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RESENHA – GEOGRAFIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Por:   •  25/10/2018  •  Resenha  •  799 Palavras (4 Páginas)  •  304 Visualizações

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RESENHA – GEOGRAFIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Alunos: ALINI FARIAS e EDUARDO S. LONGO.        
Disciplina: Geografia dos Movimentos Sociais – 2018/2        

Resenha de Filme        
MURAT, Lúcia. Brava gente brasileira. 2000.        

        “Brava gente brasileira” é um longa metragem brasileiro, do ano 2000, se passa no Pantanal do atual Mato Grosso do Sul e traz um retrato cruel e violento do Brasil colonial. A narrativa aborda a relação conflituosa entre os colonizadores portugueses e os povos Indígenas, representados no filme pelos povos Guaicuru. Apesar de carregar uma crítica à cultura eurocêntrica enraizada nos processos de exploração do Brasil nesse período, a narrativa é contada sob a perspectiva da exploração branca (portugueses e colonizadores brasileiros).

                    O filme todo aborda as dificuldades nas relações entre brancos e indígenas, tanto linguísticas como culturais, mas também em relação a conflito de interesses. A estória conta a passagem do colonizador português Diogo, contratado para fazer um mapeamento geográfico e cultural da região e de seus ajudantes pela região atlântica, já no começo do filme, um contato dos brancos com uma comunidade indígena culmina em cenas de estupro e muitos e assassinatos contra os indígenas locais. O tempo todo a narrativa visa romper com estereótipos indígenas, trazendo hábitos daquele povo ali retratado não narrados na literatura romantizada, como as pinturas irregulares, a tradição de homens se vestirem e realizarem papéis femininos, a cultura de sequestrar crianças brancas para escravizá-las (mais numa situação de hierarquização de vassalagem do que de açoite), ou a cultura do infanticídio retratada ao final do filme – a justificativa seria de que, por se tratar de um povo guerreiro, ter mais de um filho atrapalharia na fuga, por isso as mulheres tinham hábito de aborto ou infanticídio após o nascimento.

                    A desumanização do indígena por parte do branco percorre toda a narrativa, a língua falada pelos indígenas é considerada grunhidos, o personagem “capitão Pedro” diz para um menino fenotipicamente branco, mas de hábitos indígenas, “vou te ensinar a falar, é muito mais bonito que esse ronco de porco”. O fato de o menino ter genótipo e fenótipo branco parece ser suficiente para ser considerado branco e por isso entendido como digno de civilização pelo capitão Pedro.

                    O explorador Diogo tem um papel central no filme que serve, num segundo momento do filme, para contrapor a violência de seus colegas. Ao apaixonar-se por uma espécie de princesa Guaicuru (com quem passa a ter uma relação conjugal após capturá-la), ele enquadra o indígena enquanto “natureza” e “pureza”, mas demonstra o caráter eurocêntrico que carrega com esse olhar, quando sua companheira engravida, ele afirma “será uma mistura da minha capacidade e da sua pureza”, se coloca enquanto o elemento inteligente da narrativa, e ela, enquanto elemento unicamente selvagem, por mais que tente romantizar a natureza que enxerga nela, ao invés de um ser humano, munido com as mesmas possibilidades de sentimento, capacidade e força.

                    Ao fim do filme, um ataque violento e vingativo por parte dos Guaicurus mostra um terceiro ponto da narrativa, que vai além da violência protagonizada pelos brancos num primeiro momento, e da romantização equivocada e arrogante por parte de Diogo, mas traz uma perspectiva onde o indígena toma agência de sua história e se mostra vingativo, organizado e capaz de defender-se com os mecanismos a que dispõem.

                    Também são explorados outros assuntos, como a ganância por explorar minérios, e a fragilidade da masculinidade quando, no momento do estupro das indígenas no começo do filme, Diogo comete o ato “pressionado” pelo capitão Pedro, como se deixasse de ser homem por recusar praticar uma violência sexual. O filme também traz, na figura de um padre, o elemento da igreja nesse contexto, que segue ao lado dos brancos na situação de opressão e catolicização. A questão racial e identitária também é muito explorada, tanto com personagens brancos, mas com hábitos e “espírito” indígena, quanto de personagens fenotipicamente indígenas, mas que agem ao lado do branco opressor. O personagem do capitão Pedro também traz um elemento importante para a narrativa, a do mestiço com obsessão pelo embranquecimento.

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