” branca, em cruzamento com as demais raças se destacaria e eternizaria o fim das demais “raças”, vários pintores da época retrataram em quadros a imagem de filhos de negros mestiços como brancos. O incentivo ao casamento inter-racial como projeto de modernidade, tinha o propósito também de diluir a cultura mestiça por uma cultura “erudita” sobrevindo das vanguardas européias, seria o inicio de um processo de europeização com a imigração de italianos, espanhóis e alemães para a plantação de café no sul do

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