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SEFARADIM E ASHKENAZIM

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Por:   •  24/4/2013  •  3.266 Palavras (14 Páginas)  •  347 Visualizações

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Quem são os Sefaradim e Ashkenazim (mudei pois a tripa estava muito longa)

Vou me meter e criar um pouco de confusão.

A definição histórica verdadeira de quem é sefaradi e quem é ashkenazi pouco importa no contexto político ou social atual. As duas definições são de momentos históricos muito diferentes e de pontos habitados pela comunidade judaica praticamente sem contato entre eles. Não tenha dúvida de que para um judeu do Pale do século 18 um judeu do Marrocos não era judeu, deveria ser um tipo de beduíno. De qualquer forma eles não tinham contato. Há fotos de judeus habitantes de Jerusalém de meados do século 19 e se vestem como todo os outros otomanos da região. Não eram árabes neste ponto...

Aliás, árabe não é etnia. Árabe é grupo linguístico. Vá alguém dizer para um árabe da Argélia que ele tem uma identidade comum ancestral com um árabe do Egito. Isso dá em guerra. Simplesmente não existe vínculo entre eles. Um libanês ou um sudanês ou um iemenita árabes não compartilham de origem étnica, social, antropológica, não compartilham nada a não ser a base linguística. Nem a religião é exatamente a mesma. Nem a culinária, nem as roupas.

Teoricamente não temos mais sefaradim originais. Quem pode dizer em que ponto a maior parte da Península Ibérica foi chamada de Sefarad? Na verdade, em hebraico até hoje e vem do hebraico medieval. Houve dois períodos de dominação moura (muçulmana) sobre praticamente toda a península. Mas quando chegaram lá pela primeira vez, no século 8, já havia cidades judaicas com cerca de mil anos por lá de gente que chegou antes dos romanos e antes dos gregos. Entre 611 dc e 712 dc os reis Visigodos católicos da Espanha primeiro tentaram a conversão forçadas dos judeus e no fim das contas tornaram os restantes escravos. Note que não há islã aqui ainda por que entre 624 e 628 dc Maomé aniquilou as tribos judaicas da "Arábia." Neste momento não houve expulsão de Sefarad e ninguém jamais ousou definir os judeus conversos a força neste período como marranos (convertidos na marra).

Depois da morte de Maomé, quando os muçulmanos começam a espalhar-se pela fé "submeta-se ou morra" (muçulmano significa em árabe submisso 'a deus') através dos califas se deparam com comunidades judaicas antigas no Norte da África e as deixam em paz. Portanto estes judeus norte africanos não são sefaradim, não vieram de Sefarad. Eles começam a ser perseguidos pelo Islã quando muda o sistema deles em 1147, mas "apenas" por uns 80 anos... Ao longo deste tempo todo, cerca de 500 anos evidentemente houve trocas de populações entre Norte da África e Sefarad embolando as etnias.

No estica e encolhe da dominação islâmica sobre a Europa muitos judeus voltaram com os muçulmanos nas fases de encolhe pois tinham o status de dhimi, que significava uma minoria religiosa protegida. Não tinham todos os direitos civis, não tinham direitos políticos (mas ninguém tinha...) durante vários períodos foram obrigados a usar roupas, chapéus, emblemas ou enfeites discriminatórios, mas não eram perseguidos como na Europa medieval e massacrados nas Cruzadas. Aí também se embola quem veio, por exemplo da França e da Bélgica para uma área árabe durante uma retração.

Depois na reação ao segundo império islâmico do século 15 com a Inquisição embutida, descobrimentos etc (o pau ainda estava comendo feio - muçulmanos também foram para as fogueiras). Aí houve a segunda e definitiva expulsão de 1492. Se formos a ferro e fogo, todos os expulsos, espanhóis e portugueses eram de Sefarad. Mas foram para onde? Esta expulsão não foi rápida. O fluxo básico dessa expulsão, sem estar na ordem, foi Brasil, colônias espanholas na América, França, Itália, Iugoslávia (Balcãs), Bulgaria, Romênia, Grécia e Holanda. Portanto temos sefaradim de primeira geração e segunda expulsão basicamente nestes locais. Um dos elementos básicos da identificação dos descendentes espanhóis (apenas) são as comunidades que usam o ladino e não o yidish como até hoje na Grécia.

Nessa discussão toda que estamos tendo, alguém parou para pensar que grande parte da comunidade judaica holandesa é sefaradi? Sua principal e maior sinagoga, poupada pelos nazistas é a Sinagoga Portuguesa? E que Maurício de Nassau ao vir criar a colônia holandesa em Pernambuco traz judeus portugueses cidadãos holandeses que seriam perfeitos para se entender e ir a forra com as tropas portuguesas católicas no Brasil? E que esse grupo vai para os EUA e funda Nova Amsterdã (Nova Iorque)? Portanto fundada também por judeus portugueses e espanhóis de cidadania holandesa, logo sefaradim? E houve fluxo de imigração pesada holandesa judaica e não judaica para NA e outros pontos dos EUA? Então há um monte de descendentes destes sefaradim nos EUA? Agora, vai ver se alguém nos EUA não se acha ashkenazi...

E em relação aos franceses? Também há sefaradim e não sefaradim. Entre os sefaradim descendetes da expulsão de 1492 muitos vão para a Luisiania (Terra do Rei Luis) que era uma coisa imensa do Mississipi até as Montanhas Rochosas e era território francês até a época de Napoleão (é que também não se estuda no Brasil a formação dos EUA) No sul estadunidense não faltam sinagogas e comunidades sefaradim com nomes portugueses e espanhóis originais. A principal sinagoga de Nova Orleans, que sobreviveu ao Katrina é a Sinagoga Touro (uma das mais antigas dos EUA). Que nome estranho nos EUA? Fui fundada por um rabino de sobrenome Touro, português.

E quem são os não sefaradim franceses? São ashkenazim? Não são não! Da mesma forma que sefaradim são os originados em Sefarad, os ahskenazim vem de Ahskenaz! Ah, nunca ouviu falar deste lugar? Se você estudou em escola judaica volte lá e reclame pois este textinho básico jamais circulará em escola judaica alguma. Ahskenaz em hebraico medieval da Europa central era como se chamava a Alemanha... Oh... Então os ashkenazim deveriam ser descendentes de Alemães apenas... Sim. Lembre-se que os judeus estavam nos Estados Germânicos desde o Império Romano. Há sepulturas com mais de 1.000 anos em cemitérios judaicos alemães. É que a propaganda nazista foi tão eficiente em dizer que os judeus vieram de fora que até mesmo os judeus esquecem estes séculos de habitação germânica mesmo com todas as perseguições religiosas e massacres. Era uma comunidade antiga e muito relevante. O yidish vem de Ashkenaz.

Assim sendo, essa divisão do mundo judaico em Sefaradim versus Ashkenazim e eventualmente Mizrahim (Eretz Mizrahim - Egito para os árabes do Egito para a direita do mapa)

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