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A poesia de Drummond

Relatório de pesquisa: A poesia de Drummond. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  3/12/2014  •  Relatório de pesquisa  •  1.005 Palavras (5 Páginas)  •  207 Visualizações

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Comentários críticos

A poesia de Drummond pode ser abordada a partir da dialética “eu x mundo”:

1. Eu maior que o mundo – marcada pela poesia irônica. O poeta vê os conflitos de uma posição de eqüidistância e não-envolvimento: daí o humor, os poemas-piada e a ironia. O poeta fotografa a província, a família. É sarcástico, de uma irreverência incontida, mas de um sentimento contido, o que vem a produzir um texto objetivo, seco, versos curtos e descarnados, sem transbordamento emocional. É o que ocorre em Alguma Poesia e Brejo das Almas.

2. Eu menor que o mundo – marcada pela poesia social, tomando como temas a política, a guerra e o sofrimento do homem. Desabrocha o sentimento do mundo, marcado pela solidão, pela impotência do homem, diante de um mundo frio e mecânico, que o reduz a objeto. É o que ocorre em Sentimento do Mundo, José e especialmente em A Rosa do Povo.

Os poemas Mãos Dadas, Os Ombros Suportam o Mundo e Confidência do Itabirano também incluem-se nessa fase.

3. Eu igual ao mundo – abrange a poesia metafísica, de Claro Enigma onde a escavação do real, mediante um processo de interrogações e negações, conduz ao vazio que espreita o homem e ao desencanto, e a “poesia objetual”, de Lição de Coisas, onde a palavra se faz coisa, objeto,, e é pesquisada, trabalhada, desintegrada e refundida no espaço da página.

II. A Obra

• Como se sabe, Alguma Poesia (1930), o primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade, marca o início da segunda fase do Modernismo brasileiro, continuando as experiências da geração anterior, sobretudo de Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira.

• Os aspectos mais evidentes da herança modernista em Alguma Poesia são o versilibrismo, a orali-dade, o prosaísmo, a supressão da pontuação convencional, a paródia, o humor, a linguagem telegráfica, a justaposição de frases nominais, a visão prismática do cotidiano: a cidade grande, a província, a fazenda.

• Todos esses procedimentos estilísticos e essas matérias acham-se sistematizados pelos primeiros modernistas, mas constituem também o modo de ser do livro inaugural de Drummond, cuja formação foi visceralmente marcada pela experiência da vanguarda dos anos 20.

• De fato, as propriedades apresentadas acima aparecem tanto em Drummond quanto em qualquer modernista da primeira fase.

• Mas o que, especificamente, diferencia Alguma Poesia da poética de 22? Qual é a particularidade desse livro? O que o torna um livro singular?

• Sua particularidade decorre, sobretudo, de dois traços, ambos suficientes para lhe atribuir personalidade literária, autonomia artística e independência de concepção:

1. repetição exaustiva de vocábulos, associada à visualidade expressiva do poema;

2. recusa da abstração apriorística e valorização da experiência particular e concreta.

1. Repetição e visualidade

• Drummond foi o primeiro poeta brasileiro a sistematizar o uso da tautologia ostensiva: empregou como nenhum outro as reiterações, de modo a produzir o efeito de desrazão ou absurdo, como é o caso dos célebres poemas "No Meio do Caminho", "Quadrilha", "Política Literária", "Sinal de Apito" e "Cidadezinha Qualquer".

• Além da redundância, Drummond aplica a esses poemas o que se poderia chamar de disposição gráfica expressiva, notada sobretudo nos dois primeiros desta série.

• Embora a redundância e a disposição gráfica expressiva, de origem cubo-futurista, surjam aqui e ali nos primeiros modernistas, nenhum deles adotou esses procedimentos de maneira tão

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